David Deutsch e o ‘Construtor Universal da Realidade’

Dizer que a previsão é o propósito de uma teoria científica é confundir os meios com os fins. É como dizer que o propósito de uma nave espacial é queimar combustível, quando isto é somente uma das muitas tarefas que a nave tem a fazer, para cumprir seu legítimo propósito de transportar, com segurança – de um ponto a outro – sua carga pelo espaço.

sabedoriaLembro-me, quando criança, de me ser dito que – em tempos idos… ainda era possível a uma pessoa de muita instrução saber tudo o que se podia saber…Foi-me igualmente dito que, hoje em dia, sabe-se tanto, que não era concebível se saber… ainda que numa longa vida – mais do que uma ínfima fração disso.  Tal proposição me surpreendeu; não queria as coisas assim…e invejei os tempos antigos.

Não que eu quisesse memorizar todos os fatos que estavam arrolados nas enciclopédias do mundo – ao contrárioodiava memorizar fatos. Não era essa a expectativa do sentido que eu tinha – de que fosse possível saber tudo o que se sabia. Não teria ficado desapontado se me dissessem — que surgem mais publicações por dia… do que uma pessoa pode ler numa vida inteira – nem imaginava que um estudioso antigo…que supostamente sabia de tudo, teria de saber de todas as coisas. O que eu tinha em mente era uma ideia mais criteriosa do que se deve considerar como…”conhecido”…Por isto, eu queria dizer…”compreendido”. 

A ideia de que uma pessoa possa compreender todo o compreensível…pode ainda parecer fantasiosa…mas, é claramente menos fantasiosa…do que a ideia de que uma pessoa possa memorizar todos os fatos conhecidos. Por exemploninguém consegue memorizar todos os dados observacionais do movimento planetário mas os astrônomos dominam esse fenômeno, pois compreender não é saber muitos fatos, mas obter conceitos, explicações e teorias certas… – Uma teoria comparativamente simples e abrangente, pode abarcar uma infinidade de fatos díspares.  A “relatividade geral” de Einstein é nossa melhor teoria do movimento planetário, suplantando – no início do séc. XX… as teorias de movimento e gravidade de Newton. Ela prevê corretamente (a princípio)…não só todos os movimentos planetários, mas também outros efeitos da gravidade nos melhores limites de exatidão.

Quando uma teoria prevê algo ‘em princípio’ – isso significa que as previsões se seguem logicamente da teoria – ainda que, na prática – a quantidade de computação necessária para gerar algumas das previsões é tão elevada – que não é tecnologicamente exequível;     ou, até tão elevada – que é fisicamente impossível levá-la a cabo no universo conhecido.  Previsões e descrições na física são muitas vezes expressas em fórmulas matemáticas. A ‘fórmula’ é mais fácil de recordar, porémencontrar um número nos arquivos pode ser ainda mais fácil do que calculá-lo a partir da fórmula Mas, ser capaz de prever coisas,    ou as descrever, por mais exato que isso possa ser, não é o mesmo que compreendê-las. 

Teoria-da-Relatividade    A verdadeira vantagem da “fórmula”é poder ser usada num número infinito de casos, podendo assim prever, por exemplo, o resultado de observações futuras…Pode também dar-nos posições históricas dos planetas com mais rigor…pois registros arquivados têm erros de observação. Entretanto, apesar de resumir um nº infinitamente maior de fatos, conhecê-la não significa a mesma coisa do que compreender o movimento dos planetas.

Os fatos não podem ser conhecidos…resumindo-os apenas numa fórmula,  ou numa memorização. Só explicando-os podemos então compreendê-los.

Felizmente – as nossas mais relevantes teorias incorporam profundas explicações, bem como rigorosas previsões… A ‘relatividade geral, por exemplo, explica a ‘gravidade’   em termos de uma ‘nova geometria’… “tetradimensional“… do ‘espaço e tempo curvos’,  onde esta geometria se relaciona com a ‘matéria. Tal explicação é o conteúdo da teoria; previsões do movimento planetário são algumas das consequências… que podemos daí deduzir… – O que torna a ‘teoria da relatividade’ tão importante…não é o fato de poder prever o movimento dos planetas … um tanto mais rigorosamente do que a de Newton, mas, antes… – o fato de revelar, e explicar aspectos antes insuspeitos da realidade…tal como a curvatura do espaço e do tempo… E, isto…é típico da “explicação científica”.

Todavia – a capacidade de uma teoria para explicar aquilo que experimentamos…não é o seu atributo de maior valor. Este, é a explicação da estrutura da própria realidade – pois, mesmo em aplicações práticas, o poder explicativo de uma teoria é fundamental, sendo o seu poder previsível, apenas complementar. Se isto parece surpreendente … imagine que um cientista extraterrestre tenha visitado a Terra, e nos deixado de presente um ‘oráculo’,  que sem qualquer explicação, previsse o resultado de toda experiência científica possível.

Anticítera (computador grego - 150 A.C.)

Anticítera
(computador grego – 150 A.C.)

De acordo com os teóricos experimentais, mal tivéssemos tal… ‘oráculo’ – as teorias científicas não serviriam para nada, a não ser nos divertir. Mas será isto verdadeiro? Como seria o oráculo usado … na prática? Teria em si conhecimento suficiente para construir uma…”nave interestelar” … por exemplo. — E… como esse saber herdado, poderia, então… nos ajudar a construí-la?  Se lhe déssemos os planos de uma…nave espacial; além de pormenores de um voo experimental, nos diria do “desempenho”    da nave em tal voo – mas não poderia…a princípio — concebê-la (…seríamos nós!)

E, mesmo que previsse que a nave por nós concebida explodiria na descolagem…não poderia nos dizer como prevenir tal explosão…Nós teríamos que descobrir…E, antes          de podermos descobrir; antes de podermos sequer começar a melhorar os planos da      nave, teríamos de entender, entre outras coisas; como deveria funcionar. – Só então teríamos chance de descobrir o que poderia ter causado sua explosão na descolagem.

Assim, a previsão – mesmo que seja perfeita e universal,                                  não substitui, pura e simplesmente, a explicação. Afinal,                                    no “oráculo” deveria constar algum “manual prático”.

Por outras palavras já existe um oráculo desses, qual seja…o ‘mundo físico‘. Este nos diz o resultado de qualquer experiência científica possível — se fizermos a pergunta certa… na linguagem certa (se fizermos a experiência)… apesar de – em alguns casos, não ser prático introduzir uma descrição da experiência (isto é…construir – e operarmos o equipamento)Uma forma extrema de ‘empirismo‘ – chamada ‘positivismo‘ (ou “positivismo lógico”), sustenta que todas as afirmações, para lá das que descrevem ou preveem observações, são não apenas supérfluas…mas destituídas de sentido…Apesar do contra-senso, ainda assim, influenciou o conhecimento teórico científico… – ao longo da primeira metade do séc. XX. 

Uma razão de sua gradual perda de credibilidade é que, apesar da ‘previsão‘ não ser o propósito da ciência, faz parte de seu método.

O ‘método científico, com efeito, envolve postular uma nova teoria para explicar uma dada classe de fenômenos – fazendo depois um teste experimental crucial – uma inédita experiência científica em relação à qual a velha teoria prevê um resultado observável, e a nova teoria prevê outro. Nós rejeitamos, então, a teoria cujas previsões se revelam falsas.  Assim, o resultado final de um teste experimental…para decidir entre 2 teorias, depende, efetivamente, das previsões da teoria, e não, diretamente de suas explicações. – Daí vem a concepção errada de que nada mais há numa teoria científica; a não ser suas previsões.

rocket-test-launchMas testes experimentaisnão são o único processo envolvido na evolução do conhecimento científico… A maior  parte das teorias são rejeitadas porque contêm más explicações, e não porque fracassam nestes testes. Na verdade, o que testamos…são novas teorias que prometem explicar certos ‘fenômenos’, melhor do que nossas ‘soluções atuais’.

Passar em ‘testes experimentais’ é apenas uma das muitas tarefas que uma teoria tem de cumprir para alcançar o verdadeiro propósito da ciência…”explicar o mundo”. E, estas explicações são sempre efetuadas em termos de coisas, que não vemos diretamente as     leis da natureza: átomos e forças – interior estelar – rotação galática – passado e futuro.  Quanto mais profunda uma explicação mais remotas – quanto à experiência imediata, são as entidades (não ficcionais) a que se referem; como parte da estrutura da realidade.

A compreensão tem origem em ‘teorias explicativas‘…e, devido à generalidade que tais teorias podem tera reprodução dos fatos não torna, necessariamentemais difícil compreender tudo o que se compreende. Contudo, a maior parte das pessoasdiria que não são só os fatos registrados que têm aumentado a um ritmo incrível — como também    o número e complexidade das teorias — por meio das quais… compreendemos o mundo.  Consequentementetenha ou não alguma vez sido possível…a uma só pessoa, entender tudo o que – a seu tempose compreendia, certamente isso não é possível agora, e está     se tornando cada vez mais improvável… Aparentemente, cada vez que se descobre uma nova explicação ou técnica relevante numa determinada área…incluímos outra teoria, à lista obrigatória de quem queira se atualizar. — Assim, quando o número de tais teorias,    em qualquer área técnico científica, se torna muito elevado, surge a…”especialização.

A física, por exemplo, dividiu-se nas ciências da astrofísica, termodinâmica, física das partículas, teoria quântica de campos, e muitas outras. Cada uma delas baseia-se num enquadramento teórico, pelo menos tão complexo quanto a totalidade da física era há   pelo menos 100 anos atrás; e muitas já estão se fragmentando em sub-especializações.      Ao que parece, quanto mais descobrimosmais somos irrevogavelmente empurrados      para a era do especialista; e mais remota fica essa “hipotética era”em que o saber de    um indivíduo pudesse abranger tudo aquilo que era passível de compreensão.

Confrontado com este vasto menu (e, em rápido crescimento), da coleção de teorias do gênero humanopode-se duvidar que um indivíduo consiga saborear todas as receitas conhecidas, como talvez já tenha sido possível. Mas a explicação é um gênero estranho     de comida – onde uma porção maior, não é… necessariamente… mais difícil de engolir.  Uma teoria pode ser ultrapassada por outra – que explique mais coisas, de forma mais precisa, e mais fácil de entender – caso onde a teoria anterior se torna redundante…ao mesmo tempo em que precisamos aprender menos assuntosdo que anteriormente.  Foi o que aconteceu…quando a teoria de Copérnico… “Terra viajando em torno do Sol”, ultrapassou o complexo sistema Ptolomaico — no qual a Terra era o centro do Cosmos.

Assim, uma nova teoria pode ser a simplificação de outra, já existente…notação árabe decimal ao superar os numerais romanos; ou pode também unificar 2 outras, dando-nos mais compreensão, do que as usar separado…como ocorreu quando Maxwell e Faraday unificaram a eletricidade e o magnetismo na inéditateoria eletromagnética”.

Mais indiretamente, explicações melhores em qualquer área, tendem a desenvolver as técnicas, conceitos e linguagem, que usamos para tentar compreender outras áreas, de modo que o nosso conhecimento…como um todo, apesar de aumentar, pode tornar-se, estruturalmente… mais compreensível. Mas – o que distingue a compreensão do mero conhecer?… – O que é uma explicação, em contraste com uma mera afirmação factual, como uma descrição perfeitamente correta… ou, uma previsão possivelmente factível?

Na prática, reconhecemos a diferença facilmente. Sabemos quando não compreendemos algo – ainda que o possamos descrever e prever com precisão… e também… quando uma explicação nos ajuda a compreendê-lo melhor. — Mas, é difícil dar uma definição precisa para ambos. Explicação e compreensão, a princípio, dizem respeito aoporquê, e não ao ‘como’…falam do modo de funcionamento das coisas…e não, ao que estas aparentam ser; às leis da natureza, e não…a aproximações empíricas…A “compreensão” é uma função superior da mente e cérebro humanos, sendo única. – Muitos outros sistemas físicos, tal como cérebros animais e computadores podem…assimilar fatos — e agir com base neles. Mas, a princípio, nada é capaz de compreender explicações – a não ser a mente humana.

De modo semelhante … quando digo que compreendo como a“curvatura do espaço e do tempo”…afeta o movimento dos planetas…mesmo noutros sistemas solaresdos quais posso nunca ter ouvido falar… – não estou invocando — a priori…a explicação de todos os pormenores das voltas e desvios de qualquer… “órbita planetária”. — O que quero dizer, é  que todo movimento desse planeta pode ser explicado pela relatividade geral de Einstein”.

quasar (representação)

Só compreendemos a “estrutura da realidade“, compreendendo teorias que a explicam… – Com uma teoria muito específica, o reconhecimento que esta elucida algum fenômeno – pode em si se tornar uma relevante descoberta…exigindo novas razões.  Os ‘quasares’…por exemplo, foram, durante décadas – um dos grandes mistérios astrofísicos… Pensava-se necessária uma ‘nova física‘… para explicá-los…mas, hoje vemos que a ‘relatividade geral’, e outras teorias já conhecidas — os podem explicar.

Hoje considera-se que ‘quasares‘ são formados por matéria quente caindo em buracos negros. – Contudo, para se chegar a esta conclusão foram precisos anos de investigação,  tanto observacional quanto teórica. E agora que pensamos ter alguma compreensão dos quasares…não pensamos que esta seja uma compreensão que já tínhamos… Explicá-los, ainda que por teorias já existentes… – deu-nos uma compreensão ‘genuinamente‘ nova.  Assim – apesar da nossa reserva de teorias conhecidasbem como de fatos registrados, estar de fato, aumentando como uma ‘bola de neve’ – isso não torna necessariamente, a totalidade da estrutura mais difícil de entender… – Pois mesmo considerando nossas “teorias específicas” mais numerosase pormenorizadas – elas estão continuamente se correlacionando – na medida em que sua compreensão é incorporada em novas teorias;  as quais mesmo sendo reduzidas em número…  se tornam mais profundas…e gerais.

Por mais ‘geral’…digo que cada uma delas nos mostra mais – sobre maior                          diversidade de situações do que antes nos diziam várias teorias diferentes.                            Por mais ‘profunda’… quero dizer que cada uma delas explica mais (inclui                            mais compreensão), do que a combinação de suas diversas predecessoras.

Há vários séculosse alguém quisesse construir uma grande estrutura, como uma        ponte ou catedral, teria contratado um ‘mestre-de-obras’. Ele saberia basicamente,            do que é preciso para dar a uma estrutura força e estabilidade, com um mínimo de        gasto e esforço. Não teria sido capaz de exprimir grande parte deste conhecimento              na linguagem da matemática e física, como fazemos hoje. Em vez disso apoiava-se, principalmente, numa coleção complexa de…intuições…hábitos…e aproximações empíricas, que herdara do seu mestre, e que talvez…depois tenha corrigido – por estimativas, e muita experiência. – Mas, mesmo assim, essa coleção de princípios,              na verdade, eram teorias…explícitas ou subjacentes…com ‘genuíno conhecimento’            das áreas…que hoje em dia conhecemos como ‘engenharia‘ e…’arquitetura

Era tido como certo que a inovação se arriscava a ser catastrófica, por isso os    construtores raramente se afastavam muito de certas técnicas seculares, que              tinham sido validadas pela longa tradição. — Já hoje em dia é bem mais raro                          a queda de uma estrutura; mesmo muito diferente da que antes se construía,                    por erros em sua concepção. Tudo o que um antigo “mestre-de-obras” podia                  fazerseus colegas atuais fazem melhor e com muitíssimo menor esforço.

space station concept art

Podem também, construir estruturas que – dificilmente poderiam ter sido, sequer sonhadas, como arranha céus, e “estações espaciais”… – (concepção artística… ao lado); usando materiais nunca antes vistos… tais como ‘fibras de carbono’… – ou ‘cimento armado’.

O progresso que nos conduziu, até o nosso estado atual de conhecimento,  não foi alcançado, acumulando mais teorias… – como o ‘mestre-de-obras’ fazia… Nosso saber – tanto explícito, quanto implícito … — além de muito maior … é estruturalmente diferente.

Teorias modernas são menos numerosas — porém…mais abrangentes e profundas… Para cada situação que o mestre-de-obras enfrentava, quando construía algo do seu repertório, ao decidir – digamos… quão espessa deveria ser uma parede estrutural, dispunha de uma intuição… ou aproximação empírica bastante específica… – a qual, porém…poderia dar respostas erradas, perante novas situações…Hoje, deduzimos tais coisas de uma…teoria, suficientemente geral, para que se possa aplicá-la a todo materialem qualquer situação.

A razão da “universalidade” dessa teoria – é que ela se baseia em  explicações profundas de como materiais e estruturas funcionam.

Por exemplo…para descobrir a espessura apropriada de uma parede… a ser feita de um material pouco conhecido… – os cálculos começam com valores de “parâmetros”… como: “elasticidade” e “tensão” do material. Por issoapesar de saber incomparavelmente mais do que um… “mestre-de-obras” antigo o “arquiteto moderno” não precisa de uma formação mais longa…ou árdua. – Uma teoria do currículo atual…pode ser mais difícil de entender do que qualquer das aproximações empíricas do “mestre-de-obras” … mas, o nº  de teorias modernas é menor – com seu…poder explicativo…abrangendo propriedades (como lógica interna) e conexões com outras áreas, que as fazem mais fáceis de aprender.

http://diegotoscano.wordpress.com/2012/11/30/a-arquitetura-moderna/arquitetura-moderna-2/

Sabemos hoje — que algumas das antigas aproximações empíricas estavam erradas, ao passo que outras, são verdadeirasou boas aproximações à verdade, e sabemos por que razão… isso acontece. – Algumas ainda são usadas…mas já nenhuma delas    é a fonte da nossa compreensão – do que  faz uma “estrutura” ficar de pé… – Ainda assim – não nego que a…”especialização” ainda ocorraem muitas áreas do saber; incluindo mesmo…a própria arquitetura.

A ciência da medicina…é talvez, o caso mais frequente citado da especialização crescente que parece seguir-se, inevitavelmente, do crescimento do conhecimento…à medida que se descobrem novas curas e melhores tratamentos para mais doenças. – No entanto, mesmo na medicina, a tendência unificadora também está presente, e – tornando-se mais forte.  Certamente, que muitas funções do corpo são ainda mal compreendidas … assim como os mecanismos de muitas doenças… – consequentemente…algumas áreas do “conhecimento médico” ainda consistem em fatos registrados no tratamento… transmitidos por gerações.  Grande parte da medicina, por conseguinte, ainda está na era da aproximação empírica, e quando novos achados são descobertos há realmente mais incentivo para a especialização. Contudo … à medida que a investigação médica e bioquímica desenvolve explicações mais profundas dos processos de doença (e saúde) no corpo… – a compreensão também cresce. 

Conceitos gerais estão substituindo outros mais específicos à medida que se descobrem mecanismos moleculares subjacentes, comuns a doenças diferentes, em diferentes partes do corpo… Por outro lado, os médicos que se deparam com uma doença pouco conhecida, ou uma complicação rara, podem apoiar-se cada vez mais em teorias explicativas, e então aplicar uma teoria geral para estabelecer o ‘tratamento correto’…tendo a expectativa de que este seja eficaz… ainda que nunca tenha sido usado. – A questão de se estar tornando mais difícil ou fácil entender tudo aquilo que se tem a entender depende de um equilíbrio entre 2 efeitos opostos do crescimento do saber: a abrangência de nossas teorias…e sua maior profundidade. A abrangência torna-as mais difíceis; a profundidade, mais fáceis.

FreudDevagar … mas sem hesitações… — a profundidade ganha terreno… – Não estamos nos afastando de um estado, em que alguém pode alcançar – tudo o que é compreensível… – mas antes, nos aproximando dele…Não acredito que estejamos pertoou que alguma vez cheguemos a estar de entender  tudo o que há…O que proponhoé a possibilidade de se compreender sua estrutura, mais do que seu conteúdo.

Mas, é lógico que a estrutura do nosso conhecimento – se pode ou não ser                            exprimível em…”teorias harmônicas”…num todo compreensível, depende,                          efetivamente, de como é a…”estrutura da realidade“, como um “todo”.

Para que nosso conhecimento possa continuar seu ‘crescimento aberto’, e ainda assim nos aproximarmos da possibilidade de uma “compreensão total” da realidade, a profundidade das nossas teorias tem de continuar crescendo…suficientemente rápido. Mas, isso só pode acontecer se a “estrutura da realidade” for em si mesma, muitíssimo unificada, de modo a que possamos compreendê-la cada vez melhor…à medida que cresce nosso conhecimento. E, se isso acontecer, nossas teorias tornar-se-ão tão gerais…profundas…e integradas entre si…que, para todos efeitos, se unificarão numa única “teoria estrutural da realidade“; que ainda não explicará todos aspectos da realidade – isso é inalcançável. Mas, abrangerá todas explicações conhecidas — aplicando-se a toda estrutura da realidade compreendida.

Enquanto todas teorias anteriores se relacionavam com áreas particulares,                        esta seria uma teoria de todas áreas… Não meramente uma ‘teoria de tudo’                        que alguns físicos de partículas tentam descobrir — ou seja — uma “teoria                    unificada” de todas conhecidas forças físicas básicaseletromagnetismo,                        gravidade e forças nucleares. Mas sim, uma autêntica…’Teoria de Tudo‘.

Descreveria todos os tipos de partículas sub-atômicas e suas propriedadestais como, massa, spin, carga elétrica, etc. e, como interagem entre si… — Dada uma descrição – suficientemente precisa, do estado inicial de qualquer ‘estado físico isolado’, iria, em princípio, prever o seu comportamento futuro. – Nos casos em que a exatidão fosse…intrinsecamente imprevisível…(princípio da incerteza),  descreveria todos os…comportamentos possíveis do sistema estudado…através da “probabilidade” … de suas variáveis.

Com efeito, na prática, os ‘estados iniciais de tais sistemas não podem, frequentemente, ser estabelecidos com muita precisão e…além disso…exceto nos casos mais simples, o cálculo de previsões seria demasiado complicado para que fosse levado a cabo…  Porém, mesmo assim… — tal teoria unificada das partículas e das forças… juntamente com uma especificação do estado inicial do universo quando do Big Bang… conteria, em princípio, informação bastante para prever tudo que pode ser previsto. Mas ‘prever não é explicar’.

O que motivaria, então, o uso do termo “teoria de tudo” para                   um pedaço de conhecimento tão restrito, ainda que fascinante?

Penso que outra perspectiva equivocada, é que a ciência seja…”reducionista“. O que significaria explicar as coisas…analisando-as em componentes. Tal concepção conduz, naturalmente, a uma classificação de objetos e teorias numa ‘hierarquia‘, em função      de quão próximas estão das teorias previsíveis conhecidas do ‘nível mais baixo’. Nesta hierarquia…lógica e matemática formam o ‘leito rochoso’ em que a ciência se constrói.      A ‘pedra fundamental’ seria a “teoria universal” das partículas, forças, espaço e tempo; embutida na ideia de um ‘estado inicial‘ do Universo. O resto da Física formaria os primeiros andares. Astrofísica e química, estão em um nível mais elevado com a geologia, ainda mais acima, e assim por diante. A construção ramifica-se em torres,    com áreas de níveis (bioquímica, biologia genética) cada vez maiores. – Por fim,    em instáveis…”telhados estratosféricos”…se encontram…”empoleiradas“…áreas como “evolucionismo, economia, psicologia, computação…e demais “noções afins”.

Não só pressupomos que a explicação consiste sempre em analisar um sistema, através  de outros sistemas mais simples e menores, como também que se faz em termos causais, de eventos posteriores, explicados por anteriores. Em termos didáticos, isto implica que: quanto maior a anterioridade dos acontecimentos, “melhor a explicação”de modo que, no fim das contas, as melhores são em termos do “estado inicial do universo“…Uma teoria de tudo que exclua uma especificação do ‘estado inicial do universo’, não é uma descrição completa da realidade física, porque fornece apenas ‘leis do movimento‘…e leis do movimento, por si só, fazem apenas ‘previsões condicionais‘…nunca dizendo, categoricamente, o que acontece, apenas o que poderá acontecer num dado momento, sabendo-se… “previamente” — o que estava acontecendo… noutro momento anterior.

Apenas no caso de se fornecer uma especificação completa do estado inicial, pode uma descrição completa da realidade física, a princípio, ser deduzida.

Acontece que as teorias cosmológicas atuais não fornecem uma especificação completa do estado inicial, nem sequer – a princípio, apenas afirmam efetivamente, que o universo era inicialmente muito pequeno, muito quente…e que tinha uma estrutura bastante uniforme. Sabemos porém, que não pode ter sido ‘perfeitamente uniforme’…pois seria incompatível, segundo a teoria – com a distribuição das galáxias que observamos…hoje em dia nos céus.  Variações iniciais de densidade (“granularidade) teriam sido incrementadíssimas pela “agregação gravitacional (regiões relativamente densas, teriam atraído mais matéria, tornando-se ainda mais densas) de modo que para o Universo não colapsar, teriam de ser muitíssimo rápidas inicialmente (superluminares)…Mas, por mais ligeiras que tenham sido, são da maior importância em qualquer descrição reducionista da realidadeporque  quase tudo que vemos ao redor – é consequência dessas variações físicas fundamentais.

Ou seja…para que nossa precária descrição reducionista abranja algo além                          das características mais incompletas do universo observado, precisamos de                        uma teoria que especifique estes“desvios fundamentais” da uniformidade.

hqdefaultEntretanto, independente das limitações  à previsibilidade… impostas pela ‘teoria quântica‘ – as leis do movimento…para qualquer sistema físico, não fazem senão ‘previsões condicionais’; sendo, portanto, compatíveis com todas estórias possíveis desse sistema. – Por exemploas leis do movimento que regem a bala…disparada de um canhão…são compatíveis…a todas trajetórias possíveis – na direção para as quais, o canhão poderia estar apontando.

Matematicamente, as ‘leis do movimento‘ podem ser expressas como um conjunto de equações, chamadas equações do movimento. Estas, têm muitas soluções diferentes, descrevendo cada uma delas…uma trajetória possível. Para especificar qual das soluções descreve a ‘trajetória efetiva‘, temos de fornecer dados complementaressobre o que efetivamente acontece…Uma maneira de fazer isso é especificar o estado inicial; neste caso, a direção em que o canhão apontava. Mas, também há outras formas. Por exemplo, poderíamos, igualmente, especificar o estado finala posição e direção do movimento da bala no momento em que cai no chão. Ou ainda, poderíamos especificar a posição do ponto mais alto da trajetória… – Não importa quais dados complementares informemos, desde que escolhida uma solução particular das equações do movimento. A combinação    de um desses dados complementares com as ‘leis do movimento‘…equivale a uma teoria, que descreve tudo o que acontece à…bala de canhão… – entre o “disparo”, e o “impacto”.

De modo similar, as leis do movimento para a realidade física, como um todo, teriam muitas soluções cada uma das quais, correspondendo a uma história distinta. Para definir a “descrição”…teríamos de especificar qual história de fato ocorreu, incluindo suficientes “dados adicionais” – que resultassem numa das diversas soluções de suas equações do movimento. Pelo menos nos ‘modelos cosmológicos simples’…um modo          de fornecer esses dados é especificar o ‘estado inicial‘ do universo. – Mas, também poderíamos especificar seu ‘estado final‘, ou o estado em qualquer outro momento;          ou ainda, alguma informação do ‘estado inicial’, alguma do ‘estado final’ – e também,      dos estados intermédios. Uma combinação suficiente de ‘dados complementares’,          com ‘leis do movimento’ … equivaleria a uma descrição completa da ‘realidade física’. 

Para a bala de canhão, uma vez especificado o estado final, é simples                          calcular o estado inicial, e vice-versa…de modo que não há diferença                              prática entre vários métodos de especificar “dados complementares”.                            Mas…para o universo…a maioria desses cálculos são “intratáveis“.

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Inferimos a existência de “granularidade” nas condições iniciais do universo, partindo de observações de hoje. Mas, isto é um caso excepcional. – A grande parte da percepção complementar do que ‘realmente’ acontece,  é na forma de “teorias de nível elevado” sobre “fenômenos emergentes“…que é, por definição, inexprimível em termos práticos como afirmações sobre o ‘estado inicial‘ do sistema…Por exemplo…na maior parte das soluções das “equações do movimento“… o ‘estado inicial do universo’ … não possui as propriedades adequadas ao surgimento da vida. – Logo, nosso conhecimento de que a vida evoluiu “efetivamente”…é uma parte significativa desses dados complementares. 

Podemos nunca saber o que esta restrição implica, especificamente, sobre a estrutura pormenorizada do Big Bang – mas, podemos retirar, diretamente, conclusões a partir    dela. Com efeito, a mais antiga estimativa precisa da idade da Terra foi feita com base      na teoria biológica da “evolução” – contradizendo a melhor física da época. – Só um “preconceito reducionista” poderia fazer-nos pensar que esta foi uma forma de algum      modo menos legítimo de raciocínio… Ou, que em geral… é mais fundamental teorizar    sobre o… “estado inicial” – do que sobre as “características emergentes” da realidade.

Mesmo no domínio da física fundamental, a ideia de que as teorias do ‘estado inicial’ contêm nosso conhecimento mais profundo – é falsa!… Uma das razões para isso…é excluir logicamente, a possibilidade de explicar o próprio estado inicial. — Por que o estado inicial foi o que foi apesar das explicações para muitos de seus aspectos?            Além do que, nenhuma teoria do tempo jamais poderá explicá-lo em termos de          algo anteriormesmo que tenhamos explicações profundas da natureza do tempo          em termos da teoria da ‘relatividade gerale ainda mais, da ‘teoria quântica‘. 

Consequentemente, o caráter de muitas das nossas descrições, previsões e                            explicações da realidade, não tem qualquer semelhança com a imagem do                          “estado inicial + leis do movimento”… a que o reducionismo nos conduz.

'beautiful pictures'Fenômenos emergentes são fenômenos dos níveis mais elevados — cujos fatos, não são simplesmente dedutíveis das teorias de níveis mais baixos…A razão pela qual áreas de níveis mais altos podem ser estudadas é que o comportamento…”prodigiosamente” complexo de vastos números de partículas, em circunstâncias especiais…se decompõe em simplicidade…e compreensibilidade. A isto chama-se emergência…a simplicidade do nível elevado, emerge da complexidade dos mais baixos. O propósito das “ciências de nível elevado”, é permitir-nos entender “fenômenos emergentes“… – como ‘vida‘,  e “redes sociais“. A “complexidade” nos impede de usar a física fundamental, para fazer previsões a nível elevado … de modo que em vez disso, estimamos as previsões. 

A ‘emergência‘ permite-nos fazê-lo com sucesso – tratando-se assim, por suposto, daquelas ciências de nível mais complexo.

Tanto a teoria quântica quanto a relativística não têm qualquer privilégio em relação a outras teorias sobre ‘propriedades emergentes‘. Nenhuma delas pode jamais apropriar-se das outras. – Cada uma tem implicações lógicas para outras…mas, nem todas implicações podem ser formuladas – pois trata-se de propriedades emergentes de seus domínios. Não obstante, não há razão para depreciar as ‘teorias de nível elevado’… – De fato, os próprios termos nível elevado e nível inferior são enganadores. — As leis da biologia, por exemplo, são consequências emergentes de níveis elevados de leis físicas. — Logicamente, porém … algumas dessas leis sãoinversamente — consequências “emergentes” das leis biológicas. Poderia até ser que…entre elas – as leis que regem os…fenômenos biológicos, além de outros fenômenos emergentes, definissem totalmente leis fundamentais da física. Entretanto, quando 2 teorias se relacionam logicamente…a lógica não dita qual delas que determina, no todo ou em parte, a outra…Isso depende das ‘relações explícitas’ entre elas.

As teorias verdadeiramente ‘privilegiadas’, não são as que se referem a qualquer escala particular de dimensão ou complexidade, nem aquelas          que se situam em qualquer nível particular da “hierarquia presumível”,  mas sim…as teorias que contêm as…”explicações mais profundas“.

Tanto para ‘reducionistas’ quanto para ‘empiristas’, a base da hierarquia de previsibilidade da física é por definição a “teoria de tudo”. Mas, o saber científico consiste basicamente, de explicações…e, a estrutura destas não reflete a “hierarquia reducionista”. – Há explicações em todos os níveis da hierarquia… – Muitas delas são ‘autônomas‘… referindo-se apenas a conceitos desse nível particular. Outras envolvem deduções na direção oposta à explicação redutiva. Isto é, explicam coisas não as analisando em partes menores e mais simples, mas encarando-as aspectos de coisas maiores e mais complexas, sujeitas a ‘teorias explicativas’.

A expectativa é que uma ‘teoria de tudo‘ herde praticamente toda                                        sua estrutura explicativa: conceitos físicos, linguagem, formalismo                          matemático, e a forma das suas explicações… das atuais teorias do                            “eletromagnetismo” … “forças nucleares” … e…”gravidade“.

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Dessas teorias, há 2 na física consideravelmente mais profundas, que todas as outras. A 1ª é a teoria geral da relatividade, teoria do espaçotempo e gravidade. A outra…a ‘teoria quântica‘, é ainda mais profunda. Estas 2 teorias nos fornecem o “quadro de referência” explicativo e formal pormenorizado dentro do qual, todas outras teorias da ‘física moderna’ se expressam.  Sua unificação, estabelecendo uma…teoria quântica da gravidade, tem sido há várias décadas expressivo projeto dos ‘físicos teóricos’. Pela extensão de suas ramificaçõesa teoria quântica é considerada a mais profunda; por isso é uma das 4 linhas principais, que compõe toda nossa atualcompreensão da realidade.

A estrutura da realidade, por suposto, não consiste apenas de ingredientes                          reducionistas como espaço, tempo, partículas; mas tambémpensamento,                  informação, vida e outras coisas — às quais essas explicações se referem.

O que torna uma teoria mais fundamental – e, menos derivativa…não é sua proximidade da base supostamente previsível da física… mas sim, sua proximidade das nossas teorias explicativas mais profundas. A teoria quântica’ é uma dessas teorias.  Mas as outras 3 linhas principais de explicação…através das quais, tentamos compreender a estrutura da realidade, são todas – do ponto de vista da física quântica – de um nível mais alto. – São elas…”teoria da evolução” (organismos vivos); “epistemologia” (conhecimento) – e, teoria da computação. Descobrimos conexões tão profundas e diversificadas, entre  os princípios básicos destas 4 aparentemente independentes áreas…que ficou impossível chegar à melhor compreensão de cada uma delas, sem que se compreendesse as outras 3.  Todas elas…tomadas conjuntamente…formam uma estrutura explicativa coerente – com um alcance tão grande e abrangendo parcela tão importante da nossa compreensão do mundo…que a consideramos, apropriadamente, a primeira genuína…”Teoria de Tudo“.

Sendo assim…concordaria em rejeitar a – ‘proposição inicial‘ – de que o crescimento do conhecimento está tornando o mundo cada vez menos compreensível, mesmo pensando que a questão realmente importante — não é se o que a nossa espécie particular entende, pode ser compreendido por cada um dos seus membros. – Mas, antes…se a estrutura da realidade em si, é mesmo unificada e inteligível...E, há todas as razões para crer que sim.

David Deutsch, do livro “The Fabric of Reality” (1997)                                                              (Tradução – Desidério Murcho) – fev/2012 (texto base                                    ****************************************************

A “Teoria do Construtor” (jul/2013)                                                                                  Enquanto uma abordagem reducionista da física baseada em equações diferenciais e condições iniciais, que remonta a Newton, propõe que o estado de um sistema, e sua dinâmica são fundamentais, a teoria do construtor propõe que fundamentalé tudo aquilo que é possível…ou não. Assim, o problema da ‘condição inicial’ – para a física,      passa a ser propriedade emergente das tarefas do construtor – cujas transformações recebem uma entrada (substrato) e a transformam numa saída (um outro substrato). 

teoria do construtor

Pioneiro na computação quântica, David Deutsch, da “Universidade de Oxford”passou grande parte de sua carreira buscando novos modos de fazer perguntas sobre o Universo.  Sua perspectiva para esta tão esperada “Teoria de Tudo” – com a pretensão de descrever    a natureza da realidade…une ideias em…cosmologia…filosofia…computação…e evolução.  Argumenta-se que essa tão esperada teoria poderia solucionar vários mistérios fundamentais, como por que o tempo flui apenas em uma direção; uma propriedade que não é exigida pela maior parte das leis físicas já tendo sido inclusive demonstrado, por exemplo, que…’eventos quânticos independem do espaço e do tempo. E, agora, Deutsch acaba de publicar um aperitivo mostrando o gosto que sua teoria poderá ter … quando completa; abrindo um…”livro de receitas”, que pode indicar um novo rumo para a Física.

“Regras de transformações”                                                                                                    Se a “Teoria Construtor” puder mostrar quais transformações são permitidas…e            quais não são, isto poderia explicar os próprios fundamentos da mecânica quântica.

De acordo com Deutsch – o problema com as teorias atuais – é que elas não explicam adequadamente por que algumas transformações entre “estados de ser” são possíveis,          e outras não Nós sabemos, por exemplo, que a tinta pode se dissolver na água, mas          não se junta espontaneamente de novoo que não sabemos é por que deve ser assim.  Deutsch propõe uma estrutura construída sobre as próprias transformaçõesem vez        de focar nos componentes em transformação. Chamado “Teoria Construtor”, este modelo define um ‘construtor‘ — como algo que cause transformações em sistemas físicos sem que ele próprio seja alterado; algo parecido com um ‘catalisador químico’.

O pesquisador então pergunta, quais transformações devem                          ser descartadas — para que se consiga atingir determinado                resultado‘, independentemente do construtor que as causou. 

Para Vlatko Vedral…colega de Deutsch em Oxford…essa visão pode ser considerada uma generalização da segunda lei termodinâmica. Essa lei abrange a propriedade da entropia,  que estabelece que a ordem leva à desordem em um sistema fechado. A entropia, por sua vez, implica que não podemos “voltar no tempo” … porque isso implicaria que a “matéria desordenada” – poderia se mover em direção à ordem. – A “chave” da Teoria Construtor, seria descobrir por que tal transformação é proibida… Segundo Vedral, ao fazer esse tipo de pergunta, Deutsch parece querer aplicar a noção de que, para todas leis físicas, alguns estados…simplesmente são inacessíveis, a partir de outros Para Deutsch, fundamentar tais bases poderia explicar por exemplo por que as leis da mecânica quântica são tão rigorosas de modo que, pequenas variações em sua descrição, podem levar a enormes contradições como à violação da velocidade da luz. Diz ele: “Tão logo modificamos a mecânica quântica, algo dá errado; por que isso?”Mas Vedral sabe bem disso, já tendo proposto uma “recriação mútua” entre a Física Quântica e Matrixalém de ter estudado implicações práticas, do tipo que define que… deletar dados pode resfriar computadores.

O que Deutsch parece buscar…é uma teoria que vá além de uma…”visão computacional”  do Universo – analisa Seth Lloyd físico e engenheiro mecânico do ‘MIT’ (‘Instituto de Tecnologia de Massachusetts’), ele próprio coautor da hipótese formulada junto com Deutsch, de que “máquinas do tempo do futuropodem ser detetadas hoje. (texto base********************************************************************************

‘Teoria do Construtor’ & ‘Aprendizado Profundo’                                                      David Deutsch – físico, pioneiro em computação quântica universal“…desenvolveu sua ‘teoria do Construtor’ com a ideia de explicar a unificação da realidade física em 4 partes móveis distintas: ‘física quântica’, ‘evolução’, universalidade de Turing, e ‘conhecimento’.

Física e matemática já usam “computação”, há um bocado de tempo. Modelos probabilísticos, simulações, cálculo numérico, transformadas e integrais numéricas, enfim…a quantidade de ‘ferramentas computacionais’ empregadas nas mais diversas teorias físicas são enormes. Mas quase sempre se entendeu computação como um ‘simulador de eventos’ ajudando para uma maior compreensão do que vem a ser ciência.

No fim das contas… o que os cientistas sempre buscaram foi uma explicação analítica na forma de uma relação…uma descrição matemática dos fenômenos naturais. A computação sempre foi um modo de se chegar a isso, e não o ‘objetivo final’…O objetivo da física é uma teoria analítica que descreva a realidade. Mas talvez as leis da física, necessariamente, não precisem ser encaradas como fórmulas analíticas‘, do tipo (F = m a) talvez possam ser vistas como “códigos programáveis”. – Nesse caso, entrariam outros tipos de relações…ou condições na física; por exemplo a “conservação de energia”, ou ainda “inequações”, como a 2ª lei termodinâmica…”Entropia sempre aumenta”. Esses 2 últimos exemplos, mostram caminhos de transformações para tais códigosa princípio, impossíveis de se percorrer.

Em 2012, Deutsch e sua colega Chiara Marletto propuseram a…”Teoria do Construtor”,      cuja característica crítica é ser um modo de explicação diferente da física convencional:    um…”metaconceito”…que leva ao insight de que pode haver muitas novas maneiras de explicar as coisas. E assim, Deutsch coloca a diferença entre explicação boa e outra má:

“Sempre que for fácil variar uma explicação, sem mudar suas previsões,                              pode-se facilmente variar para fazer previsões diferentes, se necessário.”

Mas, será que assim seria possível reescrevermos toda a físicacom base                            nesse princípio, de considerar possíveis ou impossíveis declarações sobre                          certas ações? Em síntese, esse ‘construtor universal’ forneceria uma nova                            visão para toda física, servindo como ferramenta em vários situações…na                              busca da solução de dilemas fundamentais, como a gravidade quântica?  

Modelos ‘Descritivos’, ‘Discriminativos’, e ‘Generativos’ do Mundo                      “Precisamos tornar o princípio de Turing fundamental na física” (D. Deutsch)

A…”Teoria do Construtor”…é definida em termos de uma ‘álgebra de tarefas’, onde cada tarefa contém um par de estados de entrada e saída…e, executa transformaçõesque são possíveis ou impossíveis“Modelo generativo” é o modo de explicação utilizado por uma teoria da transformação, descrevendo as que podem, ou nãoser geradas; e por quê É um ‘modo ascendente’ de explicação computacional‘ – que…na realidade — não é…’exatamente novo’.

Essa ideia de “universo computacional” começou com Alan Turing — o pai da ciência da computação, ao descrever matematicamente um… “computador universal” – como uma máquina hipotética, capacitada para realizar qualquer tipo de computação…Depois dele, outro gênio da computação, John Von Newman, elaborou a descrição de um construtor universal‘ – uma extrapolação do computador universal  capaz de construir qualquer coisa…inclusive a si mesmo. Turing já havia demonstrado a possibilidade de uma classe    de automação, que produz limites à ‘previsibilidade comportamental’. – Sendo a ‘Teoria do Construtor’ uma generalização da computação, uma ilustração da capacidade teórica dessa indecidibilidade” é dada pela oportunidade de “uma tarefa possível ser composta      de outras impossíveis”…como no caso das ‘leis de conservação’. Tal foi a inspiração para  uma teoria do…”construtor quântico” – assumindo que as ‘leis físicas’, necessariamente,    não precisam ser‘fórmulas analíticas’, podendo também se caracterizar por…‘códigos’.

Trabalhando a nível de “princípios” (leis que restringem leis), a Teoria do Construtor de Deutsch e Marletto emprega aqueles centrados na informação – para então, a partir daí, reconstruir a física. – Um exemplo desse tipo de princípio é a‘conservação de energia’, cuja informação de um problema específico com “modelos generativos”pode levar, de fato, ao uso de um Aprendizado Profundo, para simular fenômenos físicos mais reais.    Exemplificando, a “física quântica” é citada como um meio de informação…onde cópias precisas são proibidas… Porém, surpreendentemente, o “Deep Learning” seria capaz de “mimetismo”, embora a questão pragmáticahoje em debate nas ciências e engenharia, seja a validade deste artifício para simulaçõesfísica, química, ou biologia da realidade.

O Deep Learning aprende uma forma difusa de gráfico de causalidade…que se baseia exclusivamente na “indução” – a qual, não é capaz de substituir explicações errôneas.    Portanto…sendo a negação uma necessidade da lógica para expressar o impossível, a indução – por si só, não contém componentes essenciais necessários à descoberta do conhecimento…Estaria faltando, obrigatoriamente, uma “engenhosidade”, que pode          ser expressa através de…explicações contrafactuais  – por natureza…não indutivas.

Da exploração de Deutsch sobre: o que é uma boa explicação – ele descobre uma forma alternativa de explicar a realidade, mais poderosa do que a forma convencional. O modo convencional de explicação é … “prever o que acontecerá a partir das condições iniciais e das leis do movimento”. Deutsch e Marletto porém, argumentam que os ‘estados iniciais’ não são fundamentais. – A seguir, usaram a Teoria do Construtor como um “mecanismo unificador” para explicar tópicos díspares — como … física quântica, probabilidade, vida, termodinâmica e informação; fornecendo também estrutura mais geral para descrever a “computação”… — expandindo sua compreensão — para além de todas aplicações atuais.  Ao ser capaz de explicar o conceito de informação – em vez de tratá-lo como um axioma, como na maioria das outras teoriasa Teoria do Construtor nos força a perguntar: “que tipo de computação, certas áreas intuitivas de pesquisa, como ‘Aprendizagem Profunda’,    eCiência Cognitivaestão produzindo?… – Tais ‘máquinas intuitivas’ realizam um novo tipo de computação (diferente da ‘clássica’ e da ‘quântica’)?… Enfim, poderia a Teoria    do Construtor fornecer nova perspectiva, na explicação da…’complexidade emergente’?”

CausalidadeProbabilidade & “Complexidade Emergente”                “Informações são propriedades contrafatuaisde um sistema físico”.

Deutsch argumentou, na palestra “Física sem Probabilidade”, sobre o modo de explicação da probabilidade. – Segundo ele: “Quando pensamos sobre como é o mundo, e ainda mais…ao pensarmos sobre leis da natureza, o modo probabilístico de explicação do mundose reduz simplesmente a uma ilusão”.

Para Deutsch, sem base na realidade, o uso da probabilidade como modo de explicação é extremamente falhoA maneira adequada de extrair algum valor das ideias de probabilidade, seria interpretá-la apenas como… níveis de suporte. Ele oferece então…uma abordagem da “teoria da decisão“, como sendo o substituto imediato para o ‘raciocínio probabilístico’.

Partilhando semelhança com a ‘cognição’, Daniel Dennett descreve a universalidade e a evolução de Turing como“inversão do raciocínio”. Como a evolução leva a uma maior complexidade a partir das pressões da seleção natural, deriva genética, mutação e fluxo gênico?…Como os mesmos processos evolutivos, levam à completa cognição humana? Compreender a conexão com esses 2 mundos díspares é fundamental…Até que ponto a capacidade de clonagem da informação pode ser aplicável à cognição biológica? Talvez, tanto no contexto de incerteza, quanto na existência de modelos próprios, uma postura intencional robusta requeira algoritmos que funcionam bem. E depois, há a questão de saber o que impulsiona as formas complexas de“vida multicelular”. E, esse problema        é análogo à questão de saber: o que impulsiona o comportamento cognitivo complexo?

A Teoria do Construtor requer que a ‘auto-reprodução’, em contextos como evolução          e cognição, inclua modelos computacionais discretos o que leva à investigar…onde          estão os modelos discretos em ‘Deep Learning’ ou ‘cognição’. Com efeito, existe uma relação entre o requisito de modelos computacionais discretos…com o conceito de emergência, cujo mecanismo sugere acúmulo adjacente de conhecimento possível,          o qual, serve como ‘trampolim’…ao próximo nível de capacidade. – E, pela Teoria do Construtor, isso só é possível quando o conhecimento é ‘clonável’ de forma segura, e portanto, de uma forma discreta…Segundo Chiara Marletto (em “Vida sem Design”):

“É ideia fundamental da teoria do construtor, que qualquer transformação                          não proibida por leis físicas pode ser obtida com conhecimento necessário”.

Nainferência causalde Judea Pearl explicações do mundo são construídas através de gráficos representando a “causalidade”; a partir daí, podemos então aplicar ‘testabilidade’ às nossas explicações. No degrau mais alto da “hierarquia causal” de Pearl estão suas “críticas contrafactuais”. – Deutsch aplicaria tal argumento na sua ‘Teoria do Construtor’. Teorias explicativas com tais implicações contrafactuais seriam então mais fundamentais do que previsões do que acontecerá. — Essa discrepância entre modos predominantes de demonstração, baseada na “indecidibilidade” de Turing (computação)e “incompletude” de Gõdel (prova aritmética)…pode ser ilustrada no domínio dos fenômenos emergentes.

Para Deutsch, a determinação de uma impossibilidade, teoricamente,                        depende da conceituação de sistemas – que contam com o requisito de                                um substrato computacional infinito, o que obviamente não é possível                                no mundo físico. Na verdade, essa observação explica seu argumento                                    de que – todas as ‘provas abstratas’…dependem da física. (texto base)        ******************************************************************

Desconstruindo a “Teoria do Construtor”                                                                          Muitas leis da física…como a ‘relatividade geral’…foram derivadas de intuições                      que podem ser formalizadas por construtores. Será então, que as equações que consideramos fundamentais, emergem simplesmente como sua consequência?

Picasso - Mulher com flor (1932)

Picasso – Mulher com flor (1932)

Adeptos da teoria do construtor“…argumentam que embora ‘descrições dinâmicas’ sirvam para corpos inanimados, não fazem sentido quando se trata decoisas vivas, informações e calor; todas emergentes de uma dinâmica, que não as explica. Estas, porém, são perfeitamente descritíveis com  a teoria dos construtores…uma vez que envolvem transformações no tempo – o que representa…na prática – exatamente uma…”equação diferencial”. Além disso, a nova teoria também propõeque a dinâmica falha em considerar “contrafactuais”, essencialmente, todas as coisas que poderiam ter acontecido, além do que aconteceu. – Ao tratar o Universo como uma rede de construtores aptos a realizar tarefas de transformaçãoa teoria inclui nele todas possibilidades, inclusive contrafatuais.

Do ponto de vista da teoria da informação, a teoria é interessante porque parece capturar algo essencial sobre como as pessoas pensam sobre as leis da… “física” – frequentemente apresentada como um conjunto de equações, consideradas ‘leis fundamentais’ – mas que seriam simplesmente modelos preditivos. Apesar da plausibilidade da teoria, como um todo, existem 3 falhas – que contam a favor da dinâmica reducionista da condição inicial:

1) A física já tem maneiras de reconciliar a dinâmica com a previsibilidade

É chamada de teoria da probabilidade ou, mais especificamente, “mecânica estatística”.      O objetivo da ‘mecânica estatística’ é fornecer uma base reducionista e newtoniana das        leis da termodinâmica. Deutsch sugere que essas leis são falhas…porque emergem        da noção de motor. Entretanto, este contém propriedades que implicam no construtor.

Um dos problemas na tentativa da teoria do construtor de “redesenhar” a termodinâmica,  é que os físicos estatísticos já fizeram isso. As leis termodinâmicas têm 2 séculose todos sabem quais seus problemas: ‘Teorema de flutuação/dissipação‘…’mecânica estatística de não equilíbrio‘ e ‘processos de Markov’ antecedem à teoria do construtor, portanto, quem trabalha na área não precisa de uma nova teoria para corrigir problemas, já corrigidos…e, dificilmente substituirá ‘ferramentas matemáticas’ usuais… – por uma vaga terminologia.  Entender “contrafactuais” e o “reino do possível” é a essência da “teoria da probabilidade”  e da ‘estatística’. – Cada conjunto estatístico contém um grande número de estados…que, virtualmente, nunca acontecem, e ainda são “possíveis”. – Cada estágio de uma cadeia de Markov tem muitas possibilidades codificadas em sua distribuição de probabilidade. — A mecânica estatística tem sido extremamente bem-sucedidaem explicar a conexão entre    a dinâmica newtoniana, e as observações macroscópicascomo: temperatura, pressão, e transições de fase – como fusão ou congelamento. – E ela consegue isso… determinando, não só o que é possível ou impossível mas, o quão prováveis são ​​essas ‘transformações’.

Teóricos do construtor argumentam que a mecânica estatística é vaga, sobre o que constitui uma “escala macroscópica”, mas isso é realmente falso. Enquanto teorias estatísticas clássicas estão sujeitas à “lei dos grandes números”, ou seja, se tornam        mais precisas, quanto mais átomos ou moléculas no sistema; as teorias mecânicas estatísticas mais recentes focaram nas transições de estado para nºs arbitrários de moléculasObviamente a ‘transição de estado’ é bem parecida com uma tarefa do construtor, mas possui uma relação mais definida com a dinâmica…de uma forma probabilísticaTais teorias permitiram o estudo de sistemas estatísticos mínimos, compostos de apenas um punhado de moléculas…Na mecânica estatística clássica,      noções comuns como “equilíbrio”, desaparecem nessas escalas; sendo essas ideias,      entãoparecidas com a teoria do construtor mas foram inventadas muito antes.

A teoria do construtor pode ser uma generalização?…Talvez, mas ao generalizar, muita        utilidade se perde. A mecânica estatística…na forma de não equilíbrio, pode nos dizer    como a vida ocorre…e como ela permanece viva talvez até fornecendo uma definição        do que a vida é…(ou, mais provavelmente…alguma medida de quão…“vivo”…algo está).

2) A física é útil sobretudo na medida em que pode fazer previsões

Newton desenvolveu sua física, da maneira como foi feita, porque foi capaz                          de fazer previsões sobre muitas coisas — a partir de algumas leis simples.            Entretanto, as previsões vão muito além dos problemas de condição inicial.

Muitos dos problemas em físicanão podem ser descritos como problemas de…”condição inicial”. Por exemplo problemas sobre “condições de contorno” são comuns na “dinâmica dos fluidos”, onde o comportamento de qualquer coisa requer uma descrição completa de seus limites. – Aí, as ‘condições iniciais’ importam menos — do que os limites que contêm e restringem o fluido. — A teoria do construtor…até agora…não produziu muita capacidade de previsão, e fica difícil saber exatamente como isso poderia ser conseguido.

A maioria das pessoas que usa a física no dia-a-dia está interessada em predizer coisas, não em entender a gama de possibilidades dentro do universo. Para levar um foguete à lua, usamos as leis de Newton. No entanto, suponha que eu queira prever algo que não seja facilmente reducionista: como o comportamento de uma bactéria, por exemplo. A teoria do construtor daria esse poder?… Provavelmente não. – Desse modo, esta teoria      não parece adicionar muito, ao conjunto de ferramentas habituais, do usuário da física.

3) A teoria do construtor não resolve os problemas que afirma resolver

Apesar das alegações de resolver uma série de problemas na física, como a conexão entre sistemas quânticos e clássicos (sistemas híbridos) e a irreversibilidade na termodinâmica, não está claro se a teoria do construtor resolve qualquer um desses problemas melhor do que soluções reducionistas, as quais seguem sendo as mais específicas nesses subcampos.

Muito embora existam interpretações da física quântica que certamente inibem sistemas híbridos há outras (superdeterminismo, por exemplo) que não fazem distinção entre quântico e clássico. Para uma ‘abordagem reducionista’, o comportamento macroscópico clássico emerge da física quântica de alguma forma (por exemplo, na decoerência). Num modo ideal de interpretar…não deveria haver qualquer distinção fundamental entre os 2.

Enquanto isso, a irreversibilidade…é um problema complicado na física, que requer definições de… por que o tempo avança…sem nunca retroceder. Mas há quem acredite ser este mecanismo, um artifício de armazenar informações, tal como o cérebro, e o avanço do tempo é, na verdade, uma ilusão do crescimento de informação. O tempo assim poderia retroceder de vez em quando. Aliás, foi observado este fenômeno em ‘sistemas estatísticos’ do tipo molécula, em clara violação da 2ª lei da termodinâmica.

A “teoria do construtor” tenta resolver o problema da termodinâmica          quântica…usando tarefas próprias, e tornando seu reverso impossível; o                          que talvez fosse compatível à probabilidade teórica do caminho no espaço                          de fase. Novamente então, a teoria do construtor se confunde ao trabalho                          já realizado para os “sistemas de não-equilíbrio” na mecânica quântica.

Filosoficamente a teoria do construtor é interessante por mostrar que talvez estejamos muito focados em ‘equações’ – e devêssemos nos basear em afirmações mais intuitivas sobre o universo do qual essas equações derivam. Talvez isso ajudasse a evitar “teorias      de tudo”, que parecem ser nada além de equações…Contudo, o ‘construtor’ busca fazer coisas que a ‘teoria estatística do desequilíbrio quântico‘ já consegue. São semelhantes,    no sentido de se concentrarem nas…”transições de estado, “distribuição de transições possíveis”…e menos “condições iniciais”. Mas, por outro lado, “teorias quântica de não equilíbrio” se encaixam no paradigma reducionista das condições iniciais.  (texto base****************************(texto complementar)*******************************

Uma nova ideia de como montar a vida (mai/2023)                                                          A teoria da montagem explica por que, dadas as possibilidades combinatórias aparentemente infinitas…observamos apenas um certo subconjunto de objetos                  em nosso Universo. Ela se desenvolveu… em parte, para anular a suspeita do                    químico Lee Cronin… de que: “as ‘moléculas complexas’ não poderiam emergir                      para a existência, simplesmente porque o espaço combinatório é muito vasto”.

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“Europa” (Imagem: NASA/JPL-Caltech/SETI Institute)

A vida em outros mundos (‘se existir’) pode ser tão estranha … a ponto de se tornar irreconhecível. – Nada garante que uma biologia alienígena utilizaria as mesmas químicas da Terra – isto é, blocos de construção do tipo: DNA, e proteínas…assinaturas de tais formas de vida podem ser identificadas – até sem sabermos que são biológicas. E o problema está longe de ser hipotético. Em abril, a espaçonave Juice, da ESA decolou rumo a Júpiter, e suas 3 luas geladas…Ganimedes, Calisto, Europa.

Uma dessas luas…Europa, tem um oceano profundo e salgado sob sua crosta congelada e está entre os lugares mais promissores do ‘sistema solar’ para procurar…”vida alienígena”. Ano que vem, outra sonda será lançada (“Europa Clipper” da NASA) – dessa vez, visando exclusivamente…”Europa”. Ambas as sondas têm a bordo instrumentos para buscar as impressões digitais de moléculas orgânicas complexas: possível indício de vida sob o gelo. E em 2027 a NASA planeja lançar um helicóptero, tipo drone, chamado “Dragonfly” para zumbir sobre a superfície da lua de Saturno, Titã, um mundo nebuloso e rico em carbono com lagos de hidrocarbonetos líquidos; que podem hospedar tipos de vida bem diferente.

Estas e outras missões em vista enfrentarão o mesmo obstáculo que…desde a primeira tentativa de procurar sinais da biologia marciana com os landers vikings, na década de 1970, atormenta os cientistas: a falta de uma assinatura definitiva de vida. Isso, porém, pode estar prestes a mudar. Em 2021, um grupo liderado por Lee Cronin (da Glasgow University), e Sara Walker (da Universidade Estadual do Arizona), propôs uma forma muito geral de identificar moléculas de sistemas vivos; mesmo aqueles que empregam químicas desconhecidas… O método assume que: “formas de vida alienígenas deverão produzir moléculas com uma complexidade química semelhante à da vida na Terra”.   

Chamada “teoria da montagem“, sua estratégia tem objetivos ainda maiores. Como exposto em recente série de publicações ela tenta explicar por que coisas a princípio improváveis (como seres vivos) existem – buscando tal explicação, não da forma usual    na físicaem leis físicas atemporais, mas em um processo que impregna os objetos de histórias e memórias do que veio antes deles. Busca assim, inclusive, responder a uma pergunta que há milênios deixa perplexos cientistas e filósofos: O que é a vida afinal?

Não surpreendentemente, um projeto tão ambicioso despertou ceticismo. Seus autores ainda não explicaram como pode ser testado em laboratório e há quem pergunte se a teoria pode mesmo cumprir suas mais básicas promessas … de distinguir a vida da não-vida, e pensar sobre a complexidade de uma nova forma. Mas outros acham que, sendo esses seus primeiros dias – há ainda uma chance real de que ela possa trazer uma nova perspectiva à questão de como a complexidade surge e evolui. “É divertido se envolver”, disse o teórico evolucionista David Krakauer – presidente do “Instituto Santa Fé”. Para ele, a teoria da montagem oferece uma maneira de descobrir as ‘histórias contingentes’  dos objetos questão ignorada pela maior parte das “teorias da complexidade” que tendem a se concentrar no modo como as coisas são…mas não em como ficaram assim. 

Na Ordem das Coisas                                                                                                                  “Vivemos em um universo recursivamente estruturado…cuja estrutura deve ser construída com base na memória passada. Informações são construídas ao longo do tempo.” (Walker)

Walker vinha lutando com a questão da ‘origem da vida’… intimamente ligada à fabricação de … “moléculas complexas”: por serem estasem organismos vivos, complexas demais para se montar ‘ao acaso’. Algo, ponderou Walker, deve ter guiado esse processo… antes mesmo da seleção darwiniana assumir o controle. Uma coisa é ser possível criar um corpo conforme as leis da física; outra é haver um modo de produção, a partir de seus componentes…A teoria da montagem começou quando Cronin perguntou por que, considerando o nº astronômico de maneiras de combinar átomos diferentes — a natureza produz algumas moléculas — e não outras.

Cronin e Walker uniram forças depois de participar de um workshop de astrobiologia da NASA em 2012. – Como lembrou Cronin: “Estávamos discutindo teoria da informação e vida, e caminhos mínimas para construir máquinas auto-replicantes – e ficou claro para mim que convergíamos para o fato de que faltava uma ‘força motriz’, antes da biológica”. Agora, dizem eles, a ‘teoria da montagem’ fornece um relato matematicamente preciso e consistente da aparente contingência histórica de como as coisas são feitas. Ou seja… há uma ordem específica a partir da qual surgem os objetos. – Pode parecer intuitivamente óbvio, mas algumas perguntas sobre a “ordem das coisas” são bem difíceis de responder:    Os dinossauros tinham que preceder as aves?…Mozart teve que preceder John Coltrane? Podemos afirmar quais moléculas…necessariamente, precederam o DNA e as proteínas?

Quantificando a complexidade                                                                                                “Índice de montagem” (IA) é o nº mínimo de passos necessários                                             para se conseguir criar um objeto, a partir de seus componentes.

A “teoria da montagem” faz a suposição aparentemente incontroversa de que objetos complexos surgem da combinação de muitos objetos mais simples. A teoria diz que é possível medir objetivamente a complexidade de um objeto, considerando como ele          foi feito, isto é… calculando o número mínimo de passos necessários para obtê-lo – a partir de seus componentes (“índice de montagem”). Pode-se assim definir um “grau        de complexidade”…pelo nº de passos necessários para sua formação. — Coisas muito complexas podem surgir de processos de montagem aleatórios como, por exemplo, moléculas similares a proteínas ligando vários “aminoácidos primitivos”, em cadeias.

Mas, em geral, tais moléculas aleatórias não farão nada de muito interessante…tal como  se comportar como enzimas; e as chances de se obter 2 moléculas idênticas dessa forma, são bastante reduzidas. “Enzimas funcionais”…no entanto, são feitas de forma confiável regularmente na biologia, por não serem montadas ao acaso, mas a partir de instruções genéticas – herdadas através de gerações. Portantoembora achar uma única molécula altamente complexa não diga nada sobre como ela foi feita, encontrar muitas moléculas complexas idênticas é improvável – a menos que algum…’processo orquestrado’ (talvez, quem sabe…a vida) esteja em ação. Cronin e Walker descobriram que, se uma molécula      é abundante o suficiente para ser detectável – então, seu “índice de montagem” poderia    de fato indicar se ela realmente foi produzida por algum tipo de…”processo organizado”.

montagem

A teoria da montagem explica por que, dadas as possibilidades combinatórias aparentemente infinitas, observamos apenas um certo subconjunto de objetos em nosso universo (Samuel Velasco/Revista Quanta)

Medida do Trabalho da Vida                  Foi necessário um método experimental, rápido e fácil para determinar os índices      específicos … ( I.A.) … de cada molécula.

Usando um banco de dados de estruturas químicas os pesquisadores elaboraram uma maneira de calcular o ‘nº mínimo de passos necessários’, para poder construir  as mais variadas ‘estruturas moleculares’. Os resultados mostraram que: moléculas relativamente pequenas têm o “índice de montagem”praticamente proporcional    ao “peso molecular”. Porém, essa relação deixa de existir para moléculas muito maiores.

Nesses casos, eles descobriram que poderiam estimar o índice IA usando espectrometria de massa; técnica já empregada no rover Curiosity, da NASA, para identificar compostos químicos na superfície de Marte, e pela sonda Cassini, (NASA) para estudar moléculas que irrompem de ‘Encélado’. A espectrometria de massa normalmente “quebra” grandes moléculas. Durante o processo, tais moléculas – com altos IAs, se repartem em misturas mais complexas de fragmentos do que aquelas com baixo IA (como polímeros, simples e repetitivos). Desse modo, foi possível determinar de forma confiável uma IA – com base na complexidade do espectro de massa de uma molécula. Quando entãoa técnica foi testada – descobriu-se que várias misturas complexas de moléculas…feitas por sistemas vivos — normalmente tinham IAs médias significativamente mais altas do que minerais,    ou orgânicos simples. Entretanto…mesmo sendo a análise suscetível a “falsos negativos”,    o experimento não produziu “falsos positivos”, ou seja, os sistemas abióticos não podem reunir IAs suficientemente altas para imitar a biologia. Pode-se então, concluir que – se, por acaso, uma amostra com alta IA molecular, algum dia, for medida em ‘outro mundo’,  é bastante provável se tratar de uma entidade que poderíamos considerar como “viva”.

A espectrometria de massa só funcionaria em pesquisas astrobiológicas, com acesso a amostras físicas, ou seja… ‘missões de pouso’ – ou alguns orbitadores, como o Europa Clipper que podem captar e analisar moléculas ejetadas da superfície de um mundo extraterrestre. Mas agora, surgiram 2 outras técnicas oferecem resultados consistentes para a medida de “IAs moleculares”. Uma delas … a “espectroscopia de infravermelho”, poderia ser utilizada por instrumentos, como os do “Telescópio Espacial James Webb”. Todavia, isso ainda não significa que tais métodos de deteção molecular ofereçam uma perfeita “régua de medição”, variando de rocha a réptil. Hector Zenil, biotecnólogo e cientista da computação em Cambridgedestacou que a substância com a maior IA de todas as amostras testadas pelo ‘grupo de Glasgow’…substância que, por tal referência, poderia ser considerada a mais “biológica”… na verdade não era bactéria… Era cerveja.

Livrando as amarras do “determinismo”                                                                            “Estamos tentando fazer uma teoria que explique como a vida surge da química,                    e fazer isso… de uma maneira rigorosa — e empiricamente verificável”. (Cronin)

A “teoria da montagem” prevê que objetos complexos (como nós) não podem surgir isoladamente…só podendo ocorrer em conjunto com outros. E isso faz sentido intuitivo.    O Universo nunca poderia produzir apenas um único ser humano … tinha que fazer um monte de nós. Ao contabilizar entidades específicas e reais, como os humanos em geral,      a física tradicionalalém de fornecer as “leis da natureza”, assume que seus resultados específicos possuem condições iniciais específicas. – Neste sentido, devemos, de algum modo, ter sido codificados nos primeiros momentos do Universo. Mas isso, certamente requer condições iniciais extremamente afiadas…ao tornar inevitável o Homo sapiens.

A teoria, dizem seus defensores, escapa desse tipo de quadro superdeterminado…Aqui,      as condições iniciais não importam muito. Em vez disso, a informação necessária para fazer corpos (como seres vivos) não estava no início, mas foi se acumulando, durante o processo de gênese da “evolução cósmica”… nos livrando de pôr toda responsabilidade        na “afinação” de um “Big Bang”…Como disse Walker: “A informação está no ‘caminho’,        e não nas condições iniciais”. Mas, Cronin e Walker não são os únicos cientistas que tentam explicar como as chaves para a realidade observada podem não estar nas ‘leis universais’, mas nas maneiras como alguns objetos são montados…ou ‘transformados’    em outros. Sobre isso…a física teórica Chiara Marletto (‘Universidade de Oxford’) está desenvolvendo com o físico David Deutsch uma ideia parecida. A abordagem, que eles chamam de “teoria do construtor”, e que Marletto considera “próxima em espírito” da “teoria da montagem”, considera quais tipos de transformações são possíveisou não.

De acordo com Cronin“A teoria    do construtor trata do‘universo      de tarefas’… que estariam aptas a realizar certas transformações…o  que também poderia ser pensado como um tipo de limite, de tudo aquilo que, de acordo com as leis  físicas…poderia então acontecer”.

Segundo o químico da universidade escocesa, a ‘teoria da montagem‘ adiciona os componentes “tempo”    e…“história” — a essa…”equação”.

Para explicar por que alguns objetos são feitos, mas outros não, a teoria identifica uma hierarquia com 4 grupos distintos. No universo da montagem…todas as permutações    dos “blocos de construção” básicos são permitidas. – Na Montagem Possível…as leis físicas restringem taiscombinações  de modo a apenas viabilizar alguns específicos objetos. Agora… é a vez do “Contingente de Montagem” reduzir aqueles fisicamente permitidos – escolhendo os que podem…de fato…ser montados ao longo de todos os caminhos possíveis. E então, finalmente, a “Montagem Observada”, inclui apenas os processos de montagem que geraram os “objetos específicos”  realmente observados.

A teoria da montagem explora a estrutura de todos esses universos…usando ideias do estudo matemático de “grafos“, ou redes de nós interligados. Para entender como os processos de montagem operam nesses “universos significantes”…considera-se como exemplo que a “evolução darwiniana” é tida normalmente como algo que “aconteceu” quando surgiram por acaso moléculas replicantes; visão que corre o risco tautológico,    pois parece dizer que — “a evolução começou quando surgiram moléculas evolutivas”.    Por conta disso – como explicou Marletto: “defensores das teorias da montagem e do construtor buscam a compreensão quantitativa da evolução enraizada em leis físicas”.  Pela “teoria da montagem”  antes que a evolução darwiniana possa prosseguir, algo      deve ser selecionado para várias cópias de objetos da Montagem Possível…de alta IA.    Para Cronin – apenas a química é capaz disso ajustando moléculas relativamente complexas em um pequeno subconjunto. As reações químicas comuns já selecionam certos produtos de todas permutações possíveis; tendo taxas de reação mais rápidas.

As condições específicas no ambiente prebiótico como temperatura ou superfícies minerais catalíticas — poderiam assim ter começado a ganhar o status de precursores moleculares da vida entre aqueles na “Assembleia Possível”. – De acordo com a teoria          da montagem, tais preferências prebióticas serão lembradas nas moléculas biológicas atuais … codificando assim sua própria história. – Uma vez que a ‘seleção darwiniana’ assumiu o controle, ela favoreceu os objetos que eram mais capazes de se replicar; no ‘processo evolutivo’, com efeito, tal codificação da história tornou-se ainda mais forte.

É justamente por isso … que as estruturas moleculares das proteínas e do DNA podem ser usadas para fazer deduções sobre relações evolutivas dos organismos. E assim, a teoria da montagem fornece uma estrutura para unificar descrições de seleção…em física e biologia. Quanto mais ‘montado’ um objeto mais seleção é necessária para que ele venha a existir.

Uma medida para governar todas?                                                                                        “O que está faltando nessas medidas de complexidade anteriores é um sentido da história do objeto complexo…elas não distinguem entre uma enzima e um polipeptídeo“. (Cronin)

Krakauer diz que tanto a ‘teoria da montagem’ quanto a ‘teoria do construtor’, oferecem novas estimulantes formas de pensar sobre como objetos complexos poderiam surgir na existência. Ele explica que: “Tais teorias são mais do tipo ‘telescópio’ do que ‘laboratório de química’. – Elas nos permitem ver as coisas, mas não fazer coisas…o que, na verdade, não é ruim, e pode até ser muito bom; porém, como toda ciência, a prova está no pudim”.

Hector Zenil, por sua vez, acredita que, diante de uma lista já considerável de métricas de complexidade, como a ‘complexidade de Kolmogorov’…a teoria da montagem está apenas ‘reinventando a roda’. Marletto, porém, discorda, argumentando que: “Há várias medidas de complexidade ao redorcada uma capturando uma noção diferente de complexidade”Mas a maior parte dessas medidas, não está relacionada a processos do ‘mundo real’…Por exemplo, a ‘complexidade de Kolmogorov’ pressupõe um tipo de dispositivo…que poderia reunir qualquer coisa permitida pelas leis físicas… É uma medida adequada à “Montagem Possível”, mas não necessariamente à “Montagem Observada”. – Por outro lado, a “teoria da montagem”… é uma abordagem promissora – porque se concentra em…”propriedades físicas”… bem definidas operacionalmente – em vez de noções abstratas de complexidade.

Cronin e Walker esperam que a finalidade da teoria da montagem seja abordar questões muito amplas da física, como a natureza do tempo e a origem da 2ª lei da termodinâmica; mas esses objetivos ainda estão distantes. “O programa de teoria da montagem ainda está engatinhando”, concluiu Marletto…A pesquisadora ainda espera ver a teoria ser posta em prática em laboratório, contudo, isso também pode acontecer na natureza na busca por processos realistas que acontecem em mundos alienígenas. Quantamagazine’ (texto base)

Sobre Cesar Pinheiro

Em 1968, estudando no colégio estadual Amaro Cavalcanti, RJ, participei de uma passeata "circular" no Largo do Machado - sendo por isso amigavelmente convidado a me retirar ao final do ano, reprovado em todas as matérias - a identificação não foi difícil, por ser o único manifestante com uma bota de gesso (pouco dias antes, havia quebrado o pé uma quadra de futebol do Aterro). Daí, concluí o ginásio e científico no colégio Zaccaria (Catete), época em que me interessei pelas coisas do céu, nas muitas viagens de férias ao interior de Friburgo/RJ (onde só se chegava de jeep). Muito influenciado por meu tio (astrônomo/filósofo amador) entrei em 1973 na Astronomia da UFRJ, onde fiquei até 1979, completando todo currículo, sem contudo obter sucesso no projeto de graduação. Com a corda no pescoço, sem emprego ou estágio, me vi pressionado a uma mudança radical, e o primeiro concurso que me apareceu (Receita Federal) é o caminho protocolar que venho seguindo desde então.
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7 respostas para David Deutsch e o ‘Construtor Universal da Realidade’

  1. Cesarious disse:

    *******************(2 vídeos c/legendas)********************************

    1) ‘our place in the cosmos‘ (ted/talks)
    David Deutsch coloca a física teórica em ‘banho-maria’ para discutir um assunto mais urgente: a sobrevivência de nossa espécie. O primeiro passo para resolver o aquecimento global, diz ele, é de admitir que há um problema. http://www.ted.com/talks/david_deutsch_on_our_place_in_the_cosmos

    2) A new way to explain explanations (ted/talks)
    Durante dezenas de milhares de anos, nossos ancestrais entenderam o mundo através de mitos, e o ritmo das mudanças era glacial. A ascensão do entendimento científico transformou o mundo em um período de poucos séculos. Porque? O físico David Deutsch propõe uma resposta sutil. 
    http://embed-ssl.ted.com/talks/lang/pt-br/david_deutsch_a_new_way_to_explain_explanation

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