“Princípio Filosófico da Verdade”

A filosofia vê a si mesma, como tentativa de subscrever ou derrubar os conhecimentos elaborados pela ciência. Os filósofos, por sua vez, costumam pensar em sua área como aquela em que se discutem problemas universais e eternosO mérito contemporâneo        da filosofia, porémé o de chamar atenção para diversas refutações, desempenhando assim, a função social de impedir a ilusão de se obter falsas verdades. – Mas, será que,      de fato, há uma verdade?… E, considerando sua existência … qual seria o seu sentido?

A filosofia nasceu, a partir da escravidão na Idade Antiga… – a qual permitiu o ócio a uma minoria da população grega – questionando o senso comum, e os mitos.  Segundo consta, Pitágoras (582-497 a.C) foi quem inventou o termo filosofia, muito embora, seu surgimento conceitual remonte a um processo, que começou – provavelmente – no século VII a.C.

Na antiguidade, os gregos estavam organizados em “Cidades-Estado”…onde prisioneiros de guerra, ou pessoas endividadas, se tornavam escravos. Assim, escravidão na Grécia — na realidade… não possuía qualquer vinculo com o contextoétnico ou racial.  Quando alguém precisava de dinheiro — pedia um empréstimo…dando esposa e filhos como garantia.

Caso não pagasse a divida…o devedor tinha sua família escravizada…e ele                      mesmo, podia se tornar escravo. Por isso, ‘proletário’ significava…“aquele                        que possui como…posse’… — somente sua…‘prole’ — seus filhos e esposa”.

Nesse contexto…até o surgimento da filosofia…as opiniões eram senso comum…crenças coletivas baseadas em aparências. E essa situação só mudou a partir do momento em que, alguns poucos privilegiados – no caso…cidadãos das Cidades-Estado – graças ao trabalho escravo, puderam gozar de tempo livre pra refletir sobre o mundo a sua volta, e investigar o que existia por trás das aparências. Opiniões do senso comum a princípio questionadas,  embasavam os mitos (“explicações sobrenaturais” para aquilo que a razão não conseguia entender), exercendo a nobre missão de normatizar a vida em sociedade, num primitivo código de ética do comportamento desses cidadãos … transmitido de geração a geração.

O mito de Édipo, por exemplo…aquele no qual o filho, sem saber, se apaixona pela mãe,  mesmo acabando em tragédia, servia para renegar relações incestuosas; enquanto o mito de Narciso, que teria se afogado…ao se apaixonar pela própria imagem refletida no lago, simbolizava o quanto o culto à vaidade poderia ser maléfico. – Assim, quando a filosofia surgiu, Mitos eram vistos como ordenadores do mundo. — Ao questioná-los, os primeiros filósofos passaram a procurar um ‘elemento racional‘ que ordenasse o ‘Kaos‘, e assim pudessem finalmente entender o… “Kosmos(principio organizador do Universo).

Sócrates nunca existiu!?…

Os ‘filósofos’ foram os 1ºs cientistas a questionar o mundo, antes mesmo da escrita — através de ‘grandes debates’      em ‘praça pública’… – na tentativa de desvendar as ‘verdades estabelecidas’.

Nessa ocasião, atribui-se a Sócrates a criação da ‘maiêutica‘… um processo pedagógico de… multiplicar perguntas, para afinal  se obter, por ‘indução‘, um conceito geral…universalmente aceito.

A figura de Sócrates – na verdade, sintetiza a essência do que é a filosofia. Ele teria vivido em Atenas, no século IV a.C… – Era um homem que… quando falava, fascinava… Passava horas em praça pública, interpelando os transeuntesdizendo que quanto mais aprendia, mais percebia que ainda restava muito por conhecer… – ideia expressa pela famosa frase:  Apenas seique nada sei”… Com seu método, destruía a…”ilusão do conhecimento”, levando o interlocutor a afirmações contraditórias; reconhecendo sua própria ignorância.

Por esse motivo Sócrates terminou condenado a escolher entre o exílio e a morte; optando por tomar cicuta (veneno). Na antiguidade, o exílio era considerado pior que morrer; pois isolava o sujeito os gregos consideravam os estrangeiros com status social abaixo dos escravos. Ninguém dava atenção ou oportunidades aos estrangeiros; daí, ser exilado, para Sócrates significaria viver a margem da sociedade… – sem liberdade para mudar as coisas.  Sua vida simboliza o que é a…”filosofia“… um questionamento da realidade que pode ser incômodo e perturbador à ordem estabelecida. – Não é a toa que nos ‘Estados totalitários’, a filosofia é sempre reduzida no currículo escolar – enquanto os filósofos são perseguidos.

Inspirado por sua filosofia, e narrado por Platão na obra ‘A República‘, o “Mito da Caverna” fala sobre nós – seres humanos – quem somos… e como nos comportamos    até hoje. Segundo o “Mito”… 3 homens teriam sido criados em uma caverna…vendo apenas sombras do que se passava lá fora, pois estavam acorrentados junto à parede.    Um dia… um deles consegue se soltar, e sair da caverna. No inicio, fica meio cego pela     luz do sol que nunca havia visto. Mas depois… começa a enxergar – e percebe que o mundo real não eram as sombras que conhecia. Maravilhado…retorna…e conta aos outros dois o que havia visto. Então, um dos companheiros de caverna – assustado, propõe ao outro matar aquele homem que estava perturbando a ordem estabelecida.  Mais ponderado…o 3º afirma que, aquele companheiro – que dizia ser a realidade de dentro da caverna apenas sombras, era somente um louco que não merecia atenção.

“Cada concepção filosófica espelha tão somente — uma coerente visão distinta — de uma mesma verdade oculta, fora da “caverna platônica”.

Grande parte dos historiadores da filosofia antiga … crê que Sócrates não existiu, seria um ‘personagem’  de Platão – que em seus textos, se dizia…dele…discípulo. Segundo o próprio Platão: por Sócrates ser analfabeto – não haveria ‘registro escrito’… sendo todo pensamento narrado pelo suposto discípulo.

Platão era aristocratae talvez por isso tenha usado seu personagem para                        abordar problemasque não poderia tratar diretamentee até indicando                            seu próprio destino — no caso em que suas próprias ideias divergissem do                      pensamento oficial…ao narrar o julgamento de Sócrates, e seu trágico fim.

A origem da construção evolutiva                                                                                       A filosofia permite desvendar o que está por detrás das aparências.                                    Por isto, ela, que nasceu na antiguidade…agregando todas áreas do                                    saber humano, era o mais próximo, do que hoje chamamos ciência”.

Embora a definição de ciência comporte múltiplas explicações – tal como a afirmação de Aristóteles de que seria a busca do universal e eterno; a ciência…diferente da filosofia (que pretende alcançar a ‘verdade‘)…procura o total entendimento da “realidade“. Na Idade Média, restrita aos mosteiros, e manipulada pelos religiosos católicos, a filosofia assumiu o caráter de defesa da fé… — apenas retomando sua vocação questionadora…no inicio da Idade Moderna‘, quando René Descartes separando a fé da razão, deu luz ao método racionalista, no qual opiniões sistematizadas em uma…’teoria do conhecimento’, forneciam as bases para a fundação da ciência. Mas, até o século 18no surgimento das universidades – todas as áreas do…”conhecimento humano“…se dividiam em apenas 4: teologia — direito medicina, e filosofia. – Portanto…matemática, física, química, história, geografia, etc…eram consideradas filosofia‘… que assim, se confundia com ciência. Quando os iluministas introduzem a enciclopédia, inicia-se então a divisão da filosofia em várias áreas especializadas. Para eles (iluministas) o saber acumulado pela humanidade havia se tornado vasto demais, sendo necessário sistematizar sua evolução. Isto então resultou que – a partir daí…a “filosofia” começava a se distinguir da “ciência”.

Durante a antiguidadefilosofia e ciência eram sinônimas, confundindo-se.                      Na Idade Média aconteceu o mesmo; com a diferença, que teólogos cristãos                      usaram o conhecimento filosófico para manipular o senso comum em favor                      da fé…A situação só começou a mudar com Galileu, Copérnico, e Descartes.

http://sesi.webensino.com.br/sistema/webensino/aulas/repository_data//SESIeduca/ENS_MED/ENS_MED_F02_FIL/686_FIL_ENS_MED_02_06/investigando_caminhos.html

Galileu Galilei (1564-1642)…Nicolau Copérnico(1473-1543)…René Descartes(1596-1650)

A busca (histórica) da “neutralidade científica”                                                            A ciência é feita de homens…que são sujeitos a influências sociais,                                      culturais, políticas e econômicas. – Além do que…existem fatores,                                        tais como a pressão exercida pelos órgãos de fomento, que levam                                            a questionar a existência de uma possível neutralidade cientifica.

Entre os século 15 e 16, Nicolau Copérnico inicia, oficialmente, o importante processo de ‘mudança da mentalidade humana’, sendo a seguir apoiado por Galileu Galilei. O mundo aristotélico, geocêntrico é deslocado para o heliocêntricoe antropocêntrico (Descartes).  Em pleno século 16 Galileu inicia a “matematização da realidade” – auxiliado por alguns instrumentos que ampliaram os sentidos … sistematizando a observação dos fenômenos, descobrindo regularidades… e afirmando leis gerais. – René Descartes então referendou esta tendência construindo o método (cartesiano) e inaugurando a…”modernidade”.  Todavia, a ciência só adquiriu autonomia…da filosofia e religião, no século 18. No século 19 ela passa então a ser considerada um“processo de investigação” a fim de alcançar um conjunto teórico de conhecimentos“verdadeiros” por generalizações verificáveis.

A partir do século 18, dentro do “espírito iluminista” da “revolução francesa”, a ciência passa a pretender ser objetiva…’neutra’…isenta de ‘influências ideológicas’, e voltada à construção de um conhecimento desinteressado em prol do beneficio comum. Através      da ‘enciclopédia iluminista’ inicia-se a separação entre filosofia e ciência … que resulta      na especialização do conhecimento humano – uma tendência completada no século 19 pelo ‘positivismo’…que a despeito dos estragos devidos ao ‘pragmatismo’ do século 20, teve como evidente consequência…o “progresso cientifico”. Entretanto… além disso,        a ciência reflete interessesos mais diversos possíveis…apresentando um modelo que pretende desvendar a ‘realidade’ – mas, que é fruto – desta mesma pretensa realidade.

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Assim… como o contexto especifico envolve os … “problemas analisados”, bem como as soluções … a questão da neutralidade científica, se encaminha para o campo da ‘ética, em nome de um pretenso “progresso humano“.  Nesse sentido a partir do século 19, questionam-se os “limites da ciência” (até que ponto, certos atos justificam os métodos e recursos empregados?). 

Filosofia, Ciência & Ética                                                                                                            “Se somos apenas céticos, as novas ideias não conseguem penetrar em nossas mentes. Nunca aprendemos nada…Como as grandes descobertas nas fronteiras da ciência são raras, a experiência tenderá a confirmar nossa ‘rabugice’. Mas de vez em quando uma    nova ideia prova ser válida e maravilhosa!…O mero ceticismo não basta”. (Carl Sagan)

Enquanto a filosofia busca a verdade, dentro de um sistema inquestionável e inabalável; a ciência encontra sempre verdades provisórias. Segundo Karl Popper, toda hipótese deve ser considerada verdadeira – obviamente… desde que fundamentada – até que uma outra demonstre sua falsidade (princípio da “falseabilidade). – Este conceito, mais tarde foi complementado pela ideia de ‘paradigma‘ de Thomas Kuhn…segundo a qual, qualquer hipótese seria circunscrita a uma base referencialda qual se faz um ‘conjunto teórico‘.

Na ciência, a despeito de se trabalhar com hipóteses e teses, a convivência de paradigmas não é possível, pois as contradições não são aceitas uma verdade, mesmo que provisória, anula a outra. Quando uma contradição é verificada, isto conduz à “quebra de paradigma, e sua substituição por outro conjunto teórico referencial – pois uma teoria se contrapondo à sua base teórica de sustentação leva à construção de um novo paradigma — no que Kuhn chamou ‘revolução cientifica‘ (O paradigma não admite contradições, nem paradoxos.)  Já na filosofia…a verdade édogmática…e ao mesmo tempo…relativa. A verdade é bem definida para determinado sistema filosófico — dentro de certos argumentos lógicos…mas esta verdade coexiste com outras…A ‘quebra de paradigmas‘ não acontece – conjuntos teóricos paradoxais coexistem… – a exemplo do que acontece nas…”ciências humanas“.

Quando a ciência começou a tornar-se complexa – se multiplicando e particularizando, sua especialização passou a comportar forte influencia ideológica. Simultaneamente, o avanço da tecnologia tornou a fé na ciência dogmática…uma contradição dentro de sua base de sustentação tida como provisória. Esta fé quase nunca reconhece as limitações     da ciência – impedindo uma reflexão ética sobre sua utilidade…e seus limites. – Assim, passa também a ser função da filosofia analisar os fundamentos da ciência; questionar seus conceitos, objetivos e metas bem como avaliar as consequências de seus efeitos.        Além disso, cabe à filosofia questionar sobre a neutralidade dos próprios cientistas, na manipulação de resultados, e condução da pesquisaem termos ideológicos. Quais os limites da ciência?…Até que ponto uma pesquisa é benéfica à humanidade? E, quais limites éticos, o avanço científico deve respeitar?…Estas perguntas conduzem a outras,    tais como…O que é a ciência?…O que pode, ou deve a ciência fazer?…Qual sua função? Existe neutralidade cientifica?Até que ponto ela é confiável? Podemos questioná-la? Será que a ciência é boa para a humanidade?… Dúvidas que multiplicam as perguntas.

A crítica do sistema filosófico                                                                                        Questionar o sistema cartesiano por ele mesmo é impossível; Descartes                            tem respostas para todas objeções através de suas obras. – No entanto,                                o ‘sistema cartesiano’ pode ser questionado … através do…”empirismo”.

Kant.No inicio da década de 1960 o filósofo Victor Goldschmidt escreveu um texto – hoje considerado “clássico”…Trata-se  de: “Tempo histórico e tempo lógico, na interpretação dos sistemas filosóficos” presente em sua obra… “A religião    de Platão”. Analisando a história da filosofia…podemos    ver neste ensaio 2 maneiras de interpretar um…”sistema filosófico“: a) fazendo (do texto) questionamentos sobre sua ‘origem‘ – ou então…b) questionando sua verdade‘.

Noutras palavras…um ‘sistema filosófico‘ compõe uma verdade dogmática; perfeito na sua explanação lógica, e na pretensão de ser “inquestionável”. – Por esse motivo…é passível de ser questionado através do contexto de sua construção – e/ou pelos embates suscitados na época de seu surgimento. – Assim…desse modo seria possível contestá-lo através de outro, construído justamente para questioná-lo. Contudo, nasce ai o grande dilema…a existência de “sistemas filosóficos“, que se contrapõem sem causar a anulação mútua; coexistindo de forma paradoxal…inclusive tentando conciliar as “contradições” criando soluções para o paradoxo, que não fazem mais que multiplicar verdadessobre o mesmo objeto. (É o caso do ‘sistema kantiano’, que através do ‘criticismo‘, conciliou ‘racionalismo’ e ‘empirismo’).

Desse modo, a filosofia contemporânea dividiu-se em várias correntes diferenciadas…De um lado, a filosofia analítica inglesa evoluindo até o ‘positivismo lógico’; e do outro, o racionalismo alemão/francês; incluindo Nietzsche, Heidegger, Bergson, Freud, Sartre.  A filosofia tornou-se assim ainda mais “eurocêntrica”…pondo de lado tudo que não fosse produzido por lá (inclusive a “filosofia brasileira”). O ponto comum entre as diferentes tendências, passou a ser a preocupação comum com a ‘crítica da linguagem… Dentro deste contexto, a lógica passa a ter papel decisivo — já que a filosofia, ao analisar suas argumentações, logrou-se inserir na discussão sobre as condições do…”debate cientifico”.

A ‘crítica da linguagem‘ abordando a utilização da construção objetiva do discurso, como instrumento de conhecimento nas ciências — tenta definir suas possibilidades e limites. O papel da filosofia, assim… passou a ser mostrar erros e ilusões na pretensão cientifica da…’verdade’. Mas, qual seria o papel da linguagem na descrição do mundo?

Filosofia, Educação e Linguagem

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Estudos Da Linguagem Em Ciência Da Informação (FB)

Pensando na linguagem como articuladora de teorias cientificas…a filosofia encontrou para sua justificativa 2 alternativasNa 1ª  hipótese, tem-se que “verdades cientificas” são representações do sujeito formador da teoria, portanto…da sociedade e sua época. Assim, mesmo particularizada, geraria em dado momento – uma ‘verdade’ articulada por uma ‘linguagem própria’, remetendo a uma gênese constitutiva de um objeto, por meio de um ângulo histórico e psicológico. 

A 2ª hipótese afirma que uma teoria tem um valor objetivo, independente da história, e das representações daquele que capta a realidade – e a transforma em ciência. – Definição esta que escapa da jurisdição psicológica — para tornar-se objeto de uma nova lógica…que admite a possibilidade de se chegar à ‘verdade’. Nesse caso, a teoria também carece do uso da linguagem para se expressar… – entretanto – estando toda linguagem necessariamente vinculada ao tempo e espaço, a verdade, mesmo cientifica, no máximo é apenas provisória.

A filosofia tradicional, por seu lado…através de um fundamento único…busca a correta compreensão epistemológica da capacidade humana de representarde modo exato, a natureza e a realidade. Kant buscou esse fundamento para a renovação da filosofiao qual ficou definido, como uma…ciência da linguagem“. Considerando a filosofia como linguagem; em lugar do conhecimento único e seguro devemos procurar fatos, dentro       de um discurso; o qual deve ser encarado apenas como “encadeamento de palavras”. E, com elas relacionadas entre si, e não ao mundo: “a filosofia não pode atingir a verdade”.

Todavia, o seu grande mérito é questionar a verdade derrubando a pretensão de um conhecimento absoluto. Não importa a posição que se adotetampouco se a verdade é alcançável ou não. Seu lema deve ser…por intermédio do debate…fomentar uma busca incessante por novos e melhores valores…que propiciem condições ao contínuo dialogo.  Por essa perspectiva… – a “diversidade filosófica” ganha uma nova dimensão…onde, a verdade…em si… – passa a ser menos fundamental… – do que o processo de sua busca.

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CiênciaMétodos & Técnicas

Não obstante a definição de ‘ciência‘ comportar “múltiplos conceitos“… – a teoria que remete aos seus princípios… – é dependente de métodos, e técnicas para tornar-se viável…Para Aristóteles, por exemplo, a ciência seria a busca do universal e eterno… Já atualmente, é tida como o processo de investigação … a fim de se obter um conjunto de conhecimentos…(supostos verdadeiros)…por meio de algumas “generalizações verificáveis”.

Para compor hipóteses e verificá-las, cerne do conhecimento cientifico;                                  o método, responsável por sua distinção do senso comum, é essencial,                            trazendo consigo…’irreversivelmente vinculada’, sua própria técnica.

O método é definido como a ordem estabelecida na investigação da verdade, carecendo da técnica para ser efetivado, ou seja, de um grupo de processos específicos, ordenados em consonância com a metodologia. – Segundo o historiador Júlio Aróstegui…o método atuaria como uma bússola para a teoria – um sistema de orientação dos rumos a serem seguidos para obter certezas. – A teoria, por sua vez…ao propor explicar os fenômenos,     e solucionar problemas observados teria como método, o procedimento adotado ao se determinar os passos para explicar e demonstrar a realidade, comprovando ‘hipóteses‘.

Entretanto, paradoxalmente, assim como a teoria depende do ‘método’, este último também só poderia existir dentro do âmbito dos procedimentos lógicos, formulados           a partir de pressupostos teóricos… – formando o que os lógicos chamam de ‘circulo’.           A técnica…segundo uma definição alcançada em 1890 pelo filosofo Alfred Espinas,      seria o conjunto de procedimentos ordenados pelo…método…necessários para sua efetivação; que empregaria diversas técnicas, úteis a diversos métodos…em questão.

“Método cartesiano”                                                                                                                “Não imitei os céticos, que duvidam apenas por duvidar, e fingem estar sempre          indecisos. Ao contrário, toda a minha intenção foi chegar a uma certeza oculta”.

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Apesar de um certo interesse de Aristóteles na antiguidade…pela composição de um… “método“,  chamado por ele…’investigação’, foi René Descartes…no século 17… – o primeiro… a formalizar  um método científico, tentando com seu Discurso do Método, fornecer um caminho, pelo qual fosse possível…obter resultados.  Seu objetivo era um “programa” que a priori evitasse erros.

Para isso, problemas complexos eram divididos em partes menores, para facilitar sua resolução, à semelhança de uma equação matemática — resolvida parte a parte — até atingir a solução do todo. — A teoria…o método…e a técnica…unidos – compõem um sistema teórico, que representado por um “modelo“…torna assim, a ciência possível.

O conceito de modelo implica em operações visando representar                                            as relações e funções, que ligam as unidades de um sistema, por                                        meio de ‘generalizações’…tais – que permitam suas explicações.

O “renascimento da filosofia”                                                                                                 A filosofia é hoje uma espécie de debate “adjacente e implícito”, sobre as                            condições das diversas discussões presentes nas ciências… E, os debates                            filosóficos não cessam, enquanto novas discussões não param de surgir.        

Ao longo da história da construção do “conhecimento humano” nunca existiu                    uma distinção entre filosofia e ciência. Esta só apareceu após Kant, no século                      18, quando a filosofia passou a ser considerada como uma…”esfera básica“.          Iniciava-se o tempo de “historiadores da filosofia” passarem a se dedicar…ao          paciente trabalho de…seleção/analise…do pensamento filosófico estruturado.                      No entanto, seja qual for a profissão, o mundo contemporâneo exige de todos              indivíduos ‘senso critico…E a passagem do senso comum para o senso crítico                        é feita justamente pela…”filosofia“…estimulando reflexão e questionamento                sobre verdades estabelecidas. Eliminando o achismo, as opiniões tornam-se              embasadas e sistematizadas – possibilitando a construção de “metodologias“.  Substituindo afirmações por indagações a filosofia ajuda a enxergar além das                      aparências. Permitindo a obtenção de um instrumental para pensar de forma                lógica com mais coerência; facilita a possibilidade de formulação do discurso                        mais compreensívelPoderia existir uma poderosa ferramenta mais valiosa?

texto base…  ‘Uma introdução à Filosofia da Ciência’ ## ‘O que é filosofia?’                  ‘História, Métodos e Técnicas’ # ‘Diversidade filosófica e a busca da verdade’  *********************************************************************** 

O problema da “origem” do conhecimento (IFBA – set/2010)

‘Conhecer’ é uma relação entre sujeito e objeto…Considerando que, por estar no mundo, o sujeito também pode ser objeto de conhecimento; surge daí então, a pergunta: Será que é o sujeito quem determina o objeto…ou vice-versa? — Segundo aconsciência natural o conheci­mento surge como uma…”determinação”…do sujeito … pelo objeto. — Mas, estará correta essa concepção?… Não poderia ser uma… “explicação” do objeto – pelo sujeito?

Subjetivismo/Objetivismo                                      Afinal… onde está o…centro de gravi­dade…do      conhecimento humano; no sujeito ou no objeto?

O “subjetivismo“…ao ancorar o conhecimento humano no sujeito, desloca o mundo das ideias  para o sujeito. Nele, a característica principal do conhecimento, já não mais con­siste em focalizar          o…‘mundo objetivo’, mas sim…voltar-se para aquele sujeito…de quem… diretamente… a consciência cognoscente recebe seus ‘conteúdos’.

Todos elementos metafísicos são elimi­nados do núcleo do pensamento subjetivista,            pois todos os objetos são produtos da cons­ciência, intermediados pelo pensamento.

Já no ‘objetivismo‘, enquanto os objetos do mundo sensível revelam-se à uma percepção intuitiva, os objetos do pensamento revelam-se aos sonhos… à imaginação. O pensamento fundamental da doutrina platônica revive hoje na “fenomenologia” de Husserl. Da mesma forma que Platão, Husserl distingue nitidamente a intuição sensível dos objetos concretos, daquela “não-sensível“, cujos obje­tos (ao contrário) são “essências universais” das coisas.

Ontologia/Epistemologia

Ontologia significa “estudo do ser”…e consiste em uma parte da filosofia que estuda a natureza do ser, a existência, e a realidade. A palavra é formada através dos termos gregos ontos (ser) e logos (estudo, discurso). Engloba algumas questões abstratas como a existência de determinadas ‘entidades‘…o significado do Ser…etc. Os filósofos da Grécia Antiga… Platão e Aristóteles…estudaram o conceito, que muitas vezes se confunde com metafísica, por seu aspecto de categorizar o essencial/fundamental numa entidade. 

O termo ontologia foi popularizado graças ao filósofo Christian Wolff, que a definiu como “philosophia prima”, ou ciência do ser enquanto ser. Assim, esta ciência tinha um caráter racional e dedutivo, com o objetivo de estudar os traços mais gerais do ser… No século 19, a ontologia foi transformada por ‘neo-escolásticos’ na 1ª ciência racional a abordar o ‘ser’. A corrente filosófica idealista de Hegel partiu da ideia de autoconsciência, para recuperar    a ontologia como ‘lógica do ser‘…No século 20, a ligação entre ontologia e metafísica deu lugar a conceitos como o de Husserl (ontologia como uma ciência material das essências). 

A epistemologia, palavra que vem do grego epistimo (ciência), trata da natureza, origem, estrutura, métodos, validade e limitações do conhecimento – estudando o grau de certeza do saber cientifico em suas diferentes áreas…no objetivo básico de avaliar a possibilidade do ser humano em alcançar o…”conhecimento pleno do mundo”. Ao surgir com Platão, já se opunha à crença ou opinião, considerando-as um ponto de vista subjetivo…(pela teoria de Platão o saber é o conjunto de informações que explicam nosso mundo natural/social).  Conhecida como ‘teoria do conhecimento’, a epistemologia relaciona-se com a metafísica, lógica, e filosofia da ciência. Um desses ramos se refere à ‘Epistemologia Genética’, teoria elaborada pelo psicólogo e filósofo Jean Piaget…como resumo de 2 teorias existentes — o ‘apriorismo’ e o ‘empirismo’. Para Piaget, o conhecimento não é algo inato dentro do indivíduocomo declara oapriorismo, bem como não é exclusividade observacional do meio ambiente, como afirma o empirismo. Segundo Piaget, o conhecimento é produzido, graças a uma interação do indivíduo com o meio, conforme suas “estruturas inatas“. 

Soluções para o “problema do conhecimento”                                                                  Ao incluirmos agora, na análise desse problema, o ‘caráter ontológico’ do objeto…duas novas decisões se tornam possíveis. Ou supomos que todos os objetos possuem um “ser ideal de pensamento” (o que afirma o idealismo) – ou se admite que além dos objetos ideais há…objetos reais…independentemente do pensamento (segundo o realismo).

teoria-do-conhecimentoAs várias formas de“Realismo”

Por “realismo metafísico“… entende-se o ponto de vista epistemológico segundo o qual existem coisas reais, independen­tes    da consciência… O ‘realismo ingênuo‘        é aquele que não distingue a “percepção” (conteúdo da consciência), do objeto percebido…Já o ‘realismo natural‘…é capaz de identificar esses conteúdos em objetos ao atribuir-lhes as propriedades presentes em suas relações básicas.

‘realismo crítico‘… por sua vez,              não acreditando no ‘teor perceptivo’                vindo de objetos…atribui as reações                da consciência a estímulos externos.

No ‘realismo ingênuo‘…”pré-filosófico”…que dá origem aos demais, o homem aceita a identidade de seu conhecimento com coisas captadas por sua mente, sem fazer qualquer questionamento a respeito disso. — É a atitude do “homem comum”…conceber as coisas, tais como aparecem. O realismo natural, por sua vez, se compõe de ‘reflexões críticas’. Nele, indaga-se a respeito dos ‘fundamentos’, com uma busca em demonstrar se as teses são verdadeiras – numa atitude propriamente filosófica – seguindo a “linha aristotélica”. Já de acordo com os fundamentos do ‘realis­mo críticoconhecer é sempre conhecer  algo fora de nósmas o qual, ao ser conhecido, não nos é possível saber se corresponde, ou não, ao objeto, tal qual a si mesmo. Ou seja, os objetos da percepção servem para  muitos indi­víduos, mas os conteúdos da representaçãosó valem para um único objeto.

Essa inter-individualidade dos objetos de percepção só pode ser explicada segundo a visão do ‘realismo crítico’, pela supo­sição de haver ‘objetos reais’ atuando em diferentes sujeitos, provocando neles…’percepções’. – A independência dos objetos de percepção em relação à consciência que per­cebe… – manifesta-se aqui com clareza. – Esse tipo de fundamentação, contudo, parece inadequado a outros representantes do rea­lismo. Se fôssemos puros seres de entendimento, não teríamos qualquer consciên­cia da realidade (“realismo volitivo“).

Todas essas formas de realismo estão presentes na filosofia antiga. – No alvorecer do pensamento grego, o ‘realismo ingênuo‘ era predominante… Demócrito, seguidor do ‘realismo crítico‘, por seu lado, afirmava (quantitativamente) a existência de átomos. Mas sua visão não foi capaz de impor-se à ‘filosofia grega’, muito devido à da influência exercida por Aristóteles, defensor do ‘realismo natural‘… Para este, as ‘propriedades percebidas’ convêm também às coisas – sendo tais ideias predominantes, até a…”Idade Moderna”; quando a visão de Demócrito ressurgiu, com sua “doutrina atômica”…então    defendida por Galileu, aperfeiçoada por Descartes e Hobbes…definida, por John Locke.

John Locke(Locke x Descartes)                                          Descartes formulou o célebre…”cogito ergo sum”: “Em meu pensar, em meus atos de pensar (assim reflete Descartes) vivencio meu eu… enquanto ‘realidade’… certifico-me de minha existência”.

A proposição sugere, que possuímos uma certeza imediata sobre a existência de nosso próprio ‘eu’; e que todo idealismo deve fracassar diante dessa certeza imediata… (“racionalismo absoluto“).

Descartes entende o “inato” como um ‘princípio causal’…ou noção substancial (Deus). Para Locke, no entanto, tal concepção coloca Deus, como o responsável pela existência      das ideias em nós, o que para ele teria um caráter dogmático, por inquestionavelmente    ser colocado como ‘ponto de partida’. – Locke tenta assim chegar às ideias, só pelo uso    das “faculdades naturais”Em oposição a um dos argumentos principais usados pelos defensores de Descartes ( ‘universalismo‘), ele argumenta que:  “o conhecimento universal não é inato”. Segundo Locke…“a alma humana é uma tábula rasa”.

Pelo ‘empirismo‘ de Locke – o caminho pelo qual são alcançadas as verdades origina-se (ao contrário do princípio universal do racionalismo cartesiano) nas ideias particulares, isto é, na ‘concepção empírica’ que o pensamento parte do particular para o geral. Estas ideias é que dão origem às ideias abstratas. A ideia é objeto do pensamento…não se tem pensamento sem ideia, nem ideia sem pensamento. Ter consciência de uma ideia…é ter consciência de que se tem essa ideia… – ou seja – é ter… “consciência de si mesmo“.   A obra empirista de John Locke representa uma reação ao racionalismo (absoluto)    de Descartes, por considerar o entendimento, como a faculdade mais nobre da alma na investigação de objetos passíveis do “conhecer”. Tentar ir além do que as faculdades mentais podem apreender – ou adentrar veredas que extrapolam nosa compreensão é    como cair na…’especulação‘. Ao retirar das ideias seu caráter inato (‘Deus’) Locke defende que o…”aprendizado da experiência“…é que dá origem ao ‘conhecimento’:

Nossos sentidos são a única fonte de ‘ligação direta’ à realidade;                                          suas qualidades primárias… – são os ‘objetos exteriores‘;                                                enquanto as secundárias… – surgem da interação (“ideias“)                                                entre o objeto e o sujeito … (variando de sujeito para sujeito).

Idealismo psicológico (ou subjetivo)                                                                                Advoga a concepção de que… não há “coisas reais” – independentes da ‘consciência’.  Assim, com a supressão de coisas reais, só restam 2 tipos de objeto: os que ‘existem          na consciência (re­presentação/sentimento), e os objetos ideais (lógica/matemática).            A partir daí, pode-se definir os 2 tipos de idealismo… — o ‘psicológico’ … e o ‘lógico’.

Para este tipo de idealismo, toda realidade esta na consciência do sujeitoSendo assim,    as coisas em si não passam de conteúdos provenientes da ‘consciência’. – Sua existência depende da percepção do indivíduo… e assim ‘deixar de perceber… é deixar de existir’. Seu maior expoente foi George Berkeley (1685-1753) … que cunhou a fórmula adequada para tal posicionamento… “O‘ser das coisas’consiste em serem percebidas”.

Idealismo lógico (ou objetivo)

O idealismo lógico é essencialmente di­verso do psicológico. Enquanto este parte da consciência do ‘sujeito individual’…afirmando que a realidade está contida em sua consciência, e os ‘objetos’ são seus conteúdos — o ‘idealismo lógico‘ toma como ponto de partida a “cons­ciência objetiva“…ao afirmar que objetos são ‘produto do pensamento’ (em oposição ao realismo, para o qual os objetos exteriores estão disponíveis, à revelia do pensar).

Ao objetivar conscientemente (pelo “pensamento”) seu…“objeto de conhecimento”…o ‘idea­lismo lógico‘ se distingue do subjetivismo do ‘idealismo psicológico‘, bem como se diferencia radicalmente do…’realis­mo metafísico‘ – que assume um conteúdo real do mundo exterior – fora da cons­ciência individual. Essa forma objetiva de idealismo faz parte do…’conteúdo científico’ – por uma soma de ideias…pensamentos…teorias…e juízos.

O idealismo lógico vê o ‘objeto real’ como algo em que somos encarregados                            da tarefa de conhecer sua ‘definição lógica’ … – pelos ‘dados da percepção’,                            para, a seguir … – transformar esses dados … em ‘objeto de conhecimento’.

Como exemplo … para melhor diferenciar as linhas de pensamento… “Ao segurar um pedaço de giz… – Para o realista… o giz existe exteriormente à minha consciência, e independente dela. Para o idealista, subjetivo ou psicológico, o giz existe apenas em minha consciência. Todo o seu ser consiste em ser percebido por mim…Ao idealista lógico, o giz não está nem dentro de mim, nem fora de mim…ele não está disponível       de antemão – mas deve ser construído… e isso acontece através do meu pensamento.      Na medida em que formo o “conceito giz”…meu pensamento constrói o…”objeto giz”; sendo assim… – para o idealista… o giz não é nem uma coisa real, nem um conteúdo consciente, mas sim… – um ‘conceito‘… – que consiste em um… ser lógico-ideal“.

Apesar das divergências dos 2 pontos de vistas… essa diversidade move-se dentro de uma intuição fundamental comum. Trata-se da tese idealista de que o objeto do conhecimento não é algo real, mais ideal. Não contente em formular a tese – o ‘idealismo’ também tenta prová-la. Desse modo, o pensamento de um objeto (“independente do pensar”) não traria qualquer contradição – pois o tornar-se pensado, diz respeito ao con­teúdo; enquanto que o ser independente do pensar… – o ‘não tornar-se pensado‘… – diz respeito ao objeto.

Realismo Críticoe o “feno­menalismo”                                                                            “A realidade existe…objetivamente, de forma                                                            independente…da percepção que temos dela”.

Frente ao idealismo…que pretende fazer do homem um ser totalmente intelectual,            o realismo enfatiza que o homem é um ser que quer… e age. Assim… nossa certeza    acerca do… “mundo exterior” – não se baseia numa simples ‘conclusão lógica’…mas         numa “vivência imediata”… E com isso…o “idealismo”…é superado pela “prática”.

Diogo Rivera

Mural de Diogo Rivera

O realismo crítico parte do pressuposto de que o conhecimento de um objeto se faz…por meio dos sentidos. O que estes captam – é a própria coisa…e não processos fisiológicos. A sensação    é sempre sensação do objeto…específica aos sentidos, e determinada. Ao buscar elementos formadores do sabera razão assim, encontra  experiência e reflexão como seus mananciais.

Tudo o que conhecemos…vem dessas 2 fontes:    a sensação, originada do exterior; e “reflexões” (do interior)… Todo conhecimento provém da experiência obtida dos objetos sensíveis externos – por operações internas dos sentidos.    E então…quando a mente enfim analisa suas próprias operações, ocorre a “percepção“. 

Segundo o realismo crítico, a ‘incognoscibilidade’ das coisas não convêm às próprias coisas, mas surgem apenas em nossa consciência… O feno­menalismo vai mais longe,    ao afirmar que…o mundo no qual eu vivo – é modelado por minha própria consciência;  coincidindo com o ‘realismo’…quando admite coisas reais; e com o ‘idealismo’, quando limita o conhecimento à consciência…(“mundo aparente”)…impossibilitando conhecer      as ‘coisas em si’…Para o fenomenalismo há coisas reais, mas não temos a possibilidade      de conhecê-las a fundo, em sua essência. – Assim…sempre lidamos com as aparências, surgidas da organização a priori da consciência – e nunca com as coisas em si mesmas.

Ou seja…“o mundo no qual eu vivo é modelado por minha consciência”. Jamais poderei saber como é o mundo em si mesmo… à parte de minha consciência, e de suas ‘formas a priori’, pois tão logo tento conhecer ‘as coisas’…já lhes são impostas as formas de minha consciência… – Portanto, o que tenho diante de mim…não é mais a coisa em si, mas sua ‘aparência’. Quando penso no mundo como formado de coisas dotadas de propriedades, quando aplico o conceito de “substância” às aparências – ou o conceito de “causalidade”    a certos processos condicionados, ou ainda quando falo em possibilidade…necessidade, tudo isso se baseia em certas formas e funções a priori do ‘entendimento’… que entram  em ação estimuladas pela interveniência da sensação, independente da minha vontade.

O “Fenomenalismo” de Kant                                                                                            Kant busca compatibilizar o realismo ao idealismo – propondo                                               uma metafísica baseada numa “ordem a priori” da consciência.

Assim como “racionalismo” e “empirismo” estão flagran­temente contrapostos quanto à origem do conhecimento, o ‘realismo‘ contrapõe-se ao ‘idealismo‘…na questão sobre a essência do conhecimento. Para Kant… o racionalismo e o empirismo são concepções insuficientes…para explicar o “saber”… Para Fernando Lang da Silveira, apesar de sua origem “experimental”…há condições a priori para que…”impressões sensíveis”… se tornem “conhecimento“.

OApriorismo de Kant é uma tentativa de superar o embate racionalismo x empirismo. No caso da contraposição entre o realismo e o idealismo foi proposto… – também por Kant, o “Fenomenalismo” – não tratando as coisas como são em si… mas como se nos apresentam (fenômenos); seguindo assim o realismo na aceitação de coisas reais; e o idealismo na limitação do conhecimento à realidade consciente (“mundo aparente“)Em relação a conhecer a “essência das coisas“…ou, falando como Kant, a “coisa-em-si“… a esse respeito…as concepções aristotélica e kantiana… são totalmente opostas:

A doutrina do “fenomenalismo” – em Kant – resume-se a 3 hipóteses:

  1. – A coisa em si é incognoscível;
  2. – O nosso conhecimento continua a ser limitado ao “mundo fenomênico“;
  3. – Este surge em nossa consciênciapois ordenamos e elaboramos o material                     sensível – em relação às…”formas a priori“…da intuição e do entendimento.

Enquanto que, para Kant, a “consciência cognoscente” cria a ordenação – as ‘sensações’ apresentam um puro Caos. Elas não possuem qualquer ordenação. Toda ordenação vem   da consciência. Pensar, para Kant, não significa outra coisa senão ordenar. Essa posição, porém é insustentável… – Se o material sensível fosse totalmente indeterminado…como ordená-lo?…Seja como for, o fato é que com isso, o ‘princípio da incognoscibilidade’ das coisas foi quebrado…por se tratar de um problema que escapa a uma solução categórica,    totalmente segura, por parte de um pensamentono limite de sua capacidade cognitiva.    Já para Aristóteles, a “consciência cognoscente” imprime uma ordem objetiva nas coisas do cosmos exterior…Assim, o conhecimento é concebido como “forma objetiva”. Concepção influenciada pela estrutura de espírito peculiar do mundo grego“, o saber é tido como reprodução do objeto, numa simulação da realidade…que se dispõe … fora da consciência (objetivamente)…e na “consciência cognitiva” (subjetivamente). — Tal ideia possui a peculiar característica de supor a realidade em uma ‘estrutura racional própria’.

A exemplo do que ocorre no intelectualismo da Idade Média, e no racionalismo moderno, para Kant só há…”conhecimento racional-discursivo. – Nossos juízos éticos de valor (o “sentido estético”…e o “sentido moral”)ensina ele não se baseiam na reflexão, mas na intuição. Já Husserl reconhece uma…”intuição ra­cional”, como de essência. Também é numa intuição que se baseiam os juízos que temos nas leis lógicas do pensamentoDessa forma, no princípio e final de nosso conhe­cimento – existe uma…’apreensão intuitiva‘. 

Intuicionismo (‘transcendente’)                                                                                                        Toda grande obra religiosa, filosófica, artística…por sua peculiaridade,                                prova que funções da consciência totalmen­te diversas da sensação e do                                pensamento partici­param em sua gênese… — Essas ‘forças irracionais’                            formam um campo indispensável ao conhecimento do ‘mundo exterior’.

Ao nos posicionarmos “criticamente“, no debate entre ‘realismo’ e ‘idealismo’…podemos concluir que ambas as proposições… buscam expressar o mesmo princípio… — a saber… que pos­suímos uma “certeza imediata” sobre a existência do próprio eu… – na qual uma parte se origina no processo do ‘pensar‘…e a outra, do ‘querer‘. Esta concepção… com forte associação à estrutura do ‘espírito grego’…concebe o “conhecimento humano”… de uma forma objetiva, como se a partir de um espelhamento do ‘cos­mos exterior‘… Assim,     a realidade se põe duplamente disponí­vel – objetivamente, fora da consciência… em um Cosmos (infinito)… – e subjetivamente… – por uma efêmera consciência cognitiva.

Reconhecer ou não a validade de um “conhecimento intuitivo”, ao lado do racional e discursivo – vai de­pender, sobretudo do “modo de se pensar” a respeito da essência humana. Quem desloca o centro de gravidade do ser mais para o lado do sentimento e da vontade, se inclinará, de antemão, a reconhecer, ao lado do tipo racional-discursivo de conhecimento – outro tipo mágico de ‘apreen­são do objeto’.

E estará convencido de que… – ao caráter multifacetado da realidade,                    corresponde também uma multipli­cidade de funções do conhecimento.

Enquanto para seres que sentem e querem…a intuição é um verdadeiro órgão de saber histórico; pela ‘meta­física racional’ chegamos ao fundamento absoluto do mundo. No campo teórico a intuição não pode reclamar o direito de ser um meio de conhecimento autônomo, em­parelhado ao conhecimento racional-discursivo… – Coisa muito diversa, porém…é a pergunta sobre a validade da ‘lógica intuitiva’. O opo­sitor do intuicionismo      está certo ao fazer essa exigência. — Ao fazer “teoria do conhecimento”, deve­mos dar à razão a última palavra. – Toda intuição legitima-se perante seu “tribunal”. (texto base*******************************************************************************

“Verdade”… — Conceitos, Critérios & Juízo de valores                                                  Uma posição mediadora entreracionalismo e empirismo, fundamentada numa nova orientação epistemológica, denominada Intelectualismojustifica a participação de ambas as correntes no…”processo de conhecimento”…ao argumentar que, enquanto o ‘racionalismo’ participa com “juízos” (necessários ao pensar)…com validade universal,        o empirismo retira os elementos desses juízos da experiência…A questão da validade      do conhecimento, isto é…a “verdade“, e o critério usado para lhe atribuir…”certeza“. 

Os segmentos idealistas e materialistas, bem como os aspectos subjetivos e objetivos da verdade, dessa forma, assim se manifestam… – O ‘idealismo subjetivo‘ versa sobre o conceito ‘imanente’ de verdade, e o ‘objetivo‘, sobre a concepção ‘transcendente’…Mas, não podemos ignorar a doutrina do…’pragmatismo‘… – afirmando um entendimento oposto ao ‘idealismo‘… onde o conhecimento só é verdadeiro… ao produzir resultados eficazes. Tendo assim, como critério de verdade a ‘utilidade‘…o pragmatismo ignora o conhecimento, como o resultado de uma relação intrínseca entre ‘sujeito‘ e ‘objeto‘.

a) Conceitos de verdade                                                                                                              “O conceito de verdade … pela concordância do conteúdo do pensamento                            com seu objeto, constitui uma concepção transcendente. Mas há também                            um conceito imanente – que afirma ser a verdade…uma concordância do                        pensamento consigo mesmo – nada existindo de exterior à…consciência”.

Ao descrevermos o fenômeno do conhecimento, constatamos que…à ‘consciência natural’,  a verdade do conhecimento consiste, na concordância do conteúdo do pensamento com o objeto. – Mas… a verdade é a concordância do pensamento consigo mesmo, portanto, um juízo é verdadeiro, quando construído segundo leis e normas do pensamento. Nesse caso, temos uma troca do “conceito imanente” de verdade por um “conceito idealista”. Sendo apenas no terreno do idea­lismo que o ‘conceito imanente‘ faz sentido…se não houver “objetos” independentes do pensamento (se todo o ser resi­dir no interior do pensamento), a verdade só pode consistir no acordo de seus conteúdos, entre si, em “correlação lógica”. E, assim…a verdade do conhecimento residirá na produção de objetos…em con­formidade com as…leis do pensamento…(na con­cordância do pensamento…com suas próprias leis).

b) Critérios de verdade                      Sendo a “certeza da verdade“, incumbência de seus critérios…há várias concepções para se atribuir tal certeza…1) critério dogmático da ‘autoridade‘; 2) da ‘evidência‘ (‘teoria do conhecimento’) – 3) ‘não contradição‘; 4) ‘utilidade‘; e 5) ‘prova experimental‘.

O critério da evidência, como o mais conhecido e aceito é visto como plena clareza da verdade, e a ‘certeza‘ é o estado subjetivo que a acompanha; porém, não é um critério último de verdade, pois fatores como ‘ignorância’, ‘ilusões dos sentidos’…’preconceitos’        e ‘paixões’ podem levar a uma falsa evidência; precisando-se portanto de outro critério para dar à verdade… – o atributo da “certeza”. Quanto ao critério da imparcialidade, define-se que no processo do conhecimento … ao sujeito apreender as propriedades do objeto… – a imagem assim formada… deverá corresponder “plenamente” a esse objeto.  Mas, por transcender ao sujeito – esta imagem não deverá conter o já existente em seu próprio pensamento, e sim corresponder apenas às propriedades captadas do objeto, o    que resultaria em uma… “imagem imparcial” – o mais próximo possível da “realidade”.

Usando da argumentação do ‘materialismo dialético’, com a imparcialidade também é possível ao sujeito conhecer a ‘verdade objetiva‘, ao afirmar a apreensão do objeto, em suas características essenciais…argumento aceito pelos ‘céticos’… Apenas na concepção ‘idealista subjetiva’ a concordância do pensamento é consigo mesmo, e não com o objeto.

c) Juízo de valores                                                                                                               “Todo conhecimento científico possui validade uni­versal. – Pode-se quase identificar o conhecimento científi­co ao saber universalmente válido… Porém, no campo teórico do conhecimento científico não se pode considerar a ‘evidência’ como critério de verdade”.

Um juízo de valor pode ser definido como uma avaliação de caráter pessoal, fundamentada em informações disponíveis, a ser efetuada sobre algum sistema de valores…pelo qual uma decisão deva ser tomada — de forma independente… a qualquer critério valorativo vigente. Nesse caso argumenta-se que a ‘objetividade verdadeira’ é impossível, pois mesmo as mais rigorosas análises racionais fundamentam-se no conjunto dos valores aceitos…no curso da análise. – Por consequência, todas conclusões serão… ‘juízos de valor (e assim, suspeitas).

imagesComo exemplo, as “verdades” científicas são consideradas “objetivas” enquanto mantidas empiricamente, ressalvando que, evidências      mais apuradase/ou experiências seguintes        podem mudar os fatos. Porém, uma ‘opinião científica’ (conclusão com base num sistema            de valor) é um ‘juízo criterioso’…consensual.

Leis lógicas do pensamento

A questão sobre o conceito de verdade está estrita­mente ligada à questão sobre o critério da verdade. Nesse campo, um ‘juízo‘ é verdadeiro se construído conforme ‘leis e normas do pensamento’. Fixemo-nos a princípio, nos dados da consciência… Possuo uma certeza imediata a respeito do vermelho que vejo, ou da dor que sinto. – Mas não apenas o juízo: eu vejo o verde e o vermelho“, como também o juízo…o verde é diferente do vermelho pertence ao círculo de ‘auto-certezas’ da consciência. O que equivale a perguntar se além da evidência da ‘percepção‘…há também uma evidência no pensamento conceitual;  e, havendo… – será que poderíamos divisar aí – algum tipo de…’critério de verdade‘? 

Não há dúvidas de que ‘evidências’ também existam no campo do pen­samento. O que não é correto, porém, é deslocar a evidência para fora da consciência…O epistemólogo que faz isso não pode evitar a necessidade de distinguir … no interior da evi­dência lógica objetiva, o verdadeiro do falso… – o real do aparente… – o legítimo do ilegítimo. – Não reconhecer a ver­dade daqueles juízos…significa, indiretamente, negar as ‘leis lógicas’ do pensamento. Nessas leis, revela-se sua própria essência e estrutura…E nesse caso, a fundamentação do juízo não se baseia em evidências – mas em sua finalidade (“conhecimento”). (texto base) ***********************************************************************************

TARSKI, e a “Concepção Semântica da Verdade”                                                                Proposta para superar os problemas decorrentes do conceito tradicional de verdade          como ‘correspondência‘, que pretende ser materialmente adequada, e formalmente correta e, dessa forma…dar conta de todos os enunciados ‘verdadeiros‘…sem cair          em seus clássicos paradoxos. – A verdade é propriedade semântica dos enunciados.

senso_comum3O que significa dizer, de um “enunciado”…que ele é verdadeiro?… Responder a essa pergunta necessariamente – acarreta “comprometer-se” com algum tipo de… – “teoria da verdadeDentre todas estas… – elaboradas ao longo da história da ‘filosofia ocidental’ – a “teoria da verdade por correspondência“…é a mais conhecida…e, provavelmente também a mais conforme à… crença do — senso comum.

Segundo ela…o que torna um enunciado verdadeiro (…ou falso) é uma                              relação de correspondência (ou não) entre o que é enunciado…e certos                                ‘fatos’… ou…”estados de coisas” – que, realmente… ‘existem’ no mundo.

Segundo a… “teoria da correspondência” – a verdade ou falsidade de um enunciado é determinada pela existência de fatos que correspondam inequivocamente…ao conteúdo que está sendo enunciado. Mas, apesar de sua ampla aceitação e de sua aparente correção, essa teoria, já desde suas 1ªs elaborações mais explícitas (provavelmente com Aristóteles), viu-se ‘presa’ de dificuldades teóricas bastante contundentes… – Uma dessas dificuldades pode ser bem ilustrada… por uma das variações do conhecido… “paradoxo do mentiroso”,  formulada pela afirmação…“Este enunciado é falso”… — Pela “teoria da correspondência”,  este enunciado seria verdadeiro – se existisse um fato correspondente…ao que está sendo afirmado; ou seja, seria um enunciado verdadeiro, se realmente fosse um enunciado falso.

Mas, se o enunciado fosse falso, sem fato correspondente ao que afirma; então, a premissa… – “Este enunciado é falso”… deveria ser verdadeira.

Nada poderia ser mais incômodo para a ‘teoria da correspondência‘… ou qualquer outra teoria que pretenda explicar em que consiste a ‘verdade’ … do que ter em seu encalço um paradoxo dessa natureza…Justamente como um meio claramente deliberado de se livrar das dificuldades geradas pelo “paradoxo do mentiroso” (e semelhantes) que o lógico polonês Alfred Tarski elaborou sua chamada ‘teoria semântica da verdade’.  (texto base)  *********************************************************************************

Heurística” — método criado … com o objetivo de encontrar soluções para                            um problema. – É um procedimento simplificador (mas não simplista) que,                        diante de questões mais difíceis, envolve a substituição destas … por outras                      semelhantes de resolução mais fácil, com o objetivo de encontrar respostas                      viáveis, ainda que imperfeitas…A “capacidade heurística” é uma faculdade                        humana que pode-se descrever como… – a arte de descobrir, inventar…ou,                        resolver problemas… – mediante a “experiência” (própria…ou observada),                          somada à criatividade e ao pensamento lateral, ou divergenteSão usados                        para problemas por demais complexos…ou, com informações incompletas.  *************************(texto complementar)*************************

Breves Considerações Filosóficas sobre a “Verdade”                                                 A Filosofia nos reserva a alegria de conhecer a verdade sobre a existência, que só a experiência nos revela. Sua legítima função é a de nos oferecer uma percepção mais completa da realidade. Ao mesmo tempo em que essa realidade é criada (contínua e imprevisivelmente), sua imagem se reflete por trás dela – num passado imaginário. Descobre-se, então, ter sido ela… desde sempre… possível e realizável (H. Bergson)

Sergei Aparin - Entre les époques I

Sergei Aparin – Entre les époques I

Em filosofia não há erro nem progresso; uma grande filosofia é aquela que se aproxima   de uma relação com a…”realidade” abarcando a totalidade das questões de sua época.    A filosofia sempre foi uma luta pela clareza e coerência…e, sob esse aspecto é uma obra linguística particular e privilegiada…É na reflexão e especulação filosófica que todos os problemas do sentido vêm refletir. Sua história demonstra que ela sempre combateu       as…armadilhas da linguagem… e, portanto — sempre estará em luta consigo própria.

Sendo o homem, historicamente…produtor da verdade – sob a forma prática científica, então… para toda produção se coloca o problema do fim (telos) do produzir. A filosofia,   no entanto, não é uma produção da verdade (…como tal) mas…de ‘certa forma’ – ela se interroga sobre o seu fim…sobre a destinação deste particular acontecimento produtor.

O valor da ‘verdade’ … para a filosofia … é sua própria ‘essência’.              Esperamos estar com a verdade…mas não podemos consignar a                    verdade a um sistema filosófico produzido pela história cultural.

Não existe ‘verdade filosófica‘. A filosofia não é um tipo de especulação cujo valor possa   ser medido por falso ou verdadeiro. Seu valor intrínseco é diferente do valor da verdade, que – a rigor…só pode convir ao ‘conhecimento científico’. A ciência constitui a verdade, mas não como um “fim em si mesma”. – A questão da interrogação sobre sua finalidade prática – no entanto… é uma questão…”fundamentalmente filosófica” – e não científica.

As ciências falam uma linguagem técnica, aproximadamente unívoca, e se constituem apenas de verdades – no senso estrito do termo. Esta linguagem, que possui um certo código restrito, está ligada a uma linguagem natural, que – antes da filosofia…era, ela mesma espontaneamente ontológica. A ciência não descobre a verdade, ou não revela     uma realidade que lhe seja anterior. – Ela institui, e constitui o problema da verdade,         e os ‘processos efetivos’ – pelos quais pode receber uma série de respostas ordenadas.   

A filosofia será tão mais indispensável, quanto                                                    mais técnica e específica — a ciência se tornar.

Não havendo uma verdade filosófica, esta só aparece em uma relação com a ‘totalidade’ (Natureza, Homem, Cosmos) – pois…sendo a ciência restrita a aspectos extremamente especializados, que estabelecem tecnicamente sua própria verdade, para ela (“ciência”) não há um ‘objeto absoluto’…(nem…’tempo’…ou ‘espaço’ absolutos — e sim…relativos).

Depois de Einstein, a cosmologia deixou de lado o racional, passando a ser usada                  pelo imaginário. Hoje, as verdades científicas…perdendo seu ‘sentido ontológico’,                  se tornaram essencialmente ‘culturais’…Não existindo categorias preexistentes à                  ciência, o “meio cultural” se tornou o local histórico da confrontação dos valores.                  Assim, o homem descobre o…”verdadeiro” – como uma…”forma cultural” – que,                  em certo sentido – institui em terreno válido – a questão filosófica do… “existir”.

Por ser própria à filosofia, a totalidade não está na natureza…no cosmos,                          no mundo. A ideia de totalidade figura na maneira pela qual se recupera,                              racionalmente – a ‘relação do ser’…com o fenômeno singular do “existir”. 

Essa totalidade na qual estamos inseridos, é reservada à questão filosófica da “verdade”.  E, toda ‘filosofia moderna’ (sobretudo após Kant) que se caracteriza pelo conhecimento    da verdade, não basta para resolver a questão filosófica da totalidade…A filosofia hoje é obrigada a certa vulgarização (no ‘bom sentido’) para poder retraduzir…o que jamais se traduzirá – a “essência da verdade” – em seu próprio projeto – de “início”, ou “destino”.

‘Philosophie et Verité’…debate de ideias entre Jean Hyppolite, Georges Canguillem,        Paul Ricoeur, Michel Foucault, e Alain Badiou. 1965 (reprodução…youtube abaixo) 

Sobre Cesar Pinheiro

Em 1968, estudando no colégio estadual Amaro Cavalcanti, RJ, participei de uma passeata "circular" no Largo do Machado - sendo por isso amigavelmente convidado a me retirar ao final do ano, reprovado em todas as matérias - a identificação não foi difícil, por ser o único manifestante com uma bota de gesso (pouco dias antes, havia quebrado o pé uma quadra de futebol do Aterro). Daí, concluí o ginásio e científico no colégio Zaccaria (Catete), época em que me interessei pelas coisas do céu, nas muitas viagens de férias ao interior de Friburgo/RJ (onde só se chegava de jeep). Muito influenciado por meu tio (astrônomo/filósofo amador) entrei em 1973 na Astronomia da UFRJ, onde fiquei até 1979, completando todo currículo, sem contudo obter sucesso no projeto de graduação. Com a corda no pescoço, sem emprego ou estágio, me vi pressionado a uma mudança radical, e o primeiro concurso que me apareceu (Receita Federal) é o caminho protocolar que venho seguindo desde então.
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Uma resposta para “Princípio Filosófico da Verdade”

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