Organização evolutiva em “sistemas autopoiéticos”

Alguns tipos de estabilidade negam certos tipos de mudança. A ironia é que existe uma categoria de estabilidade que não só depende da mudança… como é consequência dela. Para um sistema aberto, seja social ou biológico, imerso em um ambiente de mudança,    seu único modo de sobrevivência é a própria transformação…Nesse caso, tais sistemas      se adaptam a um… ‘ambiente flutuante’ – por processos de aprendizagem e adaptação.

A contribuição mais importante à sistematização do conceito de ‘auto-organização’ veio      da biologia, quando Humberto Maturana e Francisco Varela desenvolveram uma teoria cibernética – que permite incluir o observador no sistema…onde observar o observador retrata uma cibernética de 2ª ordem — e observar “sistemas sociais”, uma de 3ª ordem.

A autopoiese nessa concepção, inclui a diferenciação entre “organização” e “estrutura”,      na contínua autoprodução dos seres vivosOrganização é definida pelo conjunto de relações entre seus componentes…Já estrutura compreende componentes e relações,        que se constituem em uma unidade particular desta organização. Nessa concepção, os “sistemas vivos podem ser considerados comoorganizações fechadasou seja, sistemas autônomos de interação que — fazem referência — tão somente a si próprios.      Assim, a ideia de sistemas biológicos abertos ao ambiente, é apenas o resultado de um esforço do observador…para dar sentido a tais sistemas, do seu ponto de vista externo.

Nessa argumentação…os sistemas vivos possuem 3 características principais… – autonomiacircularidade, e auto-referência.

“Um ser vivo ocorre e consiste na ‘dinâmica realizadora’ de uma rede de transformações e produções moleculares, tal que todas moléculas produzidas e transformadas no operar dessa rede, formam parte da rede, de modo que – com suas interações… a) geram a rede de produção/transformação que as produziu e transformou; b) dão origem à fronteiras, e extensão da rede como parte do seu próprio operar como rede, de modo a que esta fica dinamicamente fechada… sobre si mesma – em um ‘ente molecular’ discreto… que surge separado do meio molecular que o contém; c) configuram um ‘fluxo de moléculas’… que, ao se incorporar na dinâmica da rede…são componentes dela; e ao deixar de participar dessa… ‘dinâmica de rede’… – passam a fazer parte do meio” (MATURANA e VARELA).

Em um sistema autopoiético seus componentes se manifestam de modo processual. É um “sistema fechado”, porque existe uma circularidade necessária e suficiente de suas partes, para que toda e qualquer operacionalização, com vistas à manutenção do próprio sistema, se realize. Seu limite, ou bordas…diferenciam-se do meio ambiente em que está acoplado. É autopoiético porque produz e reproduz a si próprio de forma semântica, isto é…mesmo sendo um sistema ‘operacionalmente fechado’ – responde às transformações do meio em que se acopla, a partir de seus próprios componentes, a fim de permanecer como sistema.

Em oposição à concepção de “sistemas abertos” anteriormente dominante nas abordagens sistêmicas, para Maturana    e Varela, os sistemas autopoiéticos são sistemas auto-referenciados. A palavra autopoiese quer dizer ‘produção por si’,    e expressa, a busca por um termo mais adequado, que os até então circulantes, como ‘auto-organização’ ou “feedback”.

De acordo com essa abordagem… os “sistemas vivos” buscam manter sua identidade subordinando todas suas mudanças, através do envolvimento          em ‘padrões circulares’ de interação, onde a mudança…num elemento do sistema… está acoplada a mudanças    em ‘outro lugar’ – estabelecendo-se,  assimpadrões contínuosde interaçãoauto-referenciados“.

A definição de…”auto-organização“…parte da ideia de que novas estruturas podem emergir da própria dinâmica de seus elementos… em certos domínios e circunstâncias.      A auto-referência se deve ao fato de um sistema não poder realizar interações que não sejam especificadas nos padrões que definem sua organização. Nesse caso, a interação      de um sistema com seu ambiente é um ‘reflexo’…que parte de sua própria organização,    facilitando sua ‘reprodução‘. Assim, o encontro de um sistema vivo com seu ambiente,        e outros seres vivos…define um “acoplamento estrutural”…orientado pela ‘linguagem’.

Com efeito, a linguagem ocupa um papel central nas formulações de Maturana e Varela. Segundo eles o encontro de um sistema vivo com seu ambiente e com outros seres vivos      é um ‘acoplamento estrutural’, reconhecido pelo observador por certos fatos (condutas). No entanto, a partir do determinismo, a conduta é uma descrição do observador, sendo portanto uma criação do cérebro. Desse modo os autores defendem que a comunicação humana só ocorre por ‘acoplamento estrutural’…recorrente no desenvolvimento do ser, mantendo-se a individualidade dos participantes… “cada pessoa diz o que diz, e ouve o que ouve – conforme sua própria…determinação estrutural”… – Ou seja, o cérebro cria imagens da realidade – como expressões, ou descrições…de sua própria organização; e assim…interage com essas imagens – modificando-as, com base na… “experiência real”. 

teoriageraldesistemas1. Teoria geral de sistemas 

A ‘teoria geral de sistemas’ foi concebida a partir das formulações do biólogo…L. Von Bertalanffy, que… em 1940 – afirmava ser necessário – considerar os problemas que envolvem seres humanos como ‘típicos de sistemas’, para isso…levando em conta os contornos, as componentes – assim como as relações que existem, entre suas partes.

Desse modo…lançava o desafio de construir uma disciplina que tivesse como objetivos principais, investigar similaridades de conceitos, leis e modelos em campos diferentes;        e ajudar na compatibilidade entre tais campos…promovendo uma “união das ciências”.  Assim, os princípios de uma teoria geral de sistemas reproduzem ideias previamente elaboradas para entender ‘sistemas biológicos’…incluindo em seu fim, os conceitos de:

homeostase – auto-regulação para manter um estado estável; sendo obtida através de processos que relacionam e controlam a “operação sistêmica” através do mecanismo da retroalimentação (desvios de algum padrão ou norma desencadeiam ações de correção);

entropia/entropia negativa – ‘sistemas fechados’ se degradariam … com                        aumento da entropia; enquanto sistemas abertos buscam “auto-sustentação,    importando energia do ambiente – para atingir condições de…”estabilidade”; 

estrutura, função, diferenciação e integração – estando os sistemas intrinsecamente inter-relacionados… — permitem sua…”auto-sustentação”;

variedade – relacionada com a ideia de diferenciação e integração…afirma                      que mecanismos regulatórios internos precisam ser tão… — “diversificados”,              quanto a diversidade…do seu próprio ambiente – com o qual se relacionam;

equidade – em ‘sistemas abertos’ podem existir muitos modos diferentes de se chegar      a um estado final, onde a ‘estrutura do sistema’…em dado momento…é um aspecto ou    manifestação de um processo funcional mais complexo (ela não determina o processo);

evolução do sistema – capacidade que depende da habilidade de mover-se em direção    a formas mais complexas de diferenciação e integração… e maior variedade — facilitando assim a habilidade de lidar com desafios e oportunidades colocadas pelo meio (envolve processos cíclicos de… ‘variação’… ‘seleção’… e ‘retenção’ de características selecionadas). 

A concepção de ‘sistema aberto’…desenvolvida por Von Bertalanffy a partir do estudo de sistemas vivos, resolve o problema do pensamento sistêmico em sua relação com a 2ª lei termodinâmica (tendência à entropia, inerente a todo sistema fechado, ao estabelecer as trocas de matéria e energia com o meio – como forma de manter o… “estado de ordem”).  Outro aspecto dessa abordagem envolve a concepção do sistema contendo o todo dentro do todo…sistemas contêm subsistemas que, por sua vez, podem ser…sistemas abertos,    e, portanto – interagirem entre si…com o sistema ao qual pertencem…e com o ambiente. 

complexidade autopoiese2. Autopoiese

Aqui ocorre uma inovação com relação à concepção de ‘sistema aberto’…antes dominante… nas ‘abordagens sistêmicas’. – Para Maturana e Varela, os sistemas autopoiéticos (auto = por si só;  poiesis = produção) – são auto-referenciados, isto é, ‘fechados’.

A palavra autopoiese quer dizer produção por si, e expressa a busca, desses autores, por um termo que fosse mais adequado que os até então circulantes, tais como feedback, ou ‘auto-organização’…e que não incluíssem a interpretativa ‘dimensão semântica‘. Em tal abordagem…os sistemas vivos buscam manter a identidade pela subordinação de todas mudanças ao envolvimento com padrões contínuos de interação — onde cada elemento    do sistema é acoplado a mudanças externas – cuja ‘auto-referência’… se deve ao fato de um sistema só poder interagir – por relações específicas de seu ‘padrão organizacional’.

Assim, a interação de um sistema com seu ambiente é um reflexo                que parte de sua própria organização – facilitando com isso sua          própria reprodução, já que o ambiente é uma parte de si mesmo.

Desde que foi formulada na década de 1960, a teoria da autopoiese se disseminou de modo extraordinário, sendo utilizada como referência para abordar temas tão diversos…que para tanto…tem sido descrita como um sistema explicativo completo… – mais um ‘paradigma do que uma ‘teoria unificada’. – Na aplicação dessa abordagem a ‘sistemas sociais‘…por exemplo … limitando o potencial organizador do sistema … este passa a ser definido como:

“uma unidade que se realiza por intermédio de uma ‘organização fechada’                            de processos produtivos, de modo a que sua organização seja gerada pela                            ação de seus próprios componentes… decorrendo daí… – a emergência de                              uma fronteira topológica como resultado de seus processos constituintes”.

construção-social-da-pessoaNa aplicação da abordagem da ‘autopoiese’                            a “sistemas sociais” … se dá ênfase à novas            condições – que limitando sua mobilidade,            poderiam criar um…potencial organizador                genético do sistema, de modo a permitir a              produção de…processos idênticos…pela                    ação — de seus “próprios componentes”.

Uma influência marcante da abordagem autopoiética, nessa tentativa de romper            com a tradição do modelo de sistema aberto…é encontrada na obra do pensador      Niklas Luhmann, que defende uma diferenciação do sistema autopoeiético… em        relação ao seu próprio entorno levando em consideração para tanto…’processos         auto-referenciados’ — de acordo com um dado tipo de…”fechamento operacional”: 

O ‘sistema social’ (‘auto-referencial’) permite contingência, abertura e interpenetração, a partir do reconhecimento da autonomia do sujeito; no postulado de sua autoconsciência.  Para Luhmann…é importante mostrar o modo como o sistema social segue respondendo diante de um entorno de suma complexidade, seu objetivo é atingir um sistema apessoal, dentro de um paradigma da consciência‘ – conforme a uma…”instrumentação racional”.  Já os organismos vivos — manejando o sistema orgânico por ‘autopoiese’, de modo mais completo que sistemas mecânicos … podem assim diminuir com êxito sua complexidade    no entorno. – Tal procedimento consiste na auto-produção de uma específica estratégia referencial de…auto-regulagem…onde cada subsistema se constrói autopoieticamente.

Aplicando a ‘teoria de Luhmann’ à análise do subsistema econômico, onde necessidades    da vida e do sujeito permanecem restritas a mero “entorno” (fora de uma consideração sistêmica) verificamos um “código binário“, sobre o qual ele se organiza…pagar e não pagar (ter dinheiro ou não ter dinheiro)… programa que ‘auto-regula‘ as “expectativas econômicas” em geral. Este subsistema auto-referente…intercomunica-se pelo dinheiro. Essa é a “mediação universal” de comunicação … no “subsistema fechado” da economia.  Como existe escassez de mercadorias e dinheiro, surgem 2 mecanismos dependentes…o ‘mercado‘ e a ‘competição‘. O mercado, em seus diversos níveis, se auto-regula pelos preços. A competição no mercado não é um fato discursivo ou autoconsciente, mas, por    tentar evitar qualquer interação pessoal direta…se torna um “mecanismo autopoiético”.

Uma empresa se auto-organiza no mercadotanto de uma forma ordenada, quanto aleatória, pois não há certeza absoluta sobre hipóteses e possibilidades de se vender  produtos e serviçosmesmo tendo possibilidades, probabilidades e plausibilidades.          O mercado é uma mistura de ordem e desordem. – A ordem é repetição, constância, invariância, uma relação altamente provável, enquadrada sob uma lei. Desordem            é…o irregular, aleatório, imprevisível desvio da estrutura dada. As organizações          necessitam de ordem e desordem…pois em um universo onde os sistemas tendem a desintegrar-se pela crescente desordem esta pode ser uma ordem reaproveitada.

Pode-se dizer basicamente, que quanto mais uma organização é complexa…mais tolera a desordem. Isso lhe dá vitalidade, porque os indivíduos estão sempre aptos a tomar iniciativas com a finalidade de regular este ou aquele problema, sem precisar, necessariamente…ter que passar pela “hierarquia central”…Esta é uma maneira mais inteligente de responder a certos desafios do mundo exterior.

O problema histórico global é como integrar nas empresas, as liberdades e desordens que podem trazer a adaptatividade e inventividade, mas que podem também trazer a decomposição…e morte. 

A evolução do trabalho ilustra o curso da unidimensionalidade à multidimensionalidade.  Estamos apenas no início desse processo. A vontade de impor – dentro de uma empresa, uma ordem inexorável… é ineficiente… – É preciso deixar uma parte da iniciativa a cada escalão, a cada indivíduo… Entretanto, um excesso de complexidade…é desestruturante. No limite, uma organização que só tivesse liberdade, e muito pouca ordem…desintegrar-    se-ia… – a menos que houvesse como complemento dessa liberdade, uma solidariedade profunda entre seus membros…A solidariedade vivida é a única que permite o aumento    da complexidade. No final das contas, as redes informais, as resistências colaboradoras,      as autonomias…e as desordens…são ingredientes necessários à vitalidade das empresas.

3. Cibernética                                                                                                                                A regulação e controle de “sistemas abertos” é o tema fundamental da “cibernética”.

Dessa aproximação entre os campos da física e biologia — com o incremento da noção de ‘retroalimentação negativa’, segue-se o surgimento da ‘cibernética’…de onde – a partir da teoria dos “autômatos auto-reprodutores”, e de uma tentativa “metacibernética”…emerge o problema da ‘autorganização’. Quando cientistas como Von Neuman, Winograd, Cowan e Ashby buscavam princípios construtores de autômatos…cuja confiabilidade fosse maior que a de seus componentes, isso trouxe uma série de compromissos entre ‘determinismo’    e ‘indeterminismo’…como se uma certa quantidade de indeterminação fosse necessária a partir de certo nível de complexidade para o sistema se adaptar a um dado nível de ruído.

autopoiesisSegundo Edgar Morin, a ideia da auto-organização traz uma grande mudança ao…’estatuto ontológico do objeto’ – que vai além da ‘ontologia cibernética’. Mesmo com todas as dificuldades para avanços da cibernética nessa direção – dadas pelas limitações teóricas e tecnológicas da época Morin também registra a importância de suas posições de partida:

Schrödinger destaca, desde 1945, o paradoxo da “organização viva”…a qual não parece obedecer ao…”2º princípio termodinâmico”; enquanto que Von Neumann (1903-1957) inscreve o paradoxo na diferença entre ‘máquina viva’ (auto-organizadora) e ‘máquina artefato’ (organização pura), mostrando um elo entre “desorganização” e organização complexa o fenômeno  da desorganização (‘entropia’) segue seu curso no “ser vivo”      de um modo inseparável do fenômeno de sua própria ‘reorganização’ (“neguentropia”).

Ainda segundo Morin, a ideia da “auto-organização” opera grande mudança no sentido ontológico do objeto, que vai além da “ontologia cibernética”. Como ele próprio explica:  “Ao mesmo tempo em que o sistema auto-organizador se destaca do meioe se distingue dele, pela sua autonomia e individualidade – liga-se tanto mais a ele, pelo crescimento da abertura, e da troca que acompanham qualquer processo de complexidade. – Enquanto o sistema fechado tem pouca individualidade, sem trocas com o ambiente externo…o outro sistema tem sua autonomia ligada a relações de dependência com o meio…menos isolado, porém carente de matéria, energia, informação e organização. – O meio…em seu interior, desempenha papel ‘co-organizador’…Um tal sistema, portanto, não poderia bastar-se a si próprio – só podendo ser ‘totalmente lógico’ … introduzindo-se em um meio catalisador”.  

Os princípios-chave da cibernética para que o sistema possa operar de modo inteligente estão relacionados a uma teoria de comunicação e aprendizagem. Os sistemas precisam ser capazes de perceber, monitorar e decompor aspectos significativos do seu ambiente; relacionando essas informações às normas operantes, que guiam o comportamento dos sistemas; para quando encontrar desvios significativos, iniciar as correções necessárias.  Entretanto, as habilidades de aprendizagem assim definidas são limitadas – de modo a que o sistema apenas mantenha o ‘curso de ação’ – determinado por normas operantes,    ou padrões que as guiam…Tais limitações levaram ao desenvolvimento de um processo    de…”auto-aprendizagem“…onde sistemas cibernéticos complexos – como o cérebro humano…ou computadores avançados – são capazes de detetar e/ou corrigir erros nas normas operantes – e assim, influenciar os padrões que guiam suas ‘operações lógicas’.

Alguns tipos de estabilidade negam certos tipos de mudança. – O que se esquece é que      pelo menos uma categoria de estabilidade depende da mudança e é consequência dela. Precisamente esse tipo de estabilidade – para a cibernética… tem interesse primordial.    Um sistema aberto, seja social ou biológico…num ambiente variável…ou se adapta, ou perece. – Nesse caso, dos sistemas abertos que se adaptam a um ambiente instável, os processos de aprendizagem e inovação constituem seu único caminho à sobrevivência.

complexidade4. Teoria do Caos

A ‘teoria do Caos’, por sua vez, é um desenvolvimento específico, no estudo dos ‘sistemas dinâmicos’, que se segue às revoluções teóricas da ‘relatividade’, e ‘mecânica quântica’… – Insere-se no campo da física de partículas, de onde procedem teorias sobre a “origem” do universo, e de forças fundamentais da natureza. Faz parte de uma ciência da natureza global de sistemas…gerando argumentos a um tipo de…”pretensão unificadora”, presente na “teoria da complexidade”… – Se desenvolveu sobretudo na década de 1970 … sob a honra da Universidade de Santa Fé.

Os estudos de Santa Fé incluem a “teoria do caos“…aos estudos dos “sistemas adaptativos complexos” formados por unidades simples, interligadas entre si…onde o comportamento de uma, influencia a outra. Desse modo, a complexidade do todoà medida que o sistema evolui, vai decorrer do entrelaçamento de “influências mútuas. Dentre suas propriedades estão a não-linearidade, os fluxos intermitentes, a diversidade…e, estruturas hierárquicas; e sua aplicação pode abranger, entre muitos outros temas: análise de trânsito nas cidades, aspectos econômicos, e problemas ecológicos…Por se manter numa situação entre ordem e desordem, tal sistema só pode ser analisado com a ajuda de simulações computacionais, dentro de uma ‘complexidade‘, a qual Ilya Prigogine formulou os seguintes parâmetros:

a) nos limites do ‘caos’, níveis identificados de energia importada (o que Schröedinger chamava de “neguentropia“) fazem com que estruturas dissipativas emerjam de agregamentos estocásticos, em micro-estados;

b) estruturas dissipativas, enquanto existirem, mostram comportamentos previsíveis, ainda que não compatíveis – com a… ‘explicação newtoniana’;

c)explicações científicas” mais aplicáveis à região em que ocorrem estes fenômenos diferem essencialmente do tipo de complexidade que a ciência newtoniana, o ‘caos determinístico’…e a ‘mecânica estatística’ enfrentam.

“Colocamos a possibilidade…e a necessidade de uma unidade da ciência. Todavia…uma      tal unidade é impossível e incompreensível no quadro atual, onde miríades de dados se acumulam em alvéolos disciplinares cada vez mais estreitos e fechados.” (Edgar Morin)

5. Teoria dos sistemas dinâmicos                                                                                      Em organizações, a presença, e a produção de desordem                                                            (degradação…degenerescência) são inerentes ao sistema.                                                  

gestaoambiental

Um ecossistema pode ser definido como uma aplicação da teoria geral dos sistemas à ecologia, relacionando os indivíduos com atributos (matéria, energia e informação).

O ponto de partida da ‘teoria sistêmica’, está na premissa de que…a natureza da realidade é um conjunto de fenômenos externos ao comportamento individual.  Desse modo, ações humanas e relações sociais, sendo consideradas ‘fatos’… do mundo objetivo, devem ser concebidas como ‘fenômenos reais’ (“coisa-em-si”) de um arcabouço…bem maior – o qual influenciam… — e … são influenciadas.    Mesmo considerando que…toda teoria sistêmica apresente muitas diferenças entre si … partem do mesmo princípio, assim resumido, nos seguintes termos:

1) admite-se a existência de um todo a ser analisado; 2) esse todo está composto de unidades que se configuram distintamente entre si; 3) as unidades…contudo, estão agregadas a outras…sendo mutuamente interdependentes; 4) tal interdependência,            se encontra intrinsecamente regulada – por meio de uma…”estrutura morfológica”. 

A consideração dessas 4 abordagens sistêmicas permite que se perceba a relação entre      as mesmas, como sendo evolutiva. – A transposição entre campos de conhecimento se efetiva pelo uso de metáforas, emoções…e memórias – seguindo presente o esforço de simplificar (modelando) para apreender a complexidade do real…Assim, é pela forma,    em que se relacionam os componentes do sistema; ou seja, pela ‘estrutura’ do sistema,    que se explica determinado ‘objeto de estudo’. São teorias…portanto, que pressupõem  certa “codificação” do sistema — onde a tarefa principal do pesquisador … é decifrá-la.  Sistemas com muitos componentes… se comparados aos que têm poucos – podem ser considerados complexos. A cardinalidade de um conjunto pode então ser considerada, medida de complexidade. – Sistemas caracterizados por grande ‘interdependência’ de componentes são considerados, geralmente, mais complexos do que os com pouca ou nenhuma. – Sistemas não-demonstráveis, ou não-calculáveis formalmente podem ser considerados complexos, se comparados àqueles deterministas… A complexidade dos sistemas pode ser medida pelo conteúdo da informação. Por esse critério, os sistemas      com muitos componentes idênticos são menos complexos que os de mesmo tamanho,    com componentes variados. — Seguindo esse critério…mas, numa abordagem de viés humanista, Morin defende o caráter complexo das relações: todo/parte, uno/diverso:

O todo é maior que a soma das partes…princípio bem definido, e intuitivamente bem reconhecido, visto que em seu nível surgem não só uma macro-unidade, mas também emergências, que são qualidades/propriedades novas. Contudo, o todo é menor que a soma das partes (pois…sob efeito das coações resultantes da organização do todo, tais partes perdem algumas de suas qualidades/propriedades). – Ademais, o todo é maior        do que o todo…porque o todo, enquanto todo, retroage sobre as partes; que por outro      lado, retroagem sobre o todo. – Consequentemente, o todo é mais que uma ‘realidade global’… – para todos os efeitos… – representa um…dinamismo organizacional.”

morin-frasesNesse sentido, a explicação deve procurar entender o processo recorrente, cujos produtos, ou efeitos finais, geraram seu próprio recomeço. Isso nos traz de volta um conceito de ‘caráter paradigmático’ central nas formulações de Morin… o de ‘organização’ criando ordem (seu próprio determinismo sistêmico) mas, também desordem: “Se por um lado o determinismo sistêmico pode ser flexível – comportar suas…zonas de aleatoriedade…de jogo…e liberdades por outro lado – o ‘trabalho organizador’ requer energia – que traz desordem… aumentando a entropia do sistema”.

A organização é também, e simultaneamente, transformação e formação. A transformação é vista como o modo pelo qual as partes de um todo perdem qualidades e adquirem outras novas. A transformação da diversidade desordenada em diversidade organizada…significa transformação da desordem em ordem…Pode-se dizer que a relação ordem/organização é circular quando a organização produz ordem, que por sua vez, mantém a organização que a produziu, transformando sua improbabilidade global em probabilidade local, mantendo a originalidade do sistema – em resistência contra todas ‘desordens’ (internas e externas).

6. paradigma da “complexidade”                                                                                          O pesquisador Mario Tarride afirma que, ao se considerar a “complexidade”… uma propriedade avaliável dos sistemas, pode-se estabelecer modelos…quantificando-a. Todavia, tal proceder desprezaria a fundo o nível de entendimento destes sistemas.

A contestação parte da influência da…”modelagem matemática”, presente na teoria da complexidade, sabendo-se que os contextos sociais tem históricas físicas, ambientais e humanas particulares, onde em cada um deles, é produzido um conjunto de condições diferentes; além daquelas condições criadas pelas pessoas nas suas tentativas de atuar reflexivamente sobre todos aspectos. Quando a abordagem da complexidade atua nos debates sobre o social – se alia a uma variedade de abordagens sociológicas…místicas, culturais, filosóficas e políticas. – E assim…interesses nesses campos têm conduzido à incorporação desses aspectos como ferramentas a serviço de suas próprias estratégias.  Modelos de um fenômeno complexo são construídos mentalmente, e experimentados        por representações físicas; obedecendo a um determinado…’critério básico’…de que a “modelagem analíticaé objetiva“, e a “modelagem sistêmica… é projetiva“.

Michael Dillon analisa a ‘teoria da complexidade’ a partir da dúvida sobre que forma de vida essa teoria permite que se construa. Na busca por respostas, ele a relaciona ao pós-estruturalismo. Em ambas as teorias se encontra uma anterioridade da ‘relacionalidade radical’, ou seja, nada existe sem estar relacionado a algo…e tudo existe, no seu próprio modo de existir…em termos, e em razão de relações. – Todavia…essa ‘anterioridade do relacional está para os pós-estruturalistas relacionada a uma radicalidade imprevisível.      Segundo Dillona teoria da complexidade tem uma preocupação estratégica com sua  contínua capacidade de intervir na orquestração do jogo objetivação/subjetivação     E isso ficaria evidente, na defesa feita por Morin…de que esta teoria corresponderia: “à possibilidade…e necessidade…de uma unidade estrutural da ciência. (texto base)

“Da abordagem de sistemas abertos à complexidade” (Maria C. Misoczky, UFRGS) 2003 *********************************************************************************

O Acoplamento Estrutural da Aprendizagem Humana                                                “Há aprendizagem, quando a conduta de um organismo varia durante                                  sua história, de maneira congruente com as variações do meio; e o faz                              seguindo um curso contingente a suas interações nele”. (H. Maturana)

Para maturana1Humberto Maturanahá duas perspectivas básicas para lidar com o fenômeno da aprendizagem, se quisermos explicá-lo: a) Segundo uma perspectiva – o observador vê que o meio está lá…do lado de fora…como o mundo em que o organismo tem que existir e atuar… e, que lhe proporciona a informação, os dados…e, os significados de que necessita…para conseguir uma representação desse mesmo mundo – e assim calcular o comportamento adequado, que lhe permitirá nele sobreviver.

b) Pela outra perspectiva, o observador vê que a estrutura de um “organismo” determina a cada instante seu comportamento (inclusive de seu sistema nervoso)…e que “ele” só vai se adequar ao meio – se esta sua estrutura for congruente à estrutura e dinâmica desse meio.

De acordo com o 1º modelo… a aprendizagem é o processo pelo qual o organismo obtém informação do meio, e constrói dele uma representação, que armazena em sua memória,    a utilizando para construir seu ‘comportamento’ – em resposta às perturbações que dele provêm. A partir deste ponto de vista, a ‘recordação‘ consiste em encontrar na memória,    a melhor representação para as respostas adequadas…às interações recorrentes do meio.   

Nesta perspectiva“o meio é instrutivo”, pois especifica no “organismo” mudanças de estado que, congruentes com ele, serão sua representação.

Já no 2º modelo — a aprendizagem é o próprio curso da mudança estrutural do organismo (incluindo seu sistema nervoso) em congruência com mudanças estruturais do meio, como resultado da recíproca seleção estrutural que se produz entre eles durante a recorrência de suas interações, com a conservação de suas respectivas identidades. – De acordo com esta visão… – o organismo não constrói uma representação do meio… nem calcula para ele um comportamento mais adequado. Desta perspectiva… para o organismo em seu operar, não há meio, não há recordação nem memória, mas apenas uma ‘dança estrutural’ no presente que ou segue um curso congruente com a “dança estrutural” do meio ou se desintegra.   O “comportamento orgânico” permanece adequado…apenas se o organismo conserva sua adaptação durante as interações (perturbações do meio), vistas por ele, como recorrentes; desse modo, o que um observador vê como… ‘recordação’ – consiste em comportamentos, considerados por ele como adequados. Segundo esta visão não há “interações instrutivas”. O meio apenas seleciona as mudanças estruturais do “organismo”mas não as especifica. 

Na medida em que o organismo (incluindo sistema nervoso) é um sistema determinado estruturalmente – a 1ª perspectiva (‘informacionista’)…que requer interações instrutivas, pois exige que o meio especifique no organismo (…e sistema nervoso…) as mudanças que lhe permitem criar uma representação dele…deve ser abandonada. Assim, Maturana vê a perspectiva ‘informacionista constitutivamente inadequada, considerando os seres vivos como…”sistemas determinados estruturalmente”. – Por esse motivo, a outra perspectiva (‘interativista’), como não requer interações instrutivas…sendo compatível a um sistema orgânico e nervoso, como sistemas determinados estruturalmente…será por ele adotada.

cdarwin1É comum se pensar que o aprendizado envolve uma certa… ‘intencionalidade’,      um determinado propósito. — Isso… a    princípio se justificaria, ao pensarmos        queem todo comportamentoo que importa são suas consequências…Mas,      isto é um grande erro… — O propósito      nos comportamentosnão pertence a        eles mesmos mas à descrição de sua      ação, ou ao comentário do observador.      

“A aprendizagem não tem propósito” é consequência da mudança estrutural dos seres vivos sob condições de sobrevivência com conservação da organização e estrutura. 

A aprendizagem (social) humana                                                                                            Não se pode derivar, do modo como a biologia explica como seres vivos aprendem,            todo o arcabouço explicativo para a “aprendizagem humana”. A investigação sobre          como o sistema nervoso apreende informações…pode lançar luz sobre o fenômeno            geral da aprendizagem dos… “seres vivos” — mas… não é suficiente para explicar a aprendizagem humana, fundamentalmente social, e não especificamente biológica.

Por certo Maturana não queria derivar o social do biológico, ou captar fenômenos gerais que explicassem tanto o comportamento dos…”seres vivos” (organismos e ecossistemas) quanto de “seres sociais” (pessoas ou sociedades). – A seu favor podemos dizer que suas ideias não podem ser acusadas de deslizes epistemológicos. – Entretanto, mesmo assim, também não podem revelar características comuns ao que é vivo ou social, a menos que:   

a) se baseassem numa investigação da ‘fenomenologia da interação’ em seres vivos e em seres sociais (pessoas ou redes humanas); b) levassem em conta outro tipo de fenômeno que só acontecesse em redes sociais. Todavia nenhum desses 2 requisitos foi atendido. 

A autopoiese, conceito central de Maturana e Varela, não pode ser útil … a não ser como inspiração à formulação de uma teoria da aprendizagem humana. Varela afirmou que: “uma extensão da autopoiese em níveis ‘superiores’ não é frutífera e deve ser deixada de lado”. – Mas um ano antes admitia ser frutífero…“vincular a autopoiese com uma opção epistemológica além da vida celular, ao lidar o sistema nervoso, baseado à comunicação humana”. – O que pode se dar em“organismos multicelulares”, mas não a nível social.

A autopoiese caracteriza a ‘vida’ – mas não abrange a sociedade – a não ser em um sentido metafórico ou metonímico. A rigor o conceito original que Maturana chama de ‘autopoiese de primeira ordem’, não pode ser aplicado nem mesmo a um “organismo multicelular”, do tipo animal, quanto mais à uma sociedade. – A sociedade não é uma coleção de seres vivos (no caso…da espécie “homo sapiens”)…O que vale para cada indivíduo desta nossa espécie, não vale necessariamente para o que ocorre entre homo sapiens – quando eles se tornam pessoas…Os “homo sapiens” só se tornam pessoas quando acontece algo entre eles…Neste caso, talvez precisássemos de um…’novo conceito’ – como o de…”alterpoiese“. (texto base************************************************************************************

ALTERPOIESE – A construção social do “indivíduo”                                                      Toda aprendizagem tipicamente humana é social – não biológica. – E, é                          desnecessária porque é invenção, criação coletiva, advento de algo…fora                                  do horizonte concebido de eventos. Criação de novas ‘realidades sociais’.

TolstóiA “alterpoiese” aqui aventada não é um conceito substitutivo ou complementar ao de ‘autopoiese’.

Muito embora talvez não venha a se tornar apenas      isto, pode ser tomada como uma “metáfora”…para        se dizer, no caso, que a ‘sociedade‘ é uma criação peculiar, pois não é determinada pela sua ‘origem’,  nem é totalmente dependente da sua“trajetória”.

Ainda que a interação social siga regularidades (leis) que podem ser observadas em toda interação, há uma margem de aleatoriedade (indeterminação) incomparavelmente maior (de outra natureza) na interação social que ocorre entre “seres humanos”, propriamente ditos…do que na que ocorre em uma relação envolvendo outros organismos biológicos…e ecossistemas naturais. Não que não haja organismos sociais (num sentido ampliado do termo organismo)…mas, que ‘organismos sociais’ são de outra (peculiar) natureza…Seres humanos, propriamente ditos, não são determinados por sua organização — ou estrutura interna; como indivíduos. Do contrário, não haveria lugar para a liberdade. Parodiando Tolstoi: Liberdade é o único fundamento humano específico da aprendizagem.

Mas a liberdade depende do modo como os seres humanos interagem. Por exemplo, se eles se isolam…’não pode haver liberdade’.  Se não se associam em um ‘projeto comum’ nascido de seus próprios desejos, não pode haver liberdade…E, ao não criar realidades sociais, a partir de tudo isso – também não pode haver liberdade… Mas, quando fazem isso – os ‘seres humanos’ não o fazem por ser necessário, mas sim, geralmente, por ser desnecessário… O social é um campo que cria a si mesmo a partir da interação fortuita.

Esse ‘interativismo‘ como teoria da aprendizagem humana tem por base uma visão social da aprendizagem – onde… para entender a aprendizagem tipicamente humana,        não é suficiente  tentar explicá-la…descrevendo fenômenos que acontecem no sistema nervoso (ou imunológico) do indivíduo ‘Homo Sapiens’. É preciso sim, explicar como pessoas aprendem, descrevendo fenômenos que ocorrem nos emaranhados (sociais),        onde essas pessoas estão –  e são!… Por isso enquanto não investigarmos com toda profundidade a…”fenomenologia da interação social”, não poderemos construir uma          teoria da aprendizagem humana. Fenômenos que ocorrem da relação interpessoal,      não são completamente inferíveis dos fenômenos que ocorrem no nível molecular ou celular ou de partes do organismo de um ser vivo (mesmo que este seja o…Humano).

Porém, sobre esse ponto, cabe fazer mais algumas considerações – Assim como um          ser humano (definido como indivíduo da espécie ‘Homo Sapiens’) não é um agregado      de células, um sistema social também não é um agregado de organismos… – havendo      uma diferença fundamental entre o que é vivo, e o que é social…O ‘ser humano’ não é (apenas) vivo…é (também) social… A humanização do humano-biológico só acontece          na interação humano-social. É dessa ‘interação social’ que surgem as… “pessoas”.

A fenomenologia da interação social                                                                                        O fato de sistemas sociais serem compostos por seres humanos não significa que se            possa derivar das características do ser biológico humanizável, as características do              ser social que chamamos de “ser humano” (o ser humanizado pela interação social).

singleton-hippie-flash-art1-1Mesmo que a investigação dafenomenologia da interação… avance… — a ponto de revelar características gerais que tanto se apliquem a seres biológicos complexos (como o humano) quanto a seres sociais complexos…como o da ‘civilização tecnológica’ — propriamente dita, mesmo assim, ficará faltando investigar algo, próprio à ‘fenomenologia da interação social’.

Lógico que existem leis gerais da interação que valem para ambos (seres vivos e sociais).    A “interação social”…todavia – tem características não encontradas na relação vivo/não-vivo, que podem mudar de comportamento em função da interação. A construção social    da pessoa não pode ser reduzida a uma espécie de epigênese…Estamos tratando de uma nova entidade, produzida por outra ordem de fenômenos…próprios da ‘interação social’.

A pessoa como nova entidade é um emaranhado social aberto, erigindo-se                          ao longo de umahistória fenotípicasem contudo manter forçosamente              invariâncias na sequência do DNA do organismo – como na…”epigênese”.

Não sabemos como se dá o surgimento dessa nova entidade…mas, já sabemos que a liberdade é um desses “fenômenos” que promovem a pessoa à condição de entidade,        não-reduzível aos processos que caracterizam o ‘mundo vivo’. Liberdade entretanto,        não é a condição de um indivíduo livre de toda ‘coerção’ — pois depende de relações comunicativas, isto é, interação. – Isso significa que só se alcança liberdade quando            se atua em grupo de modo que um certo tempo é necessário para sua organização.          Mas liberdade possui o ‘dom’ de alterar a continuidade inercial do passado, abrindo ‘caminhos inéditos’ para o futuro…Não é apenas uma condição de vulnerabilidade à mudança aleatória – mantendo-se fiel à organização … que detém os direitos a uma identidade de uma entidade, mas a capacidade de criar, mesmo, outras identidades.

Por isso, só no ‘mundo social’ pode haver a liberdade, que permite aos ‘seres humanos’ serem infiéis à sua origem social – coisa que não pode acontecer no ‘mundo vivo’…sob        pena de desconstrução da identidade, que caracteriza sua própria organização (a vida).      A liberdade, stricto sensu, é sempre a liberdade de desobedecer qualquer lei – criando novas ‘realidades sociais’ que não podem mais se submeter à disposições pregressas. Então, quando se diz que os seres humanos não podem alcançar autonomia pessoal, sem se associar a outros seres humanos, é necessário acrescentar que de fatosó se alcança tal autonomia…quando — da sua interação — surgem novas realidades sociais. 

Autonomia pessoal é a liberdade de criar o que não existe – vale dizer…que não está determinado por qualquer ordem já estabelecida. – O “processo criativo” estabelece            novos “mundos sociais” – enquando velhos mundos tendem a conservar padrões de organização e regulação aderentes a formalismos conceituais estratificados; e este é            o sentido da liberdade…A criação de novos mundos sociais representa…do ponto de          vista da aprendizagem individual – o surgimento de nova pessoalidade. (texto base****************************************************************************

Uma nova teoria para a origem da vida (jun/2014)                                                          ‘Hipóteses populares veem o surgimento da vida de uma sopa prebiótica…com imensa quantidade de raios, e tremendo ‘golpe de sorte’. Mas esta, pode ter um papel mínimo,      se a sua origem e evolução — seguirem um padrão de…leis fundamentais da natureza’.

Sem título

Simulação gráfica mostra um sistema de partículas confinadas dentro de um líquido viscoso do qual as partículas destacadas de turquesa são estimuladas por uma força. Depois de um tempo (da esquerda para direita), a força provoca a formação de mais ligações entre as partículas. (Imagem: Jeremy England)

No ponto de vista físicohá uma diferença essencial entre “seres vivos”…e um conjunto  inanimado de átomos de carbono…Os seres vivos tendem a ‘absorver‘ uma quantidade bem maior de energia do seu ambiente… – para então…dissipá-la… na forma de ‘calor’.

Com base numa física já conhecida, Jeremy England, professor do Massachusetts Institute of Technology (“MIT”), desenvolveu uma fórmula matemática, pela qual acredita explicar esse potencial. – Esta fórmula indica que, quando um grupo de átomos é guiado…por uma fonte externa de energia (como o Sol ou combustíveis químicos)e cercado por um meio que conserve calor (como oceano…ou, atmosfera) ele tende gradualmente a se estruturar, dissipando cada vez mais energiaO que, em última instância, poderia significar que, sob  certas condições especiais…a matéria – inadvertidamentepode adquirir o atributo físico associado à vida. E sobre isso, England explicou… “A partir de um aglomerado aleatório de átomos – expostos à luz solar por um certo período… não seria surpresa se daí surgisse uma planta. – E assim, a evolução seria um caso específico de um fenômeno físico geral”.

Portanto, ao invés de substituir a ‘teoria evolutiva’ de Darwin…sua teoria a fundamenta. Não obstante os resultados teóricos considerados válidos… tal ideia tem gerado polêmica.

Entropia em processos termodinâmicos “auto-replicantes”                                    Até a pouco, físicos eram incapazes de explicar o surgimento da vida                                  pela termodinâmica. À época de Schrödinger, só equações aplicadas                                sobre “sistemas fechados” (“em equilíbrio”) poderiam ser resolvidas.

Na sua monografia “O que é vida?”, em 1944, o grande físico quântico Erwin Schrödinger argumentou que…uma planta – por exemplo…absorve a luz solar para produzir açúcares, ‘ejetando‘ luz infravermelha. – Assim, durante a fotossíntese (à medida que a luz solar se dissipa) a entropia total do sistema aumenta — e… é justamente isto, o que os seres vivos precisam para sobreviver… – A vida, assim…não viola a ‘Segunda Lei da Termodinâmica’.  Na década de 60 porém, o físico/químico Ilya Prigogine obteve progressos, ao prever o comportamento de sistemas abertos… movidos por ‘fontes de energia internas’ (com isso ganhou o ‘Nobel de Química’, 1977). Todavia, o comportamento de sistemas longe de um equilíbrio, conectados com o ambiente externo — e fortemente influenciados por “fontes externas de energia” continuavam imprevisíveis… – E…essa situação só veio a mudar na década de 90 devido principalmente aos trabalhos de Chris Jarzynski e Gavin Crooks.

Eles mostraram que a entropia produzida por um ‘processo termodinâmico’…tal como o resfriamento de um copo de café…corresponde a uma simples razão – a probabilidade de que os átomos vão submeter-se a tal processo, dividida pela probabilidade deles sofrerem o processo inverso – A princípio, tal fórmula pode se aplicar a todo e qualquer processo termodinâmico; independendo do quão rápido, ou longe do equilíbrio o fenômeno esteja.

England é graduado em Física e Bioquímica…e começou suas experiências nos laboratórios do MIT há 2 anos…aplicando seus conhecimentos  de Física Estatística em Biologia… Utilizando a formulação de Jarzynski e Crooks…ele derivou uma generalização da…”2ª lei termodinâmica”, atribuindo, a alguns…”sistemas de partículas, certas características não muito especiais. Tais sistemas se moveriam por uma “fonte externa” de energia do tipo eletromagnética … podendo descartar calor no ambiente … (tal como todos ‘seres vivos’)… England então verificou quanto tais sistemas evoluem ao longo do tempo, com    um aumento da irreversibilidade‘. E, afirmou:

“Podemos mostrar, de forma muito simples, a partir de uma fórmula          exata, que os resultados evolutivos vão ser aqueles que, com o tempo, absorvem… – e dissipam… mais energia – para o ambiente externo”.

As descobertas têm um ‘senso intuitivo’ — partículas tendem a dissipar mais energia quando estimuladas por uma força motriz… – o que significa que os aglomerados de átomos imersos em um meio – como a atmosfera ou o oceano – à certa temperatura, tendem… ao longo do tempo…a se organizar ‘em sintonia’ com as fontes de trabalho mecânicas, eletromagnéticas ou químicas de seus ambientes. E sendo assim, a ‘auto-replicação’ (ou reprodução, em termos biológicos) é o processo que move a evolução        da vida na Terra – um mecanismo pelo qual, qualquer ‘sistema físico/químico’ pode dissipar crescente quantidade de energia ao longo do tempo. Como explica England:

“Uma boa forma de se dissipar energia… é fazer cópias de si mesmo”.

Em seu paper ele informa que o mínimo teórico encontrado — para que a dissipação possa ocorrer durante a auto-replicação das moléculas de RNA… e células bacterianas — é muito perto dos reais valores de dissipação que esses sistemas podem ter enquanto replicam. Ele também mostrou que o RNAácido nucleico’…possível precursor do DNA, é um material simples…e ‘barato‘… não sendo surpreendente, portanto – a sua… “aquisição darwiniana.

Princípio da adaptação (à dissipação de energia)                                                                ‘Obter um princípio evolutivo fundamental da vida daria uma perspectiva                        mais ampla sobre o surgimento nos seres-vivos, de sua estrutura e função’.

A química da sopa prebiótica, mutações aleatórias, geografia, catástrofes, e outros inúmeros fatores contribuíram para os detalhes da diversidade da fauna e flora do    planeta. Contudo, de acordo com a teoria de England, o “princípio subjacente”          que conduz todo este processo é resultado da adaptação orientada à dissipação da energia… – Princípio este, que também poderia ser aplicado à matéria inanimada.

Conforme uma nova pesquisa liderada por Philip Marcus, da “Universidade da Califórnia”/Berkeley, divulgada naPhysical Review Letters“, vórtices em fluidos turbulentos replicam-se espontaneamente…pela energia da matéria ao seu redor. Noutro paperMichael Brenner, professor em Harvard de Física e Matemática Aplicada, apresentou modelos teóricos, com simulações de microestruturas auto-replicantes, onde microesferas aglomeradas, especialmente revestidas…dissipam      energia estimulando esferas próximasna formação de aglomerados idênticos.

Além da auto-replicação, a ‘organização estrutural’ é outro meio através do qual,  sistemas são fortemente impulsionados para dissipar energia…Uma planta, por exemplo, é melhor em capturar e rotear a energia solar através de si, do que um aglomerado de átomos de Carbono não estruturadosEngland argumenta que  a matéria espontaneamente, sob certas condições se…auto-organizará…o que poderia então explicar a ordem interna dos seres-vivos, e de muitas estruturas inanimadasFlocos de neve, dunas de areia, vórtices turbulentos — todos são moldados em “processos dissipativos”: condensação, ventoresistência do ar.

A ideia ousada de England, muito provavelmente, irá sofrer um exame bastante detalhado nos próximos anos. – Por enquanto…ele está trabalhando apenas com simulações gráficas em seu computador para testar sua teoria…de que os sistemas de partículas adaptam suas estruturas para facilitar a dissipação de energia. O próximo passo será fazer experimentos em sistemas reais… Mara Prentiss, que dirige, em Havard, um laboratório de ‘Biofísica Experimental’, diz que… – a teoria de England poderia ser testada a partir da comparação de células com diferentes mutações – procurando a ‘correlação’ entre… – a quantidade de energia que as células dissipam…e, suas taxas de replicação… E, ela ainda argumenta que:

“É preciso ter cuidado, pois uma mutação poderia ter resultados diferentes.                    Mas, se vários desses ‘experimentos’ forem feitos em diferentes sistemas, de                    fato correlacionados, significaria que o princípio de organização é correto”.

Segundo Ard Louis, biofísico da ‘Universidade de Oxford’: “A ‘seleção natural’ não explica certas características, entre as quais se incluem uma “mudança hereditária” na ‘expressão genética’: a chamada metilação (maior ‘complexidade’ em ausência de ‘seleção natural’) e,  ainda, certas mudanças moleculares. – Seria bom liberar os biólogos para que busquem a explicação darwinista para todas as adaptações. Isto os permitiria pensar de modo mais geral… – em termos da organização orientada pela dissipação… Eles poderiam achar…por exemplo — que a razão por que determinado organismo demonstra certa característica X, ao invés de Y, talvez não seja por X ser mais capaz que Y… – mas sim… porque restrições físicas (ambientais) tornaram mais fácil evoluir para X … — do que para Y“. (‘texto base’)  consulta:Organismo que não evoluiu em 2 bilhões de anos confirma a teoria de Darwin‘  ******************************(texto complementar)*********************************

fisiologia-cardaca“Teleologia” (a ciência da “finalidade”)

Tradicionalmente a teleologia examina o propósito, finalidade, ou função na natureza. Por exemplo…os olhos das mais distintas espécies…por variadas que sejam, têm a mesma função, e mesmo propósito de permitir a visão aos organismos…como o propósito, finalidade ou função do coração, é bombear sangue. Dads a função do coração podemos então deduzir a seguinte explicação teleológica…Temos coração, para bombear sangue”… Explicamos assim, sua existência, por algo que aparentemente surge, após seu propósito ou finalidade (o bombear do sangue).

Por um lado, essa linguagem é natural e extensivamente usada na biologia; mas por outro lado, falar de propósitos e funções remete-nos para uma “intenção”…e ao ser que a teve, o que já não é assim tão natural à ciência, que normalmente trabalha com “relações causais”. Quando nos referimos aos ‘artefatos humanos’, e dizemos que servem para isto, ou aquilo, sabemos que é assim…porque alguém assim o quis, e o fez … adequando os meios aos fins. Exatamente o mesmo parece acontecer na…’natureza’ – quando vemos a… “complexidade orgânica” dos organismos – como no caso do olho e do coração… apelando assim a uma “intencionalidade criativa” (ou “justificativa“), por detrás da origem dos “seres vivos”.

Mas, talvez o maior problema, para aqueles que viam a biologia como precisando de uma estrutura teórica científica era tanto o fato da teleologia parecer ser incompatível com a explicação mecanicista das ciências físicas; como a preocupação relacionada de que o uso das noções de ‘propósito’ e ‘causas finais’se não fossem naturalizadas, poderiam causar problemas pela inversão do sentido normal da causalidade…assim como pelo fato de que,  o…”objetivo final” – que supostamente é a “causa” – pode não ser atingido… – “Como pode o bombear do sangue explicar algo que surge antes…o “coração”?…Não implica isto,  ir para trás no tempo e causar algo?…Por causa desta dificuldade muitos julgaram que as explicações teleológicas não tinham lugar na ciência; o que significaria que a biologia por exemplo, teria que se justificar…dado que usa sistematicamente explicações teleológicas”.

Contudo, com o advento das “teorias de Darwin”, muito desta ansiedade se dissipou.            O que justifica a utilização do “pensamento teleológico” em biologia, não seria o fato            de organismos serem a “finalidade” de uma “vontade criadora“…afinal de contas,            o darwinismo mostra como os organismos podem ser melhor explicados recorrendo          à seleção natural. O que justifica, é o fato dos organismos se adaptarem às condições          de vida em que se encontram. — É, portanto, por este motivo – que parecem ter sido criados com o objetivo de existirem, justamente nas condições em que se encontram.

O modo teleológico usado em biologia não deve ser tomado de uma forma literal como mostra a explicação adaptativa de Darwin, mas sim como uma metáfora que abre pontos de partida para a investigação do mundo orgânico; metodologicamente o uso teleológico    é justificado, pelo simples fato de haver adaptação. (teleologia) (infopédia) (wikipédia) *********************************************************************************

Moléculas se auto-organizam para armazenar dados (jan/2019)                              Os experimentos consistiram na alteração de fase – tanto em poros individuais,                contendo um único átomo de xenônio, quanto em toda a rede ao mesmo tempo.           

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Esquema de um elemento com ótima capacidade de armazenamento de dados – consistindo de apenas 6 átomos de xenônio – é liquefeito por um pulso elétrico. [ilustração: Basel University/Department of Physics]

Obter, no menor espaço possívela maior capacidade de armazenamento é essencial, para guardar em computador terabytes de arquivos. Em quase todas mídias usa-se transições de fase para o ‘armazenamento’. Num CD  por exemplo, uma folha muito fina de metal dentro do plástico, funde-se em microssegundos… — para depois se solidificar de novo. Já foram feitas várias demonstrações destas mudança de fase, a nível de átomos ou moléculas individuais; contudo, tais dispositivos, difíceis e caros de se fabricar seguem como protótipos. 

Auto-organização molecular                                                                                                  Técnica permite controlar o estado físico de átomos ou moléculas numa rede cristalina.

Para não cair no mesmo problema de relatos anteriores (dificuldade de fabricação), Aisha Ahsan e sua equipe de pesquisadores da “Universidade da Basileia” … Suíça, se baseou na auto-organização espontânea das moléculas em extensas redes com poros de cerca de um nanômetro. Para isso, foi criada uma “rede organometálica” similar a uma peneira com furos precisamente definidos. — Quando conexões e condições certas são escolhidas — as moléculas se organizam, independentemente…em uma estrutura supramolecular regular. Em seguida, Ahsan adicionou átomos do gás xenônio individuais nos nanoporos. Usando mudanças de temperatura e pulsos elétricos aplicados localmente, ficou demonstrado ser possível controlar o estado físico dos átomos de xenônio – entre as fases sólida…e líquida.

O aparato inteiro ainda não está pronto para escala industrial … porque o controle a nível atômico exige temperaturas perto do zero absoluto — apesar de outras pesquisas já terem conseguido manipular átomos individuais a temperatura ambienteMas a demonstração comprova que redes supramoleculares são adequadas à fabricação de nanoestruturas nas quais mudanças de fase possam ser induzidas…em poucos átomos ou moléculas. E assim, concluiu Thomas Jung … coordenador da equipe: “Vamos testar moléculas maiores, bem como álcoois de cadeia curtamudando de estado a temperaturas maiores”. (texto base*********************************************************************************

Vida a partir do Caos (mar/2021)                                                                                                  Antes do surgimento da vida na Terra, muitos processos físico-químicos em nosso planeta eram altamente caóticos. Uma infinidade de pequenos compostos e polímeros de variados comprimentos – compostos de subunidades (como bases encontradas no DNA e no RNA), vagavam em todas possíveis concebíveis. Portanto, de algum modo o nível de Caos nesses sistemas foi reduzidoantes que processos químicos semelhantes à vida pudessem surgir.

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Experimentos mostram que unidades pré-vida podem se organizar a partir do Caos. [Imagem: LMU]

Um grupo de físicos da…Universidade Ludwig-Maximilians‘, Munique, acaba de demonstrar experimentalmente que características básicas de…polímeros, junto a certos aspectos ambientais pré-bióticos, podem originar “processos de seleção”… — que reduzem a desordem. A equipe já vinha pesquisando sobre a “ordem espacial” em câmaras estreitas, cheias de água no interior de rochas vulcânicas porosas no fundo do mar.

Esses estudos mostraram que, na presença de diferenças de temperatura, e um fenômeno convectivo, conhecido como efeito Soret, os filamentos de RNA poderiam ser acumulados localmente em várias ordens de magnitude de uma maneira dependente do comprimento.  “O problema é que as sequências de bases das moléculas mais longas obtidas são caóticas” explica o professor Dieter Braun. – As “ribozimas” evoluídas (enzimas baseadas em RNA) possuem uma “sequência de bases” muito específica…que permite a dobra das moléculas em formas particulares enquanto a grande maioria dos ‘oligômeros’ formados na Terra primitiva provavelmente tinham ‘sequências aleatórias’…E Patrick Kudella, que liderou a pesquisa, acrescenta… “O nº total de possíveis sequências de base (‘espaço de sequência’)  é enormefazendo praticamente impossível montar as estruturas complexas, típicas das ribozimas funcionais, ou moléculas comparáveispor um processo puramente aleatório”.

Isto levou a equipe a suspeitar que a extensão das moléculas para formar oligômeros maiores estaria sujeita a algum tipo de mecanismo de pré-seleção; como na época da origem da vida‘…só havia alguns poucos processos físicos e químicos muito simples,      em comparação com os sofisticados mecanismos de replicação das células…a seleção        de sequências deve ter-se baseado no ambiente e nas propriedades dos oligômeros.    Para garantir a função catalítica e estabilidade destes oligômeros é importante que    formem fitas duplas, como a estrutura helicoidal do DNA. Esta é uma propriedade elementar de muitos polímerose permite complexos químicos formados por partes      com fita simples e duplas. As partes de fita simples podem ser reconstruídas por 2 processos: 1º) pela “polimerização”, onde as fitas são completadas por bases simples,      para formar as fitas duplas completas. O 2º, é o que se conhece como “ligadura”; um processo no qual oligômeros mais longos são unidos. — Aqui, ambas as partes de fita (simples e dupla) são formadas…o que permite um maior crescimento do ‘oligômero’.

Segundo Braun: “Nosso experimento começa com um grande número de fitas curtas de DNA, e em nosso sistema modelo para os primeiros oligômeros usamos apenas 2 bases complementares…adenina e timina. Assumimos que a ligadura de fitas com sequências aleatórias  produz fitas mais longas cujas ‘sequências de bases’ são menos caóticas”.

A equipe então analisou as misturas de sequências produzidas nesses experimentos empregando um método também utilizado na análise do genoma humano‘. O teste confirmou que a entropia da sequência, isto é, o grau de desordem ou aleatoriedade        nas sequências recuperadas nestes experimentos foi… verdadeiramente reduzida.

Causas da “autorganização”                        Os pesquisadores também identificaram        as causas dessa “auto-organização”. Eles descobriram que – a grande maioria das sequências obtidas seguiam duas classes  cujas composiçõesbasicamenteeram    70% de adenina…e 30% de timina, ou    vice-versacomo assim explicou Braun: 
 
“Com a proporção significativamente        maior de uma das 2 basesa fita não se    dobra sobre si mesma … permanecendo    como um parceiro de reação à ligadura”.

Dessa maneira…dificilmente quaisquer fitas com metade de cada uma das 2 bases seriam formadas na reação; além disso, disse o pesquisador, pequenas distorções na composição da sopa de DNAs curtos deixam padrões distintos – dependentes da posição, em especial, nas longas fitas resultantes. O resultado surpreendeu, porque uma fita de apenas 2 bases diferentes…com relação específica entre elas, tem modos de se diferenciar bem limitados.

“Apenas algoritmos especiais podem detectar detalhes tão                            surpreendentes” (Annalena Salditt — coautora do estudo).

Concluindo, os experimentos mostram que as características mais simples e fundamentais dos oligômeros e de seu ambiente podem fornecer a base para processos seletivos. Mesmo num sistema simplificado de modelo vários mecanismos de seleção podem entrar em ação, com impacto no crescimento da fita em diferentes escalas de comprimento, e resultado de diferentes combinações de fatores. Segundo Braun, tais mecanismos de seleção foram um pré-requisito para a formação de complexos cataliticamente ativos, como asribozimas, e desempenharam importante papel no surgimento da vida a partir do Caos. (texto base**********************************************************************************

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A evolução da espécie, e o sedentarismo  Nosso maior perigo enfrentado hoje em dia…é a “Violência Urbana” — nesse caso…é costume dizer que para fugir dela: ‘NÃO Saia de CASA!’.

Segundo Darwin… e sua ‘teoria da evolução’ – características favoráveis de sobrevivência ao meio… que são “genéticas“… tornam-se mais comuns em gerações sucessivas de uma população que se reproduz – enquanto que…por outro lado…’características desfavoráveis’ tornam-se incomuns. – Pois bem… hoje o homem encontra-se extremamente adaptado ao meio…suas características físicas, ou seja, seu “fenótipo” é bem evoluído para acompanhar, e dar subsídios às suas necessidades básicas, e assim à sua sobrevivência. – Porém, para o pesquisador Steve Jones, graças ao nosso ‘estilo de vida…’a evolução já acabou‘…isto é, conseguimos sobreviver e reproduzir… sem depender das ‘características herdadas’ – para enfrentar o frio, a fome…e doenças. – “Nos dias de hoje…é o mundo se adapta ao homem!”

Especificamente falando sobre atividade física – o homem caçava, plantava e colhia para adquirir seu alimento. Para fugir do perigo, o homem usava tanto seu raciocínio (o que o diferia dos demais animais), quanto seu corpo adaptado para correr/fugir …  Além disso, sua sobrevivência foi intimamente associada à sua capacidade de comunicação — e, pelo desejo de entender e influenciar o ambiente… – Porém, o que temos hoje?… Um homem que não se esforça para o seu alimento (só vai ao supermercado – ou internet – comprar sua comida), e para o seu preparo, aperta um botão on/off do microondas. Devidamente alimentado…o homem não foge do perigo (…não há mais predadores no nosso convívio).

Além disso, com o avanço da tecnologia (vide…e-mails, celulares, blogs, twitter), sua capacidade comunicativa aumentou profundamente… – Para sobrevivermos nos dias de hoje … o que – então… seria  necessário?… – Trabalhar… – estudar…  atualizar-se – Todavia, o resultado de todo esse ‘avanço tecnológico‘, somado ao tempo gasto no computador … entre pesquisas…e teses — levaram o homem moderno ao sedentarismo; de tal modo, que a sua sobrevivência (“HOJE”) pode estar a ‘ele’ diretamente correlacionada. 

No entanto…paradoxalmente…ao tornar-se sedentário, o homem torna-se                          exposto a doenças que o podem levar a morte. Por outro lado, se levarmos                            em conta a expectativa de vida crescente…podemos então concluir – que o                            homem continua em seu “ciclo evolutivo” – adaptando-se para sobreviver.

E, afinal de contas…ainda existem adaptações genéticas, as quais favorecem um melhor funcionamento de nossos sistemas…cardiovasculares, músculo-esqueléticos, digestivos, respiratórios. Sobretudo, por influência do meio (estilo de vida) essas alterações podem ser via epigenética – tornando o indivíduo cada vez mais adaptado para a sobrevivência, seja por manter-se física ou mentalmente saudável. Assim, se o homem adaptou o meio para seu maior conforto… – para viver e sobreviver… usando sua inteligência – agora é necessário que desconstrua esse paradigma… Usando sua sabedoria, adapte-se ao meio.    O corpo precisa de movimento!… – Sua saúde física e mental agradecem… (‘texto base’)

Sobre Cesar Pinheiro

Em 1968, estudando no colégio estadual Amaro Cavalcanti, RJ, participei de uma passeata "circular" no Largo do Machado - sendo por isso amigavelmente convidado a me retirar ao final do ano, reprovado em todas as matérias - a identificação não foi difícil, por ser o único manifestante com uma bota de gesso (pouco dias antes, havia quebrado o pé uma quadra de futebol do Aterro). Daí, concluí o ginásio e científico no colégio Zaccaria (Catete), época em que me interessei pelas coisas do céu, nas muitas viagens de férias ao interior de Friburgo/RJ (onde só se chegava de jeep). Muito influenciado por meu tio (astrônomo/filósofo amador) entrei em 1973 na Astronomia da UFRJ, onde fiquei até 1979, completando todo currículo, sem contudo obter sucesso no projeto de graduação. Com a corda no pescoço, sem emprego ou estágio, me vi pressionado a uma mudança radical, e o primeiro concurso que me apareceu (Receita Federal) é o caminho protocolar que venho seguindo desde então.
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3 respostas para Organização evolutiva em “sistemas autopoiéticos”

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