Poplawski e o ‘Berço escuro do Tempo’

“No Cosmos…não apenas o futuro está indeterminado…como também o passado.              Ao mergulhamos no tempo, em busca de nossa origem – observações selecionam          uma – entre as muitas histórias quânticas possíveis para o Universoque parece              emergir, fundamentalmente, como um lugar interativo ao extremo”. (J. Wheeler)

circles-early-universe-background-radiation-penroseDas inúmeras expressões que a linguagem científica “toma emprestado” do coloquial, talvez…buraco negro… seja das mais felizes…pois, reproduz na mais absoluta precisão seu ‘obscuro’ significado físico: “objeto astronômico, tão denso e massivo,     que a sua atração gravitacional exercida… ‘engole’ tudo em volta … até mesmo a luz”.

Uma teoria recentemente ressuscitada assim como aprimorada propõe que esses “sorvedouros cósmicos” podem parar de se contrair, para então, brutalmente expandir, dando origem a outros universoscomo o nosso. — Se os modelos e equações do físico teórico polonês Nikodem Poplawski estiverem certos…sua explicação contribuiria para desvendar um dos maiores mistérios da física: Por que o tempo só corre para frente?

POLÊMICA

Não é de hoje que buracos negros suscitam polêmica. A ideia de uma imensa mancha negra no Universo começou a ser discutida ainda no século 18, mas o termo foi aplicado, pela 1ª vezdois séculos depois. O criador da expressão é o astrofísico John Wheeler, que no entanto, não assume a autoria completamente. Wheeler explicava que o termo ‘buraco negro’ teria surgido durante uma aula no final da década de 60quando algum estudante soltou essa expressão — enquanto ele falava sobreestrelas em colapso“.

O conceito tem sido debatido por teóricos célebres, como Stephen Hawking, que aliás, pouco depois do termo ter sido criado, descobriu que os BNs podem emitir radiação…ou seja, não são totalmente negrosA relação entre buracos negros e a origem da vida (e do Universo) também começou a ser especulada pela ciência há algumas décadas O  físico Raj Pathria, por exemplo, criou um modelo considerando o universo um ‘buraco negro’. O conceito foi aprimorado por cientistas que vieram depois…como John Richard Gott, que, em 1998, publicou uma teoria que relacionava a origem dos BNs à dos…”Universos”.

nikodem-poplawskiDENTRO DO BURACO

Recentemente, um jovem cientista sacudiu    a comunidade internacional de cosmólogos. Em 2 estudos publicados neste ano, o físico polonês Nikodem Poplawski afirma que um enorme ‘buraco negro’ ao parar de se contrair para se expandir violentamente, teria dado origem a este Universo — o qual, por sua vez, se encontra dentro dele. E esta concepção de formação do espaço, explicaria por que o tempo corre apenas numa direção.

Filho de artistas nascido em Torunmesma cidade natal do astrofísico e matemático do século 15…Nicolau Copérnico (autor da “teoria heliocentrista”) Poplawski começou a se interessar por ciências exatas quando ainda criança. – Seus trabalhos foram publicados na “Physics Letters B“ – uma das mais importantes revistas internacionais sobre “física de partículas”…e, em novembro de 2010, no ARXIV da Cornell University. Lá, seu artigo já rendia cerca de 200 extensos comentários, textos e indicações de leitura de cientistas, que interagindo entre sicriavam novas perguntas — todas com bastante relevância científica.

A ideia proposta por Poplawski nessas 2 publicações de certa forma… confronta a teoria do “Big Bang: teoria que explica a origem do Universo…a partir da expansão de enorme concentração de massa e energia, há cerca de 13,8 bilhões de anos (considerando que esta apenas se refere à evolução cósmica, a teoria de Poplawski a complementa em sua origem).

OUTROS CRÍTICOS

Para os críticos da ideia do ‘Big Bang’ como origem de tudo, a simples identificação de     um momento como o começo do Universo é uma proposta irracional. No Brasil, um desses críticos é o físico Mário Novello, pesquisador e professor titular no “Instituto Brasileiro de Cosmologia, Relatividade e Astrofísica” do CBPF’ (‘Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas’…Rio de Janeiro), e autor do livroDo Big Bang ao Universo Eterno“.

tempocosmico

Para Novello caso existisse um… ‘começo singular’… – o Universo não admitiria uma explicação racional para toda a sua história. Afinal, trata-se de um contexto, onde… por exemplo, uma temperatura e densidade infinitas. Daí, sendo impossível quantificar  o infinito a teoria não poderia explicar o fenômeno. “Nesse caso, a ciência moderna, que teve início com Galileu Galilei e outros astrônomos teria chegado ao seu limite”.

A ‘cosmologia’, porém, está longe de chegar ao seu fim sendo, inclusive, uma ciência recém institucionalizada. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Cosmologia foi criado em 2003, sob o nariz torto da ‘Sociedade Brasileira de Física’. Vários países que ainda não tinham seus institutos, seguiram a trajetória tupiniquim, como Índia, Canadá, França,        e Rússia. – E agora, com laboratórios próprioscosmólogos do mundo inteiro tentam projetar modelos matemáticos para explicar, por exemplo, de onde veio este Universo.

GÊNESE                                                                                                                                        Se Poplawski estiver certo, e este nosso Universo tiver surgido de um                                      ‘buraco negro’, como teria se originado o ‘buraco negro primordial’?

A física diz que um buraco negro é gerado por uma estrela que se contraiu. Todas as estrelas (astros que emitem luz própria) precisam de combustível para “se manter”;          no caso do Sol, hidrogênio, que se transforma em hélio por fusão nuclear. Quando o combustível de uma estrela acaba, ela começa a se contrair, pela ação da ‘gravidade’.          Se a massa da estrela for muito grande (com campo gravitacional intenso)…não há qualquer mecanismo conhecido capaz de deter sua contração. Neste caso, o colapso culmina num buraco negro. A partir daí, desenrola-se a “teoria de Poplawski“.

Segundo ele, o buraco negro, no seu limite de contração (horizonte de eventos),              teria uma expansão rápida…e daria origem a um novo Universo. Assim, esse outro Universo estaria dentro de um buraco negro, que se expandiu violentamente, após              o fim de sua contração. – Refinando a teoria, Poplawski deduziu noutro artigo, em 23/10/2011, que a massa inicial do nosso buraco negro seria 10³² massas solares.

“Antes disso, nosso Universo era uma estrela que vivia no interior de outro Universo”.wormehole

As explicações físicas para buracos negros com “campos gravitacionais” muito intensos    são complexas. A lei da gravitação de Isaac Newton, do século 17, por exemplo, não é suficiente para esclarecer tais corpos. Entram em cena, entãoas famosas equações de Albert Einstein, propostas em 1915, sem as quais é impossível tentar descrever o que acontece com um buraco negro. (Poplawski apropriou-se amplamente destas equações)

Em outras palavras, cada Universo viveria dentro de buracos negros que, por sua vez, poderiam possuir estrelas que, altamente contraídas, dariam origem a novos buracos negros, com novos Universos dentro. Todavia há uma limitação da teoria de Einstein,      na pressuposição de um “campo gravitacional infinito”. Como assim explica o físico e divulgador científico Roberto Belisário, doutor pela Universidade Estadual de Campinas… “Afinal, não pode haver quantidades infinitas na natureza”.

Como a descrição de Einstein, portanto, não é completa, é preciso também levar em conta a mecânica quântica, que desde o início do século 20, fornece descrições mais precisas sobre…”sistemas microscópicos” na tentativa de explicar…”fenômenos macroscópicos”.

tempo.SETA DO TEMPO

A teoria de Poplawski de que o Universo estaria dentro de um “buraco negro”vai além de uma inspiração sobre a origem do próprio Universo; ela pretende também explicar uma inquietação, que incansavelmente atormenta a humanidade, servindo como tema central de ‘ficção científica’.    A ideia daseta temporal” – com sua ‘direção preferencial’ no sentido de sermos incapazes    de voltar no tempo apenas viajar pelo espaço, tem a ver, segundo o pensamento de Poplawski, com uma espécie de…”herança genética”, que o ‘universo-filho’ herdaria do ‘buraco negro-mãe’.

Universos filhos herdariam as propriedades…como o sentido do tempo, mas se manteriam em assimetria; e como o buraco negro se expande sempre numa única direção (por bilhões de anos), no Universo filho também só será possível viajar rumo a um único lugar… futuro.

SAINDO DO BURACO

A possibilidade de detectar essas propriedades … transmitidas de “mãe para filho“, daria uma prova experimental da ideia do cientista polonês. Mas, ao que parece, a proposta do autor não foi construir uma teoria testável’ – mas sim, mostrar que é    possível dar conta da assimetria do tempo e expansão do Universo… somente com          uma teoria. Para testá-la… os estudos de Poplawski precisariam ser aperfeiçoados,            de modo a incluir fenômenos novos e observáveis. — Tarefa que fica para o futuro.

Texto base: Sabine Righetti  “O Berço Escuro do Tempo” (out/2010)         ################################################

Como pesar buracos negros (jul/2008)

Certamente não dá para usar ‘balança’, mas uma nova resposta foi dada… por um grupo de pesquisadores, através de dados obtidos pelo observatório de raio X Chandra, NASA. Medindo acréscimos de temperatura do gás no centro da galáxia elíptica NGC 4649os cientistas puderam calcular a ‘massa‘… do BN supermassivo. O método, pela 1ª vez utilizado…produziu resultados consistentes  à prova rigorosa – das técnicas tradicionais.

O novo método se utiliza da influência gravitacional que o ‘superBN’ exerce sobre o gás no centro da galáxia… – À medida que o gás quente se desloca lentamente, em direção ao BN, torna-se mais comprimido, e ainda mais quente. O resultado… é um pico na temperatura, detetado pelo Chandra…  Quanto mais massivo o “buraco negro”… maior é o “pico“.

Há tempos…astrônomos têm buscado novas formas de medir com precisão os “buracos negros supermassivos”, cujas massas são milhões de vezes a do Sol…Até agora têm sido usados métodos baseados nas observações dos movimentos de estrelas…ou de gases em discos próximos a tais formações. – A NGC 4649 é uma das únicas galáxias, que teve a massa de seu buraco negro supermassivo medida por dois métodos diferentes. Segundo    a pesquisa, a ‘formação galática’ tem cerca de 3,4 bilhões de vezes a massa do Sol…e mil vezes a massa do “buraco negro central” da “Via Láctea”. # (texto base(p/consultar**********************************************************************************

p/consulta: ‘O Formato dos Buracos Negros’ (dez/2008) # ‘Universo-dentro-buraco-minhoca’ # ‘Our universe within larger universe’ (abr/2010) # Cosmology with torsion  (jul/2010) # O que havia antes do ‘Big Bang’? (mar/2011) # Em cada BN, um Universo inteiro Every-black-hole-a-new-universe (mai/2012) Interações Dinâmicas (abr/2018)  *******************************************************************************

‘Relatividade geral’ e ‘determinismo’no interior de BNs (maio/2018)                    Marc Casals, pesquisador adjunto do ‘Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas’,                comenta recente artigo…sobre se (ou não), sob certas condições, a ‘teoria da relatividade geral‘ viola o ‘determinismo’ no interior de buracos negros“.

BN-casals-headMatematicamente…buracos negros são soluções das equaçõespropostas pelo físico Albert Einstein, em sua teoria da relatividade geral de 1915. Tais objetos astrofísicos são tão densos que nada (nem mesmo a luz) pode deles escapar. Mas o que poderia acontecer dentro de um desses tais “buracos negros“?

Se ele tem carga elétrica e/ou está em rotação, então possui uma região interior onde as equações de Einstein não são determinísticas… – Isto é…se um observador pudesse entrar nessa região…não poderia explicar cientificamente a evolução de sistemas físicos que estivesse observando. A princípio, essa falha no determinismo é um problema, pois, podemos prever…na prática…o futuro de um “sistema físico”, apenas supondo conhecer tudo sobre o estado desse sistema, num dado instante. Buracos negros, no entanto, não existem isolados no universo…ao redor deles há, por exemplo, campos de matéria‘luz’ (campo eletromagnético)…’ondas gravitacionais’ (campo gravitacional) etc. Portanto…a questão realmente importante…é saber se na presença desses campos…’buracos negros’ continuam tendo esta região “não determinística”…dentro deles. Ou, se…ao contrário, esses campos de matéria são suficientemente fortes para “despedaçar” essa região, assegurando o…”determinismo”, mesmo no interior desses bizarros objetos astrofísicos.

penrose_schw“Censura cósmica”

O matemático britânico Roger Penrose, da Universidade de Oxford, formulou a famosa hipótese da…censura cósmica.  Segundo a ‘versão fraca’ dessa hipótese, de 1969 – as ‘equações de Einstein’ não permitem a natureza possuir…”regiões não determinísticas“, a menos que elas estejam dentro de um…”buraco negro”. Assim, nós…observadores externos a eles, não conseguiríamos observar os efeitos dessasestranhas regiões”mesmo que existissem.  Dez anos depois, Penrose formulou sua “versão forte” da ‘censura cósmica’…“regiões não determinísticas não deveriam existir em lugar algum da natureza, nem mesmo dentro de buracos negros”. – Porém, a censura cósmica…em nenhuma destas versões, até agora foi provada; continuando assim só uma hipótese ainda que consideravelmente razoável.

Um artigo publicado recentemente no “Physical Review Letters” vislumbra a possibilidade de violação da versão forte da ‘censura cósmica‘. Os autores…Vitor Cardoso, João Costa, Kyriakos Destounis, Peter Hintz e Aron Jansen estudaram o caso de um buraco negro com carga elétrica, mas sem rotação…incluindo um campo escalar externo…se ‘diluindo’ com o tempo (parte dele se afasta até o infinito, e outra parte penetra o buraco negro); que serve de modelo para campos mais realistas… — como os “eletromagnético”…ou “gravitacional”.  A parte que entra no buraco negro sofre um “blueshift(cresce sua frequência e energia) até chegar ao horizonte de Cauchy (fronteira da região não determinística). Até o instante da entrada, o campo é enfraquecido pela diluição sofrida fora do buraco negro. Mas, por conta do blueshift, ele passa a crescer – do momento que penetra o ‘buraco negro’até chegar ao horizonte de Cauchy. É possível que nessa hora, o campo seja forte o bastante, para ‘despedaçar’ essa fronteira — e… por conseguinte – toda “região não determinística”.

Se isso acontecer, a versão forte de censura cósmica seria mantida; ou seja, não haveria região não determinística em região alguma do Universo… Todavia, se o campo não for suficientemente forte para despedaçar tal horizonte…a versão forte da censura cósmica seria violada. – Trata-se portanto, de uma “luta” entre a diluição – que o campo sofre fora do “buraco negro” e o “blueshift“, pelo qual o campo passa dentro do seu interior.  No caso de um buraco negro…num universo com constante cosmológica nula, é sabido    que o campo no horizonte de Cauchy é forte o bastante, para impedir a continuação do espaçotempo como solução das equações de Einstein, e portanto, a censura cósmica se manteria. Mas ao considerar uma expansão cósmica acelerada (constante cosmológica positiva)…não se sabe se o campo seria suficientemente forte no ‘horizonte de Cauchy‘.

O artigo já mencionado, estuda esse caso concreto…um ‘buraco negro’ com ‘carga elétrica’, sem rotação com ‘campo escalar’,  num universo com…”constante cosmológica”…positiva. Nele, é mostrado numericamente, que há valores da carga elétrica e constante cosmológica, para os quais o… campo escalar… no  horizonte Cauchy não impede  a continuação do espaçotempo, então, aí representado — como uma “solução relativística”.

Isso significa que dentro desse tipo de buraco negro, as equações de Einstein permitem ao campo evoluir de uma forma não única – levando assim…a uma falha do determinismo na relatividade geral… e à existência de uma região não determinística. Contudo, é necessário considerar esses resultadoscom ressalvas… – Primeiramente… eles consideram buracos negros sem rotação, enquanto aqueles ‘normais’ têm rotação (e carga elétrica desprezível). Além disso…como já visto, os campos mais realistas são o eletromagnético…e sobretudo o gravitacional, em vez do escalar. E por fim, tais resultados só consideram ‘efeitos lineares’ como aproximação, para “resultados não lineares” das equações de Einstein. (texto base***********************************************************************************

‘Desentranhando’ informações num buraco negro (março/2019)                              “Na física quântica… informações não podem ser perdidas… mas podem                               ser ocultas – emaranhadas entre indissociáveis partículas subatômicas”.

black holeBuracos negros são monstros gravitacionais … espremendo gás e poeira cósmica. A física moderna — determina, nesse casoque essas informações se percam para sempre. Mas, um ‘novo experimento’ usa a ‘mecânica quântica’ p/ obter ideias…sobre – como seria o interior de um buraco negro.

Kevin Landsman, estudante de física do “Joint Quantum Institute”…da Universidade de Maryland/EUA e os físicos Beni Yoshida, “Perimeter Institute”…Canadá, e Norman Yao, da “Universidade da Califórnia”Berkeley — propuseram uma maneira de se distinguir informações quânticas emaranhadas – de um barulho caótico – mostrando que podiam medir quando e com que rapidez…informações se emaranhavam, dentro de um modelo simplificado de um buraco negro, fornecendo assim a possibilidade de uma… “espiada”, nessas impenetráveis entidades. Esse novo método de analisar o ‘emaranhado quântico‘ nos diria então, como o Universo ainda pode se manter no…”controle” – apesar da falta      de informação dessas partículas, que aparentemente, desaparecem nos ‘buracos negros‘.   

Buracos negros, no caso…estelares, são objetos infinitamente densos, formados a partir      do colapso de uma estrela gigante, que se tornou “supernova”. Por causa de sua atração gravitacional intensao material circundante que desaparece atrás do que é conhecido como horizonte de eventos…se torna um ponto sem retorno, pois nada, incluindo a luz,    de lá pode escapar. Isso então…justifica a grande importância da pesquisa em “estados quânticos” de buracos negros. – E nesse sentido, na década de 1970, Stephen Hawking conseguiu mostrar…segundo leis da mecânica quântica…que os buracos negros podem encolher ao longo do tempo… – quando pares de partículas virtuais, espontaneamente, surgem à beira de seu horizonte de eventos. Isso se dá… quando uma dessas partículas      cai no buraco negro, enquanto a outra fica de fora, roubando uma quantidade mínima      de energia no processo. Em escalas de tempo cosmológicas, essa energia descontada é suficiente para que o BN evapore…num processo conhecido comoradiação Hawking“.

Mas, há um dilema escondido no interior infinitamente denso do… “buraco negro”. A mecânica quântica assegura que, todas informações sobre uma partícula: massa, momento… temperatura… nunca podem ser destruídas. As regras da relatividade, afirmam também…que uma partícula ao ultrapassar o ‘horizonte de eventos’… de um BN, se une dentro dele, a um tipo de “condensado“, de onde então, nenhuma informação conseguiria ser ‘recuperada’.

As tentativas de resolver esses incompatíveis requisitos físico-teóricos, não tiveram êxito até o momento; num problema que os teóricos chamam deparadoxo da informaçãodo buraco negro Todavia, nesse novo experimento, Landsman e colegas mostraram como obter alguma resposta…usando a partícula do par virtual que sai do BN (como “radiação Hawking”). – Por estar emaranhada com a outra capturada – tendo portanto seu estado, inextricavelmente ligado ao dela, medir as propriedades de uma, pode fornecer detalhes importantes sobre a outra, recuperando assim informações importantes lançadas no BN.

As partículas dentro de um ‘buraco negro’ tiveram todas suas informações quânticas “mecanicamente embaralhadas”, ou seja, misturadas caoticamente de um modo que tornaria impossível a extração. Mas uma partícula emaranhada ao se misturar neste sistema pode potencialmente passar informações ao seu parceiro de fora. Fazer isso      para um buraco negro, na realidade, é irremediavelmente complicado. Assim, criou-          se um computador quântico para cálculosusando bits quânticos emaranhados, ou    qubits – unidade básica de informação usada na computação quântica…Eles então, montaram um modelo – com 3 núcleos atômicos emaranhados do elemento Itérbio.  Usando outro qubit externo, puderam dizer quando as 3 partículas se entrelaçaram          no sistema, e mediram esse grau de emaranhamento. – Seus cálculos mostraram           que tais partículas específicas ficam emaranhadas entre si, mais do que com outras partículas do ambiente. Embora a ideia em potencial prometa várias aplicações no            campo emergente da tecnologia quântica, seu maior retorno, seria para entender o            que se passa dentro dos paradoxais BNscomo assim explica o físico Irfan Siddiqi:

“No fundo, trata-se de um experimento de qubit…ou qutrit,                                                  mas o fato de podermos relacioná-lo à cosmologia, se dá por                                                  crermos que a dinâmica da informação quântica é a mesma”.

Partículas quânticas desvendando o interior de um Buraco Negro                    “Por ser um problema extremamente delicado, distinguir o que está de fato                      acontecendo num sistema quântico, se trata de uma conquista formidável”.

singularidade

Uma questão fundamental que costuma deixar a maioria dos físicos perplexos, é a dificuldade em saber…exatamente – o que acontece com informações básicas que descrevem o ‘estado’ de uma dada partícula — logo após ela atravessar o “horizonte de eventos” de um objeto  astronômico chamado… “buraco negro“.

Pegue um elétron, por exemplo, com carga, massa, momento, várias características que o tornam elétron – e não um quark…ou um neutrino Graças à natureza da física quântica, sempre há ‘espaço de manobra’ na forma como este elétron pode se arranjar num sistema, portanto…as informações sobre seus diferentes estados estão sempre lá. — Se esse elétron penetra em um…”buraco negro”…e lá fica amontoado num espaço incrivelmente pequeno, desconectado do Universo por um funil ridiculamente íngreme do espaçotempo – é difícil saber o que acontece à informação que o codifica em estados passado e presente…Mas, se o Universo for um todo autossuficiente, é preciso manter seu balancete energético em dia.

Mas acontece que, nosso elétron…agora virtual…está tão envolvido com todos os outros quarks, múons e elétrons, que fica difícil dizer quem é quem nessa “salada mista”. – E a grande dúvida é saber se essas “informações iniciais” acabam se perdendo em um ruído aleatório…ou, são simplesmente reorganizadas, dentro do “buraco negro”… Nesse caso, para nossa satisfação inicial, há um nada convencional fio de esperança… Na década de 1970, o jovem Stephen Hawking sugeriu que deveria haver um ruído quântico na borda      do buraco negro, devido à separação ao nascer de algumas “partículas virtuais” gêmeas, com uma caindo dentro do…’buraco negro’ — e a outra escapando… — para a realidade.

Ninguém, pelo menos até hoje, de fato conseguiu registrar essa radiação Hawking. Mas existe a possibilidade de que essa deteção, de uma forma indiretaainda possa ocorrer.  Isso se justificaria pela brecha que as informações reflexivamente codificadas por essas partículas, ditas “emaranhadas” podem fornecer. Assim, dadas suficientes informações emaranhadas de partículas em fuga, o universo teria de volta seu balancete equilibrado.  Mesmo para um buraco negro do tamanho do nosso Sol…o universo seria um lugar frio      e vazio, muito antes que as informações suficientes para descrever seu interior…fossem naturalmente divulgadas, tornando então, sua realidade, na melhor das hipóteses, uma possibilidade duvidosa. Esse período, no entanto, pode ser reduzido significativamente    se as informações que entram no buraco negro‘, se misturarem com rapidez suficiente.

“Poder-se-ia recuperar as informações lançadas no buraco negro                                    fazendo um cálculo quântico da massa desses fótons de Hawking.                                      Isto deve ser extremamente difícil – mas, para quem acredita na                              mecânica quântica – a princípio… tudo é possível”, afirmou Yao.

entangled_black_hole.jpgCom isso em mente…Yoshida e Yao criaram um “método experimental” baseado em…funções de correlação atemporal. Tais funções comparam estados quânticos de uma partícula considerando para tanto – o tempo de algumas “específicas mudanças”.

A matemática envolvida é bem complicada…mas fornece informações sobre processos contábeisem curso, demonstrando uma maneira potencial de saber se a identidade de uma partícula é realmente indistinguível do caos, ou está simplesmente embaralhada.  Para testar a ideia, eles usaram um pequeno circuito para entrelaçar ‘estados quânticos’ constituído num punhado de partículas emaranhadas, ainda não previamente medidas.

“Observar a maneira como as informações parecem se ‘teletransportar’                                entre as partículasuma vez medidas, nos diz bastante sobre o quanto                                  de suas informações estão meramente embaralhadas – e o quanto está                                  completamente perdido…no ruído. Com nosso protocolo, se você medir                                  uma ‘fidelidade de teletransporte’ alta o suficiente poderá confirmar                                    o ‘embaralhamento’como dentro do circuito quântico”, concluiu Yao.

Nesse teste a fidelidade foi de 80%… o que implica que metade dos estados ficou emaranhada, e a outra metade colapsa … de maneira irreversível… — Com efeito,              essa uma boa prova de conceitos…que podem levar a novas ferramentas no trato              com a delicada natureza dos sistemas quânticos, além de um dia talvez nos dizer                se o Universo está ciente do que está dentro dos ‘buracos negros’…Os resultados                do estudo publicado na Nature mostram como experimentos teóricos com BNs                poderiam sondar a mecânica quântica em sua essência; também sendo úteis, no desenvolvimento da…”computação quântica”. (texto 1) (texto 2) (artigo original).  **************************************************************************

“Big Bang”…um “buraco negro” dentro de outro Universo (jun/2020)                    A ideia de que vivemos dentro de um…“BN”…não é tão absurda quanto parece.            Buracos negros podem distorcer o espaço e o tempo a ponto destes invertem              seus papéis. Ao cair num BN…a dimensão radial (que corresponde à direção da singularidade) torna-se tempo … e a dimensão temporal se converte em espaço.

Na figura acima, o “horizonte de eventos” é abordado à medida que o viajante sobe na linha do mundo no diagrama. Porém, quando o viajante desce, ele já o ultrapassou. Isso significa que o horizonte de eventos sempre estará além da borda superior do diagrama. – Dentro do horizonte de eventos, o tempo passa no sentido das linhas horizontais apontando pra singularidade serem curvas do tempo direcionadas ao futuro.

As 2 previsões bem conhecidas para os BNs são que…de dentro de um horizonte                de eventos de buraco negro: (a) não se pode escapar, pois a saída corresponde a              uma velocidade superluminal (volta no tempo), e (b) a singularidade do ‘buraco            negro’ está em uma região do ‘tipo espaço’…que existe como uma barreira, onde            qualquer coisa que a atinja, se desintegra ao longo da extensão da singularidade.          Outra previsão é que…na queda…ao atingir a infinitamente densa singularidade                central do buraco negro (em seu futuro) as leis da física deixam de fazer sentido,                  e, portanto, ninguém sabe o que poderia acontecer. Talvez a teoria da gravidade      quântica possa explicar isso, mas, por enquanto, a suposição básica está voltada                    à ideia do Big Bang como resultado do colapso da matéria de um “pré-universo”.

A singularidade do BN primordial corresponde a um único ponto no espaço, em relação ao universo anterior… Porém, devido à reversão de tempo e espaço para aquele Universo, esse ponto no espaço r = 0, se torna seu ponto inicial, no tempo t = 0. Portanto, o que era uma singularidade no espaço, agora é singularidade no tempo – tal qual no… Big Bang. Isso significa que qualquer matéria daquele universo desaparecerá…emergindo no ponto inicial t = 0, totalmente emaranhada. Sendo que, o que emerge agora, não é só a matéria que estava lá, na formação daquele “BN arcaico” – mas toda a matéria já caída nele…Isso porque o tempo na singularidade do BN é essencialmente ortogonal àquele tempo prévio.

É interessante notar que essa forma de “criação de universosé diferente      da “Interpretação dos Muitos Mundos”      da mecânica quântica… não há divisão constante de universos – com base em “observações quânticas”. Em vez disso,          é um processo que ocorre através da formação de‘buracos negros’onde    cada universo é essencialmente ‘único’, embora certas características próprias anteriores possam ser compartilhadas.

O argumento é que um processo de ‘seleção natural’ pode ocorrer com tais universos, uma vez que os únicos que podem se reproduzir são aqueles capazes de formar ‘BNs’.      É também uma potencial aplicação do ‘princípio antrópico’, pois cada universo teria distintas leis físicas (da mesma forma, apenas alguns planetas podem abrigar vida).

Pelo modelo padrão do Big Bang, o Universo, incluindo tempo, espaço e matéria, surgiu em um único ponto, há cerca de 13.8 bilhões de anos. — Segundo a “Relatividade Geral” (teoria da gravidade de Einstein), quando o tempo teve seu início, o espaço comprimido nesse ponto começou a se expandir…descarregando toda energia/matéria à medida que avançava. — Hoje, o processo de certa forma continua, e sabemos disso ao observarmos galáxias distantes, todas elas se afastando quanto mais distante a galáxia maior sua velocidade radial (‘Lei de Hubble’); de acordo com a ideia de um universo em expansão. Quanto mais espaço houver entre dois pontos – mais rápido eles podem se separar. – O exemplo conhecido disso é um conjunto de pontos em um balão…Encha o balão e todos      os pontos se separarão. Os pontos mais distantes, um do outro, se separam mais rápido.

O centro do universo onde o Big Bang aconteceu…é, para nós, não em qualquer lugar do espaço, mas em um ponto no tempo, t = 0. A analogia do balão é útil porque o centro do balão, não está em sua superfície. O espaço, portanto, é como a superfície do balão, com uma dimensão adicional, por isso são 3 dimensões espaciais, em vez de 2 O passado é como o interior do balão…Os “buracos negros”, por outro lado, têm seus centros em um ponto no espaço…r = 0 – em coordenadas centradas na ‘singularidade’ do buraco negro. 

A “assinatura métrica” do espaço-tempo na Relatividade Geral                            Uma das estranhas características da relatividade geral é sua capacidade                              de curvar tanto espaço quanto tempo … a ponto deles trocarem de papel.  

Métrica” é a propriedade que descreve uma geometria nos dizendo  no caso, como o espaço e o tempo se comportam,  e o que significam distâncias…entre dois pontos distintos. Na Relatividade Geral‘, intensas concentrações de energia e/ou matéria distorcem…o espaço e o tempo, a ponto de mudar a assinatura métrica” que o espaçotempo poderia significarà “percepção” de diferentes observadores.

No caso de um observador fora de um buraco negro, a singularidade está em um ponto no espaço. Para um hipotético observador dentro do…“horizonte de eventos”…entretanto, o significado dos elementos da métrica espaço-tempo troca de lugar. Agora, dentro do BN, a singularidade está numa dimensão temporal, em algum momento pertencente ao futuro. A teoria então, sugere que…uma vez alcançada a singularidade, o observador entra em um novo universo onde o tempo na dita singularidade é o ponto inicial desse outro Universo. 

O problema do horizonte                                                                                                  Quando olhamos as imagens do ‘universo primordial’ estudando o “Fundo                    Cósmico em Microondas” (CMB), o Universo parece ter sido homogeneizado.

O problema do horizonte é um problema com o modelo padrão da formação do Universo (Big Bang). A região sobre a qual se observa a homogeneidade do CMB é muito maior do que seria possível para uma causalidade comum, a qual é limitada pela velocidade da luz. A solução mais popular para o problema é a teoria inflacionária…pela qual o espaço se expandiu exponencialmente, carregando radiação e matéria consigo misturando tudo, tanto. Mas a inflação não resolve uma série de outros problemas, incluindo “flutuações iniciais“…”super-Planck scale“…”singularidade inicial“…ou o da “constante cosmológica“.

Como uma alternativa à “teoria inflacionária” o “problema do horizonte” poderia ser resolvido simplesmente considerando que a matéria que cai no BN tem bastante tempo para interagir com outra matéria que esteja ‘caindo conjuntamenteantes de atingir a ‘singularidade’…Embora isso ainda não esteja na contagem de tempo do novo universo, está no espaço de “quase-tempo” que existe em um horizonte de eventos intermediário.

O problema da “planura”

Um 2º problema com o modelo padrão (Big Bang)      é chamado “problema de planura”. O Universo parece tanto quanto podemos dizer…totalmente plano,  o que significa…”densidade de matéria” exatamente igual à ‘quantidade crítica’ (=1) – nem hiperbólico (<1), o que significaria “taxa crescente    de expansão”… nem esférico (> 1) o que seria como…”parar a expansão”  e entrar em “colapso”.

Para que o universo tenha exatamente a correta “densidade crítica” de matéria para ser plano, considera-se que seja formado por 3 tipos gerais de matéria/energia: 1) bariônica (interagindo com todas as forças)2) matéria escura (só interagindo com a gravidade), 3) energia escura, percebida pela “expansão acelerada” do universo – e explicada…pela “constante cosmológica” de Einstein…É de se supor que, para uma densidade total > 1o universo já teria colapsado, instantes após o “Big Bang”; e se fosse <1 a expansão cósmica teria sido tão rápida inicialmente – que as galáxias não teriam tempo nem para se formar.

Esse “problema da planura” então é resolvido – conectando o “buraco negro interno”…ao chamadoespaço de Sitter, que representa nosso universo, com uma quantidade infinita de tempo. Assim, o observador dentro do buraco negro, ao se aproximar da singularidade, emerge no espaço de Sitter, continuando aí por um tempo indeterminado. Acontece que a única solução que permite que um espaço de Sitter se conecte a um buraco negro, é plana. Dessa maneira, a “energia escura” não é propriamente uma forma de ‘energia da matéria’, mas sim, o resultado de uma “topologia espacial” (“formato”) herdada do buraco negro.

Paradoxo da informação do BN”      A possibilidade de estar dentro de um buraco negro formador, pode também explicar o…“paradoxo da informação”.

A ‘teoria clássica’ sugere que quando a informação quântica…na forma de estados de partículas quânticas, cai no buraco negro, desaparece do universo. Nesse caso no entanto, a explicação se    dá pela passagem entre os 2 universos.

No momento atualo modelo Big Bang“…mesmo incluindo apenas aqueles aspectos    que podemos demonstrar rigorosamente em experimentos e observações, é altamente problemático…Por outro lado, a hipótese de um “buraco negro formador” é uma teoria    que pode se encaixar rigorosamente dentro dos limites da teoria da “relatividade geral”      de Einstein, dispensando assim a necessidade de uma nova Física. Além de justificar a origem do ‘Big Bang’, a nova teoria também explica vários outros problemas (inclusive      princípio antrópico), mas ainda está longe de uma comprovação empírica. (texto base ******************************(texto complementar)******************************

O Universo tem um eixo central de rotação? (jul/2011)                                                      Pesquisadores estão levantando dúvidas sobre a pressuposta simetria do Universo.        Seus cálculos parecem sugerir que…no seu início…nosso Universo girava sobre um        eixo central. E que esse movimento de rotação influenciou a formação das galáxias.

Físicos e astrônomos há muito acreditam que o Universo tem uma simetria de ‘espelho’.      A imagem espelhada de uma galáxia girando no sentido horário – obviamente – teria o sentido anti-horário de rotação. Porém, se os astrônomos encontrarem, numa amostra significativa…um número maior de galáxias girando em um dado sentido (em relação a outro)…isso poderia ser considerado evidência de “quebra de simetria”. – No jargão da física contemporânea – uma “violação de paridade“…em escala cósmica. Para aferir isso, Michael Longo e equipe pesquisaram o sentido de rotação de dezenas de milhares    de fotografias de ‘galáxias espirais’, do catálogo do projetoSloan Digital Sky Survey.

E o grupo de Longo, da Universidade de Michigan, EUA, descobriu exatamente isso: um  excesso de galáxias com ‘rotação anti-horária’ … na parte do céu em direção ao pólo norte da Via Láctea, identificando uma “preferência” para as galáxias girarem em uma direção. O efeito se estende por mais de 600 milhões de anos-luz de distância … e, segundo Longo: “O excesso é pequeno, cerca de 7%, mas a chance de ser um acidente cósmico é algo como 1 em um milhão. Os resultados são muito importantes…pois parecem contradizer a noção quase universalmente aceita… – de que — para escalas suficientemente grandes,  o nosso Universo é isotrópico… — sem apresentar qualquer direção especial.

rotação-do-universoO trabalho fornece novos insights sobre a forma do “Big Bang”Um Universo simétrico e isotrópico teria começado em uma expansão esfericamente simétrica,    na forma de uma bola…Se o Universo nasceu girando, por sua vez como afirma Longo, haveria um…”eixo preferencial”… – e as galáxias teriam conservado este movimento inicial…Então, será que o nosso Universo ainda estaria girandoem um movimento de rotação universal? É o que este resultado sugere, diz Longo.

Como o telescópio do projeto Sloan está nos EUA, os dados que os pesquisadores analisaram vieram na maior parte do hemisfério norte do céu. — Um importante          teste desses resultados, portanto, é verificar se existe excesso de galáxias espirais            com sentido horário no hemisfério sul. – Pesquisa já em andamento. (texto base) ****************************************************************************

Teoria das Interações Dinâmicas (abr/2018)                                                                          O modelo dinâmico da Teoria das Interações Dinâmicas traça uma visão                                  do Universo na qual galáxias e demais sistemas tendem a se desenvolver                                em… “estruturas planas” — como se pode constatar observacionalmente.

darkmatter-grlensingUm grupo de pesquisadores está se valendo de uma ‘tática curiosa’ para o lançamento de uma nova teoria científicaque pretende explicar a mecânica do Universo, melhor que os modelos atuais. Gabriel Barceló e colegas fundaram um “instituto de pesquisa” independente…visando conduzir estudos e experimentos, para validar, ou refutar sua nova teoria À entidade caberá reunir cientistas, para uma análise rigorosa da chamada… “Teoria das Interações Dinâmicas”.

O arcabouço teórico parece descrever um quadro bastante geral dos fenômenos naturais, incluindo a ousada proposta de que o Universo, não necessariamente, se expandirá para sempre, mas permanecerá girando continuamente, num equilíbrio estável e harmonioso. Para isso… é proposta uma nova cosmologia baseada na relação entre órbita e rotação.  Essa mecânica, complementar à mecânica clássica, é específica para sistemas acelerados por rotações…Ela constitui um desenvolvimento da Teoria da Relatividade, sendo assim, consistente com as teorias de Einstein para a rotação e não contesta as leis de Newton. Mais especificamentea Teoria das Interações Dinâmicas é um modelo dinâmico para sistemas não-inerciais com simetria axial … que se baseia nos princípios da conservação    de grandezas mensuráveis… – a noção de quantidade… – da massa total e energia total.

Em termos cosmológicos, o resultado disso é um universo rotativo em equilíbrio contínuo e no qual um momento, ou um par de forças, irá gerar um movimento orbital permanente, numa trajetória fechada e plana resultado não muito distante do paradigma atual que também propõe um… Universo plano“. – Entretanto… ao conservar a rotação intrínseca inicial – o sistema produz um Universo que – em harmonia – gira continuamente, dentro de um equilíbrio dinâmico estável – e…não necessariamente, expandindo-se para sempre.

Uma vez que a aplicação do novo conceito de magnitude rotacional pode afetar as reações dinâmicas que ocorrem nos níveis de energia do elétron…e, particularmente…no conceito de spin…a teoria se dispõe a mudar a compreensão da natureza da estrutura atômica. – O instituto pretende então — analisar e testar essas hipóteses. — Se os esforços frutificarem, efundamentalmente, se a equipe conseguir financiamento para as pesquisas e testesa que se propõe, esta novateoria revolucionária“…poderá obter uma série de aplicações tecnológicas no controle do movimento…na astronáutica…controle do plasma no interior dos reatores de “fusão nuclear” … e na interpretação de fenômenos que envolvem massas de fluidos rotativos, de reatores na indústria química, e até tufões e tornados. (texto base) ************************************************************************************

Maior rotação já vista no Universo complica teoria do Big Bang (jun/2021)          Ao mapear o movimento das galáxias em enormes filamentos que conectam a “teia cósmica”, astrônomos do “Instituto Leibniz de Astrofísica”…de Potsdam – Alemanha, acreditam ter encontrado evidências que os filamentos astronômicos giram na escala          de centenas de milhões de anos-luz. – A observação é preliminar e ainda terá que ser confirmada. Contudo, se for real, esse movimento é significativo…por vários motivos.

tudo-gira-no-universo

Impressão artística dos filamentos cósmicos, gigantescas “cordas” giratórias de galáxias e matéria escura que formam e conectam os aglomerados de galáxias. [Imagem: AIP/A. Khalatyan/J. Fohlmeister]

Embora tudo no Universo pareça girar uma rotação em escalas tão grandes nunca            foi vista antes — mostrando que o momento angular pode ser gerado em escalas sem precedentes. Por outro lado, a descoberta ressalta uma deficiência do modelo“Big        Bang”… – Como é que a rotação emergiu noUniverso primordial – quando toda a      matéria em criação deveria estar se espalhando…inflando como uma ‘grande bolha’?

Filamentos cósmicos

Filamentos cósmicos são enormes pontes de galáxias, e presumivelmente matéria  escura — que conectam aglomerados de galáxias entre si afunilando em direção a grandes aglomerados situados em suas extremidades, compondo uma ‘teia cósmica‘.            Ao mapear movimentos galáticos nessas enormes ‘autoestradas cósmicas’, usando o catálogo “Sloan Digital Sky(com centenas de milhares de galáxias) – uma notável propriedade desses filamentosos foi descoberta pelos pesquisadores… – sua rotação própria; como assim destacou o astrônomo Peng Wang: “Nessas escalas, as galáxias dentro (destes filamentos) são meros grãos de poeira. Elas se movem em hélices, ou órbitas, em forma de parafuso, circulando ao redor do meio do filamento, enquanto      viajam ao longo dele”E seu colega Noam Libeskind acrescentou  “Essa rotação      nunca havia sido vista antes em escalas tão enormes… sugerindo que deve haver um mecanismo físico ainda desconhecido responsável por induzir torque nestes objetos”.

Como o Universo começou a girar?                                                                                Como o momento angular responsável pela rotação é gerado num contexto                  cosmológico…é um dos principais problemas não resolvidos da cosmologia.

No modelo padrão do “Big Bang”pequenos aumentos locais de densidade no início          do Universo poderiam ter crescido por meio da instabilidade gravitacional, à medida            que a matéria fluía das regiões de menor densidade…para esses locais emergentes de densidade maior. Este fluxo é considerado o precursor da aglomeração da matéria,      que mais tarde levaria à formação de estrelas…planetas e galáxias. Contudo, não gira,          e sequer tem ondas… — Não há rotação no Universo primordial … segundo o modelo cosmológico atual. Assim, qualquer rotação teria se formado, conforme as estruturas cósmicas eram produzidas… Só que ninguém teve ainda uma ideia de como isso teria acontecido.  Portanto, como tudo no Universo gira…nossa certeza é que a realidade é    mais ampla e complexa…do que a nossa atual compreensão do ‘Cosmos’. (texto base*******************************************************************************

O esquecido Universo retorcido de Einstein (nov/2021)                                                    Na relatividade geral, Einstein descobriu que utilizar a versão 4D da curvatura para descrever o espaço-tempo funcionava perfeitamente. Sua ideia era desenvolver uma      nova versão de sua teoria usando torção, e verificar se isso poderia explicar tanto a gravidade quanto o eletromagnetismo (governado pelas equações de Maxwell)… De    acordo com essa nova hipótese, publicada em 1928, objetos massivos e objetos com      cargas… – fazem distorcer o espaço-tempo em torno delesde formas ligeiramente diferentes — uma leva à gravidade, a outra…ao eletromagnetismo…Não foi possível, entretanto…com essa teoria…se explicar de forma convincente o eletromagnetismo.

torçãoespaçotempoHá uma espécie de inevitabilidade no fato de que, se pensarmos sobre física fundamental estaremos falando sobre Albert Einstein; com efeito, ele é uma  imponente figura na história— não somente da física fundamental mas da ciência em geral. Um ponto que os historiadores da ciência apoiam, com louvor, indicando aindacomo a sua maior conquista a “relatividade geral”.

A explicação para esse fervoroso apreço, é que, de maneira única, a “relatividade geral” é uma teoria que não precisava existir. Quando olhamos para as origens de algo como a “teoria da evolução por seleção natural” de Charles Darwin…por exemplo, sem qualquer demérito de sua magistral realização, descobrimos que, há algum tempo, outras pessoas estavam arranhando ideias similares em torno à origem e mudança das espéciescomo resposta ao crescente registro fóssil…entre outras descobertas. Mesmo a “relatividade especial” precursora da “relatividade geral” que introduziu pela 1ª vez o conceito de deformação do espaço e do tempo, respondeu a uma urgente necessidade – identificada    na década de 1860 através do advento das “leis do eletromagnetismo” de James Clerk Maxwell de explicar por que a velocidade de a luz parecia ser uma constante absoluta.

Todavia, quando Einstein apresentou a relatividade geral ao mundo, em 1915, não havia nada parecidoTínhamos uma “teoria da gravidade universal” que funcionava de modo exemplar – desenvolvida por Isaac Newton mais de 2 séculos atrás. É verdade que havia um “probleminha” na falta de explicação para algumas pequenas oscilações na órbita de Mercúrio – mas que não justificava o abandono de toda a nossa compreensão de espaço, tempo, matéria, e a relação entre eles… E hoje, praticamente tudo o que sabemos (e não sabemos) sobre o Universo em larga escala deriva da ‘relatividade geral’…a expansão do “Big Bang” (modelo padrão cosmológico), “matéria e energia escuras”, “buracos negros”, ‘ondas gravitacionais’, e por aí vai…É nesse contexto também, que precisamos agora, de uma nova ideia em cosmologia; e, por ironia do destino, talvez seja justamente Einstein quem a possa fornecer…Trata-se de um intrigante aspecto abordado em “recente artigo” do astrofísico Paul M. Sutter, equacionando a maior fraqueza da relatividade geral (pelo menos até hoje percebida)a forma como ela não se encaixa com a física explicada pela teoria quântica. – Essa incompatibilidade excitou tanto Einstein, que ele passou grande parte de seus últimos anos engajado numa busca infrutíferapara unificar toda a física.

Talvez sua tentativa mais promissora tenha vindo com uma‘reviravolta’na relatividade geral, com a qual Einstein lidou desde o início. Ao desenvolver uma linguagem matemática não apenas para como o espaço-tempo se dobra (que é a base de como a gravidade é criada dentro da relatividade), mas para como se torce, ele esperava criar uma teoria que também explicasse a…”força eletromagnética”. A princípio… até que foi bem sucedido, revelando uma descrição de como objetos massivos e carregados podemtorcer o espaço-tempo’…emarrastos relativísticosao redor deles. Porém…não criou uma descrição convincente do “eletromagnetismo”e, Einstein então silenciosamente abandonou sua própria teoria.

A parte realmente empolgante, como Sutter descreve, é que esse arrasto de referenciais, tal como uma gravidade complementar – parece estar de volta em grande estilo…Muitos cosmólogos agora pensam que poderia ser…“o recurso”…para explicar algumas das mais misteriosas características do Universo de hoje… — como a natureza da matéria escura e da energia escurae também um modo de racionalizar sobre o problemático período de uma inflação mais rápida que a luz (instante…“Big Bang”) – sempre usado para explicar características do Universo de hoje, como sua “harmoniosa”…isotropia/homogeneidade.    E o melhor disso tudo – é que…em breve…poderia haver uma maneira de testar a teoria.

via-látea-árvore-e-silhueta-do-homemUm universo bem ajustado?

Um artigo que chamou a atenção recentemente no servidor de pré-impressão arXiv de física onde são colocadas as pesquisas mais atuais‘…tem o título convidativo Vida, Universoe o significado oculto de tudo”…Zhi-Wei Wang, Faculdade de Física da Chinae Samuel Braunstein, “York”UK.

O assunto do artigo é uma questão que tem incomodado muitos físicos e cosmólogos desde que começamos a fazer medições mais detalhadas do Universo… — desenvolvendo teorias, cada vez mais convincentes para explicar o que observamos… — Por que as variadas forças no Universo — as massas das partículas fundamentais, etc parecem tão perfeitamente sintonizados para permitir a existência de observadores como nós fazendo tais perguntas?  Esse argumento tende a nos levar por um de dois caminhosO 1º diz que as coisas são tal como são porque é assim que são feitas. Essa tautologia se aproxima muito de um “design inteligente”, também conhecido como existência de Deus‘. A outra via tende a ser alguma forma de “multiverso”: nosso Universo é assim porque estamos aqui para observá-lo, mas é o subconjunto aleatório de muitos possíveis, propícios ao surgimento de vida inteligente.

Este artigo examina mais de perto uma hipótese do físico britânico Dennis Sciama, de que: sendo o nosso Universo…”aleatório” – haveria um ‘padrão estatístico’ em seus parâmetros fundamentais…que nos daria evidência disso. Neste artigo, os pesquisadores argumentam por uma lógica inversa. – Ou seja: “Se nosso universo fosse aleatório … poderia dar a falsa impressão de ter sido projetado de…’forma inteligente’ – com as constantes fundamentais parecendo estar ajustadas para uma forte probabilidade da vida surgir…e ser mantida”.

Fechando lacunas quânticas (a realidade do entrelaçamento)                                              A lacuna que foi fechada é a da liberdade de escolha que sugere que fatores humanos, como a montagem do experimento, a escolha das partículas que serão entrelaçadas e as propriedades que serão medidas, entre outros fatores…podem acabar dando destaque a algumas variáveis que mostram o entrelaçamento quântico – quando não está presente.

Existe um artigo muito interessante, chamadoverificação da realidade: fechando as lacunas quânticas”, é de 2011, mas a ideia de que trata remonta muito antes disso – e ainda assim…é bem atual. — A questão básica em pauta éa teoria quântica é uma descrição verdadeira da realidade – ou são suas diversas ‘estranhezas’, notadamente o emaranhamento de objetos quânticos a grandes distâncias – indicações de acontecimentos em um nível subjacente da realidade– não descrita até hoje pela teoria quântica (ou mesmo…qualquer outra teoria)‘?

A ideia alternativa de variáveis ​​ocultas explicando o funcionamento do mundo quântico remonta a um famoso artigo publicado por Einstein e dois colaboradores, Nathan Rosen e Boris Podolsky, em 1935. Isso levou Einstein a um longo debate sobre a natureza da teoria quântica com outro de seus pioneiros, Niels Bohr – que continuou, respeitosamente, até a morte de Einstein em 1955. – Mas…só a partir da década de 1980 que começamos a ter as condições teóricas e práticas para realmente colocar as 2 concepções – uma frente a outra.

E, mesmo após inúmeros experimentostodos mostrando que a teoria quântica e o emaranhamento são a explicação certa para o que está acontecendo (seja ela qual        for) foi encontrada uma brecha que poderia fazer a ideia de Einstein de “variáveis ocultas” retornar aos debates. – Isso então, levou a alguns feitos de impressionante      arrojo experimental para fechar essa lacuna novamente; começando com um grupo          de físicos disparando fótons individuais, entre os observatórios em Tenerife – e nas      Ilhas Canárias — e culminando com a reprodução do mesmo experimento … só que    agora com fótons de galáxias a bilhões de luz anos de distância provando quese          não todo o Universo, pelo menos boa parte dele segue regras quânticas. (texto base)

Sobre Cesar Pinheiro

Em 1968, estudando no colégio estadual Amaro Cavalcanti, RJ, participei de uma passeata "circular" no Largo do Machado - sendo por isso amigavelmente convidado a me retirar ao final do ano, reprovado em todas as matérias - a identificação não foi difícil, por ser o único manifestante com uma bota de gesso (pouco dias antes, havia quebrado o pé uma quadra de futebol do Aterro). Daí, concluí o ginásio e científico no colégio Zaccaria (Catete), época em que me interessei pelas coisas do céu, nas muitas viagens de férias ao interior de Friburgo/RJ (onde só se chegava de jeep). Muito influenciado por meu tio (astrônomo/filósofo amador) entrei em 1973 na Astronomia da UFRJ, onde fiquei até 1979, completando todo currículo, sem contudo obter sucesso no projeto de graduação. Com a corda no pescoço, sem emprego ou estágio, me vi pressionado a uma mudança radical, e o primeiro concurso que me apareceu (Receita Federal) é o caminho protocolar que venho seguindo desde então.
Esse post foi publicado em cosmologia, física e marcado , , . Guardar link permanente.

3 respostas para Poplawski e o ‘Berço escuro do Tempo’

Deixe um comentário